Luana Paiva
Eu não conseguia ao menos imaginar o que se passava na cabeça da minha mãe depois do que ela leu naquela carta. O homem na qual ela passou anos acreditando ser fiel à ela, que ela chorou quando recebeu aquela notícia, na verdade era um cafajeste que não conseguia parar com uma mulher só.
A minha mãe quis afundar ainda mais a cara no trabalho que segundo ela, é a única forma de esquecer tudo aquilo. Já eu, não fui a faculdade e decidi ir até a casa da Bianca, preciso desabafar o máximo que conseguir com a minha melhor amiga.
Enquanto subia o morro sem me importar com o que tinha pela minha frente, esbarrei no cobra sem querer que me segurou pelos braços e fez questão de me encarar, podendo assim ver que eu não dormi a noite inteirinha só pensando naquelas cartas.
— Ei, ei, ei. — Me segurou mais firme quando viu que eu estava querendo sair. — O que rolou Luana?
— Me solta, eu preciso ir na casa da Bianca. — Tentei manter a voz firme mas foi impossível, quando menos esperei, meu rosto já estava tomado em lágrimas e meus olhos voltados para o chão mais uma vez.
— Fizeram alguma coisa contigo? — Eu pude reparar em quanto a sua voz mudou quando esse questionamento surgiu e por isso eu neguei com a cabeça sem o encarar de volta. — Me conta o que rolou.
— Eu não consigo. — E lá estava eu, na rua, chorando feito uma criança. Cobra me puxou para um abraço fazendo questão que eu encostasse a minha cabeça no seu peito, enquanto seus dedos acariciavam o meu cabelo.
— Depois eu volto aqui irmão, deixa tudo em ordem pro Dedeco levar. — Eu não sei com quem ele estava falando, mas ele me afastou um pouco, tirou o cabelo do meu rosto e mais uma vez encarou meus olhos. — Vamos lá pra casa, você precisa se acalmar.
Assenti com a cabeça indo até a moto dele e, depois de subir na garupa, subimos o restante de morro rumo a casa dele.
— Obrigada. — Agradeci pela água que ele me trouxe e então deitei no sofá da sala encarando o teto.
— Agora me diz o que rolou. — Se sentou no mesmo sofá que eu pondo minhas pernas em cima das suas.
— O meu pai Cobra. — Respirei fundo pra não tornar a chorar. — Minha mãe recebeu umas cartas no trabalho de uma tal Elena onde ela contava detalhes da vida dela com o meu pai. — Fechei os olhos. — Ela era amante do meu pai e teve um filho com ele. Hoje esse filho está com 22 anos e quem matou meu pai foi o marido da amante dele.
— Calma. — Levantei um pouco a cabeça para o olhar. — Caralho é muita coisa pra processar. — Alisou minha perna. — Porra morena eu sou péssimo em conselhos. — Acabei por dar um sorrisinho de canto e então me sentei podendo o encarar melhor.
— O que mais me machuca nisso tudo é saber que a minha mãe está sofrendo. Poxa, ela já não sofreu o suficiente? Tinha que ter mais essa? — Passei a mão no rosto. — Eu queria poder conhecer esse meu irmão, saber como ele é, se ele parece comigo ou não.
— A vida é uma merda morena. — Segurou no meu rosto. — Mas se esse é o seu desejo, eu vou te ajudar. Só não acho que agora seja um bom momento. Você conhecendo o seu irmão vai ser um baque ainda maior, muita emoção junta, entende?
— Você não precisa se envolver nisso.
— Mas eu quero e vou. — Sorriu fraco. — Vou dar um jeito de achar ele pra você, certo?
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Patricinha Do Morro
Fanfictie+ 18 Mesmo sendo criada em uma das favelas mais perigosas da cidade, Luana nunca pensou na hipótese de se envolver com ninguém que fosse do tráfico. Mas, quando Lucas, vulgo cobra, cresce o olho na garota de 20 anos, ela não tem mais pra onde corre...