011 | Luana Paiva

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Luana Paiva

— Não! — Gritei dando praticamente um pulo da cama. Meu peito subia e descia de forma acelerada e eu estava um pouco suada.

— Tendo sonhos ruins? — Levantei o olhar até a porta do meu quarto e vi Cobra parado ali, ainda sem camisa e com seu típico sorrisinho perverso nos lábios.

— O que você pensa que está fazendo? — Me levantei da cama sendo acompanhada pelo olhar dele.

— Você deixou a porta aberta, sinal que eu poderia entrar. — Entrou de vez no meu quarto e eu bufei indo até o meu banheiro onde eu fechei a porta.

— Eu deixei a porta aberta por estar na minha casa e ter total liberdade pra isso, não? — Perguntei de dentro do banheiro enquanto fazia tudo o que era necessário.

— Ou talvez realmente queria que eu entrasse. — Eu podia imaginar um sorrisinho nos lábios dele e isso me deixou completamente irritada dentro do banheiro. — Comprei umas coisas pra você tomar café. — Abri um pouco a porta do banheiro deixando somente meu rosto pra fora.

— Não precisava, eu mesmo iria comprar. — Entrei mais uma vez no banheiro e finalmente terminei o que precisava. — Você precisa ir embora.

— E já estou indo. — Piscou indo em direção a porta, mas, como uma bela burra que sou, o impedi de sair.

— Toma café primeiro e depois vai. — Pedi o fazendo parar na porta do meu quarto. — Só não se acostuma. — Passei por ele e caminhei em direção a cozinha onde em cima da mesa haviam um monte de sacolas.

Era muita sacola mesmo, muito mais que sacolas que continham apenas algumas coisas para um simples café da manhã. Me virei vendo-o parado ali e arqueei as sobrancelhas sem entender o porquê daquilo tudo.

— Comprei algumas coisas à mais, Bianca me disse que gostava de besteiras. — Deu de ombros encostando no batente da porta.

— Não me lembro de pedir para me sustentar. — Revirei os olhos mexendo nas sacolas e reparando na quantidade de chocolates, biscoitos e outras coisas que tinha por ali.

— Um obrigado já seria bom o suficiente. — Eu estava de costas pra ele, mas pude ouvir o barulho da cadeira sendo arrastada e provavelmente ele se sentou na mesma. — Você sempre foi marrenta, né?

— Eu não sou marrenta, só não saio dando bola pra qualquer um ou caindo na ladainha de outros. — Tirei algumas coisas da sacola pondo-as em cima da mesa e, depois de fazer um café, me sentei de frente pra ele.

— Por isso nunca namorou? — Ele parecia muito interessado nesse assunto e eu não estava nem pouco interessada em me aprofundar nisso.

— Eu já namorei Cobra, uma única vez, mas, a babaquice era o ponto alto dele e, quando eu simplesmente me entreguei, ele foi embora como se nada tivesse acontecido. — Eu não gostava nem um pouco dessa história e por isso tomei um gole de café enquanto encarava a mesa. — E eu nem sei porque estou te contando isso.

— E eu não sei porque pergunto. — Novamente ouvi o barulho da cadeira o que me fez levantar a cabeça um tempo depois e não o ver mais ali. Ele simplesmente foi embora.

Por algum motivo, eu não gostei nem um pouco dele simplesmente ter levantado e ido embora. Poderia ao menos falar alguma coisa antes disso, mas, só foi. Foda-se.

Enquanto me aproximava da casa da minha amiga, ouvia alguns gritos vindo de lá, até que Duca apareceu na porta ainda gritando enquanto dentro da casa, minha amiga gritava sem parar o xingando de tudo quanto é jeito.

— Vai se foder! — A loira apareceu na porta com o resto vermelho de raiva. O cara não estava mais ali, simplesmente pegou a moto e saiu catando pneu.

— Ou! ou! Ou! — Eu disparei enquanto entrava naquela casa fechando a porta atrás de mim. Minha amiga agora estava sentada no sofá e deixava as mãos no rosto enquanto balançava as pernas sem parar. — Que merda aconteceu agora? — Me sentei ao lado dela.

— o filho da puta chamado Duca, passou a noite toda com outra depois da merda que teve no morro e veio agora achando que eu ia abaixar a cabeça e ficar tudo bem. — Tirou as mãos do rosto. — Por que esses babacas não se contentam com uma? Por que caralhos tem que sair comendo todas as outras garotas desse morro? Eu virei o que agora?

— Bianca. — Segurei em sua mão. — Se envolver com caras desse tipo infelizmente vem de brinde um belo par de chifres. Começando que, a mulherada não pode ver um cara armado que já cai matando, imagina sendo o braço direito do dono do morro? — Ela me encarava fixamente ainda com o rosto vermelho de raiva. — E pra fechar com chave de ouro, eles amam o fato de que é só chamar que um monte de puta vem correndo.

— Você não está me ajudando. — Puxou sua mão bruscamente desviando o olhar.

— Só estou te mostrando a realidade. — Me levantei. — Vou voltar pra minha casa, quando estiver mais calma é só me mandar mensagem. — Andei em direção a porta mas fui interrompida pela voz da minha amiga.

— Não, fica. — Me virei. — Desculpa descontar em você, eu só estou puta com aquele filho da puta e acabei descontando em você. – Dei de ombros me sentando novamente ao lado dela.

— Te conheço de anos bebê, sei bem que esse estresse não vai durar nem três horas seguidas. — Acabei por soltar uma risada sendo acompanhada pela minha amiga que estava um pouco mais tranquila.

— Mudando de assunto. — Se deitou naquele sofá rosa deixando suas pernas em cima das minhas. — Cobra veio aqui mais cedo me perguntar que tipo de comida você gostava. — Balançou o pé. — Vocês estão ficando e eu não estou sabendo?

— Eu não estou ficando com ninguém Bianca! — Encarei o teto. — Ontem ele precisou ficar lá em casa depois da merda que deu ai no morro, dormiu lá e foi embora de manhã.

— Ele dormiu na sua casa? — Sentou-se bruscamente. — Rolou? Você deu pra ele?

— Claro que não! — A repreendi voltando a olhar a loira que aparentemente ficou desapontada. Tem alguém aí que deve fazer orações durante a noite pedindo à forças maiores que eu e o babacão fiquemos juntos. — Ele dormiu na sala e eu no meu confortável quarto.

— Perdeu a chance de tirar a teia de aranha que já de formou no meio dessas pernas. — Se levantou. — Tem o que? 2 anos que você não dá pra ninguém?

— Cala a boca Bianca, ou eu arrebento a sua cara. — A intimidade é uma merda.

— Verdade, o último que você deu foi o nerd enquanto ainda estávamos no colégio, caramba amiga, virou virgem de novo. — Falou rindo enquanto se esquivava da almofada que eu taquei na sua direção. — Mas não se preocupa, daqui a pouco o Cobra te pega de jeito e vai ficar tudo bem.

— Se isso acontecer, eu mudo meu nome.

— Ta bom Victoria Paiva. — Zoou.

Eu não sei como eu ainda consigo aturar a Bianca em tantos anos de amizade.

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora