035 | Luana Paiva

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Luana Paiva

A calmaria desse morro sempre me assusta. O fato de nada de ruim acontecer não é boa notícia, só quem vive essa realidade sabe. Hoje, depois de muita insistência vindo da parte do Cobra, eu vou sair pra comprar algumas coisas pra mim. Eu realmente não queria, não quero ficar usando o dinheiro dele, me incomodo muito com isso.

Eu costumava fazer compras com a Bianca, mas sem ela, só me resta fazer as coisas sozinha mesmo. Queria muito que o Lucas pudesse me acompanhar, mas não seria nada legal ele ter que ficar andando em um shopping por horas correndo o risco de algo acontecer.

— Me avisa quando acabar? — Assenti com a cabeça e ele ficou me encarando.

— Eu aviso Lucas, pode deixar. — Ajeitei a minha bolsa no ombro.

— Não esquece de ver aquelas paradas pra mim. — Ficou quieto por alguns segundos. — Se não for te incomodar.

— E por que me incomodaria? — Ele deu de ombros e então fechou a viseira do capacete, já estava dando muito mole aqui. — Tchau. — Sorri de canto e ele saiu catando pneu.

As "paradas" que ele se referiu são coisas de bebê. Eu não vejo problema em escolher algumas coisas pra esse bebê, quem não gosta de mim é a mãe, a criança não tem nada a ver.

Lucas depositou uma grana na minha conta que com certeza daria pra comprar inúmeras peças de todas as lojas desse shopping, mas eu comprei somente o que eu realmente precisava. Já para a bebê, peguei algumas peças de roupas e coisinhas úteis que geralmente são necessárias.

Quem estava vindo me buscar depois de tudo o que comprei era um amigo do Lucas e com carro, já que de moto seria impossível levar tudo isso. Parada em frente a entrada do shopping, de longe eu pude ver uma figura masculina que ficava me encarando o tempo inteiro. Eu não sabia quem era e jamais tinha visto antes, mas essa pessoa não parava de me olhar. Estava vestindo roupas pretas e usava um boné, se fosse qualquer pessoa comum, não estaria me encarando tanto desse jeito.

Dei graças a Deus quando o amigo do Lucas chegou e eu pude ficar mais tranquila. Confesso que agora meu medo de andar sozinha aumentou muito mais. De volta ao morro, fui direto a casa do Lucas onde assim que entrei vi Lorena sentada no sofá da sala.

— Olha ai, a famosa mulher do Cobra. — Revirei os olhos colocando as sacolas em cima do outro sofá. — Pelo visto ele anda patrocinando bem.

— Não começa Lorena, por favor. — Pedi pegando as sacolas que continham as coisas pra bebê e então estendi na direção dela. — Pra bebê. — Ela ficou sem reação. Por não me conhecer o suficiente da pra ver que ela jamais imaginaria que eu fosse escolher alguma coisa pra filha dela. — O Lucas pediu pra comprar. — Ela pegou as sacolas da minha mão e então se levantou do sofá sem dizer uma palavra sequer, apenas saiu dali.

— Cadê a maluca? — Lucas aparece na sala me dando um susto.

— Saiu depois que eu entreguei as coisas que escolhi. — Ele ficou confuso mas deu de ombros.

— Deixa essas coisas aqui em casa, pelo menos não precisa trazer quando vier. — Concordei me sentando no sofá e ele permaneceu em pé. — O que rolou? Tua cara não tá uma das melhores.

— Quando eu estava esperando seu amigo do lado de fora do shopping, um cara todo de preto parecia estar me vigiando do outro lado da rua. — Ele travou o maxilar enquanto ficou me encarando.

— Pelo visto vou ter que colocar segurança atrás de você agora. — Ele respirou fundo.

— Isso é sério?

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora