031 | Luana Paiva

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Luana Paiva

Eu sei muito bem o que está à espera do Duca quando Cobra for tirar satisfação com ele. Conhecendo-o do pouco que conheço, sei que ou é morte ou é uma briga muito feia, e eu não quero estar perto pra ver nenhuma das opções.

— O que você tanto queria conversar? Parecia desesperada. — Minha amiga pergunta se sentando no sofá da sala na casa dela.

— Bia. — Encarei seus olhos. — Ontem depois que você saiu da casa do Cobra, o Duca apareceu por lá procurando ele. — Ela parecia completamente atenta a cada palavra que saía da minha boca. — Ele começou a agir muito estranho comigo, eu não entendi o porquê e ele continuava estranho. Bia, o Duca tentou me beijar na sala do Cobra. — Ela ficou estática por alguns segundos antes de se levantar ficando de costas pra mim. — Bia?

— Não me chama assim Luana. — Arqueei as sobrancelhas sem entender.

— Eu quis te contar porque achei que você merecia saber com quem está se envolvendo Bianca. — Tentei pegar na sua mão mas a garota puxou bruscamente.

— É sempre assim, não é? — Virou-se me encarando novamente. — Você não pode ficar feliz por mim Luana?

— O que? Bianca eu vim te alertar, se você não acredita e quer continuar com ele, quem sou pra impedir? — Me levantei. — Você é minha melhor amiga e tinha que saber o que aconteceu. O ódio do Duca por mim tem um motivo e o motivo é bem simples Bianca, o cara queria ficar comigo.

— Como ele quer isso Luana? Porra, ele tá namorando comigo. — Se aproximou. — Ele andou me alertando sobre você, mas eu não queria acreditar cara. Porque você não se contenta só com o Cobra Luana? Tá pouco pra você ficar com o dono do morro, tem que ficar com braço direito dele também?

— Eu não quero o Duca Bianca! Eu só quis te contar pra você ter noção do que ele fez! Ele me agarrou na sala do Cobra! — Senti um tapa forte no meu rosto de tal forma que me fez olhar para o lado. Levei a mão até o local sentindo uma pequena ardência e voltei com a o rosto para a posição normal encarando a loira bem a minha frente. — Eu quero que você se foda Bianca! Se acha que eu estou inventando toda essa merda, que se foda! Agora, depois que o encanto parar de te cegar e você enxergar de vez o que de fato ele quer contigo, não vem me procurar.

— Sai daqui! — Me puxou pelo braço me arrastando para a parte de fora da sua casa. — Vai ser feliz com seu namoradinho de merda e ver se esquece o meu. Só manda ele tomar cuidado pra fama de corno não pegar por aqui, afinal, o que você quer é pegar o namorado dos outros. — Fechou a porta com tudo.

Eu não deixei nenhuma lágrima molhar meu rosto, pelo menos não até chegar na casa do Cobra novamente e o ver sentado no sofá da sala.

— Como foi lá? — Não me pergunta isso. É assim que eu desabo em choro. — O que foi Lu? — Me chamou pra sentar em seu colo e assim eu fiz encostando minha cabeça em seu peito.

— Ela acredita que eu inventei essa história toda, ainda teve a audácia de me bater. — Respirei fundo.

— E você não bateu de volta? — Perguntou segurando no meu rosto me fazendo o encarar.

— Óbvio que não! Eu não vou descer ao nível dela Cobra. — Me levantei. — Eu vou pra casa, quero ficar sozinha um pouco.

— Eu vou descer até a boca, quero resolver isso logo. Quer uma carona? — Pergunta se levantando também.

— Não, prefiro ir andando, melhor pra pensar. — Ele concordou e depois de me dar um selinho, saí andando pra poder ir até a minha casa.

Quando eu estava prestes a chegar na minha casa, vi uns caras correndo feito loucos pelo morro sentido a uma das bocas que fica quase na saída do morro. Não dei muita importância até ouvir um dos caras gritar que o Cobra estava quase matando o Duca.

Desisti de abrir a porta e comecei a correr até a boca em que todo mundo estava indo. Ao chegar lá, eu só conseguia ouvir alguns gritos e uma muvuca muito grande. Não tinha ninguém ali que não fosse envolvido e, quando me viram chegar, tentaram me impedir de me aproximar, mas foi em vão, eu forcei ao máximo até conseguir e me aproximei vendo Duca e Cobra no chão, ambos ensanguentados.

— Chega! — Gritei atraindo a atenção de todo mundo, até mesmo dos dois brutamontes que estavam no chão. — Você me prometeu que não ia matar ele! — Encarei o Lucas que tinha um corte no supercílio mas nada comparado ao estrago que estava o rosto do Duca.

— É isso que mulher do teu nível faz vadia! X9 do caralho. — Duca dispara ainda deitado no chão e o Cobra avançou nele mais uma vez dando socos sem parar. Porra, isso daqui virou um matadouro?

Com muito custo, consegui fazer Cobra sair de cima dele sem levar um soco ou um puxão de cabelo. Cobra estava completamente desnorteado com toda a situação e o Duca também. Ninguém ousou ajudar o Duca que nos encarava com todo ódio do mundo.

— Eu já tinha sacado a sua seu cuzão. — Lucas começou a falar me colocando atrás dele. — Ninguém me engana no meu próprio morro e com você não seria diferente. Eu sabia que você queria alguma com a minha mulher. Achou mesmo que iria passar batido? Justo a minha mulher filho da puta?

— Sua mulher? Ela não está nem ai pra você babaca. — O loiro ria enquanto falava tendo a boca completamente ensanguentada.

— Você tem 2 horas no máximo pra sumir desse morro! A partir de hoje você não faz mais parte desse morro ta entendido? Vaza daqui talarico do caralho. — Lucas cochichou alguma coisa no ouvido de algum dos caras, segurou na minha mão e saiu me puxando dali. — Você não tinha que ver nada disso.

— Era impossível! — Parei no meio do caminho fazendo o moreno parar também e se virar pra me encarar. — E se o Duca se aliar a outra pessoa? E se ele quiser vingança Lucas?

— Que se foda! Você acha mesmo que eu vou ter medo de um merdinha daquele? — Cuspiu um pouco de sangue causado por um pequeno corte no canto da boca.

Fiquei em silêncio e tornei a o acompanhar até a moto. Já estava quase no finalzinho da tarde e eu topei retornar até a casa dele pra poder limpar os machucados do seu rosto.

— Por que está tão quieta? — Pergunta enquanto eu estava sentada na beirada da cama limpando seu rosto.

— Olha a merda toda que eu criei. — Suspirei. — Antes de mim, era tudo mil maravilhas nesse morro Cobra. Eu ainda tinha a minha melhor amiga e você ainda tinha o seu braço direito.

— E você acha mesmo que você tem alguma culpa? — Abre os olhos pra poder me encarar. — Bianca não é mais sua amiga porque foi uma filha da puta em não querer acreditar em você, a culpa não é sua se ela prefere uma pica do que a amiga de anos. — Assenti com a cabeça respirando fundo. — Quanto ao filho da puta do Felipe, ele quem cresceu o olho onde não deveria. Nessa vida funciona desse jeito morena. Talaricou? Vai morrer! Eu só não matei porque você pediu.

— Você fala com uma naturalidade. — Guardei o que estava usando na pequena maletinha e me levantei indo até o banheiro pondo-a dentro do armário.

— Eu cresci sendo assim, não tem outro jeito. — Retornei ao quarto me sentando na beirada novamente.

— Mesmo assim, eu jamais vou entender vocês. — Me deitei ao seu lado encarando o teto. — Quando você estava de cabeça quente brigando com o Duca, você disse algo...

— Que você é minha mulher? — Fiquei quieta ainda encarando o teto. — E o que mais você seria? — Virei meu rosto encarando o dele que tinha um sorrisinho de canto. — Porra, tu mexe demais comigo morena.

— Custei a acreditar, mas você também Lucas. — Me aproximei tomando seus lábios em um beijo calmo que foi retribuído por ele.

Eu literalmente estou pulando de cabeça em algo que só vai me trazer problemas, tanto com a minha mãe, tanto comigo mesma.

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora