041 | Cobra

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Lucas Machado

Eu já podia ter uma mera noção de quem estava invadindo o morro. Depois do que o Dedeco viu e por tudo o que chegou em mim, não seria ninguém além do Duca. O foda é saber que o cara era como um irmão pra mim, eu batia no peito pra o chamar de meu parceiro e agora, depois de dar em cima da minha mulher, o cara simplesmente decide invadir o morro.

A boca em que estávamos era com certeza a que qualquer invasão que tivesse, iriam diretamente nela. Por ser a maior e a mais movimentada, eu tinha certeza que em minutos já iriam entrar aqui atirando pra todo lado. Minha maior preocupação era a Luana, que justo hoje eu topei trazer ela comigo. Maldita escolha.

A minha única opção era confiar a vida dela nas mãos do Kelton que já deixou bem claro que faz esse trabalho muito bem. Acenei com a cabeça para o cara que se aproximou da morena a puxando pela mão, mas conhecendo-a muito bem, eu sabia que ela não iria logo de cara.

— Vai com ele morena. Ele vai te levar até a minha casa e vai ficar contigo lá. — Digo logo após vê-la ficar preocupada comigo.

— Toma cuidado Lucas, por favor. — Eu assenti dando um sorrisinho pra ela e então terminei de recarregar as duas pistolas e o fuzil que ficariam comigo.

Pra sair daquela boca tínhamos que dividir os caras que estavam ali em dois grupos, cada um pra um lado do beco. Eu fiquei no grupo que dava direto a rua principal, onde com certeza daríamos de cara com quem estivesse invadindo.

Os disparos ficavam cada vez mais altos e quando eu e os caras chegamos a rua principal, fui surpreendido por um disparo que por muito pouco não acertou em cheio a minha cabeça. Me protegi na parede de uma das casas e com todo cuidado do mundo, consegui espiar e ver quem estava no meio daquilo tudo.

Para a minha surpresa, o Duca não veio "sozinho" o Sensei estava com ele. O filho da puta não morreu?

— O Sensei está junto. — Voltei a posição em que conseguia me defender.

— Mas o Duca não ficou responsável por matar ele no dia do resgate da Luana?

— Foi o que eu pensei.

Com a cobertura dos caras, eu conseguia disparar contra os que estavam cada vez mais perto. Porém, justo hoje o morro não estava com tantos caras assim e por esse motivo, eu teria que dar as caras e tentar resolver isso de uma vez por todas.

— Não Cobra, caralho! — Um dos caras gritou ao me ver avançar disparando feito doido com o fuzil.

— Porra! — Gritei ao sentir uma ardência na altura do meu abdômen. A dor era tanta que me fez soltar o fuzil e cair no chão. — Filho da puta!

— Você não é o fodão porra? Você não é o fodão caralho! — Duca gritava parecendo estar se divertindo em me ver naquele estado. Ele estava ali, de pé, bem perto de mim mesmo que os disparos ainda continuassem. — Eu te disse que a história não iria acabar daquele jeito Lucas.

— Vai se fuder. — Pressionei o local onde eu levei o tiro e puta que pariu, que dor.

— A Luana não merece um cara como você! Caralho, ela é boa demais pra ter você como namorado. — Se ajoelhou me olhando. — Você é um filho da puta que não consegue parar com uma mulher só, acha mesmo que conseguiria fazer a garota feliz?

— Muito mais que você. — Ele riu. — Eu amo ela seu cuzão! E eu faria qualquer coisa pra defender a Luana. — Seu rosto mudou completamente ao ouvir o que saiu da minha boca.

— Pena que não vai conseguir. — Apontou a pistola na minha cabeça e a dor era tanta que me fez desmaiar.

Por um instante eu cheguei a pensar que tinha morrido, mas, assim que abri meus olhos notei estar em um quarto de hospital. A clínica que funciona como fachada. A melhor coisa que fiz foi comprar a porra dessa clínica e pagar todo mundo pra atender qualquer ferido que vier do morro.
Qualquer um que for direto pra um hospital comum para atrás das grades e eu não quero homem nenhum meu lá.

Mas assim que abri meus olhos, pude ver a morena sentada perto da maca em que eu estava deitada. De cabeça baixa perto do meu corpo, a garota segurava a minha mão e eu podia ouvir seus soluços causados pelo choro.

— Achou que eu fosse morrer morena? — A garota levantou a cabeça rapidamente pra poder me encarar e eu pude ver como seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.

— Lucas! — Com rapidez, sua mão soltou a minha e ela praticamente pulou em cima de mim feito uma criança que não via os pais a anos. — Eu fiquei com tanto medo.

— Cuidado morena. — Gemi de dor pelo aperto no abraço da mesma.

— Desculpa. — Sorri fraco levando minha mão até seu rosto onde eu pude limpar as lágrimas que molhavam sua bochecha.

— Por que o Kelton te trouxe aqui? — Eu não queria em hipótese alguma a Luana em um lugar como esse. Eu perguntei já sabendo o motivo óbvio, com certeza ela o obrigou a fazer isso.

— Eu praticamente obriguei ele. — Como eu imaginei. Acabei por soltar uma risada que resultou em uma dor bem no local do ferimento, o que me fez fazer uma careta.

— Você precisa descansar. — A olhei.

— Eu vou, mas só se você voltar lá pra casa.

— Eu não vou te deixar sozinho aqui Lucas. — Teimosa como sempre.

— Eu não estou sozinho morena. — A tranquilizei. — Fica lá em casa e amanhã você volta.

— Não Lucas, eu...

— Sem mais Lu, eu vou ficar bem. — Segurei a sua mão. — Só volta okay?

O silêncio tomou conta daquele quarto. Enquanto meu polegar acariciava o peito da sua mão, eu certamente podia imaginar o que se passava na mente dela. Com certeza a garota queria achar alguma forma que me fizesse mudar de ideia e ela pudesse passar a noite aqui, mas isso jamais iria acontecer.

— Promete que vai me ligar? Independente do que acontecer? — Assenti com a cabeça.

Depois de muito enrolar, a garota finalmente foi pro morro com o Kelton.

Eu só pensava em uma única coisa: vingar o que o filho da puta fez comigo e assim que eu me recuperar, eu vou fazer isso.

Eu só pensava em uma única coisa: vingar o que o filho da puta fez comigo e assim que eu me recuperar, eu vou fazer isso

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Ele admitindo 🦋🦋
Pena que o momento não era um dos melhores.

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora