037 | Luana Paiva

4.9K 299 24
                                    

Luana Paiva

O Cobra tenta esconder, mas eu percebo o quanto a ideia do Duca ter se aliado aos rivais, mexeu com ele. Mesmo com tudo o que rolou, jamais passou pela cabeça do Lucas que isso fosse acontecer, mas, esses caras quando estão com raiva, fazem de tudo pra se vingar.

Uma semana desde que passei mal e o Lucas foi me buscar, na verdade aquilo não passou de um mal estar causado justamente por ter comido algo estranho no café da manhã. Lucas até pensou que eu pudesse estar grávida mas eu não largo os meus contraceptivos, nunquinha.

— Me conta toda essa história com a Bianca. — Anna pergunta enquanto estávamos sentadas em um dos quiosques da praia. Perto de nós duas estava o Kelton, que soa estranho falar, mas é meu segurança pessoal.

— Resumindo tudo pra você, ela estava "namorando" o braço direito do Cobra, ele tinha uma raiva gigantesca de mim, tentou me agarrar, eu contei pra ela, que não acreditou e foi embora com o namoradinho. — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Uau. — Riu. — Eu esperava tudo, menos isso. — Bebeu um pouco da água de coco. — Jamais imaginei ver a Bianca desconfiando de você.

— Imagina eu? Eu e ela éramos grudadas desde sempre, nunca esperei algo assim vindo da parte dela. — Relaxei os ombros levando meu olhar para a mar que estava bem calmo.

Consegui convencer o Lucas que eu poderia muito bem dar um passeio na praia com a Anna. O cara resistiu no começo mas acabou cedendo quando percebeu que eu não iria mudar de ideia. A condição dele foi simples: Kelton teria que me vigiar o tempo todo e entre isso ou ficar sem fazer nada no morro, obviamente eu topei.

— Pelo menos você tem a mim agora. — Me tirou do meu pequeno transe e então virei o rosto olhando a Anna que sorria.

— Sorte a minha, essa vida de não ter companhia é horrível. — Rimos juntas.

Pelo menos agora eu tenho uma companhia pra alguma coisa, odeio ter que fazer tudo sozinha, mesmo que seja pagar uma conta qualquer.

Enquanto conversávamos sentadas naquele quiosque, vi uma figura feminina do outro lado da rua que de costas eu conhecia muito bem. Lorena. Ela estava conversando com um homem e ele parecia bastante feliz com todo o assunto que eles conversavam. O homem parecia estar com as mãos na barriga da garota e depois de um beijo entre os dois, eles seguiram juntos e de mãos dadas.

— Aquela ali era a ex do Cobra? — Anna chamou a minha atenção mais uma vez.

— Sim. — Me ajeitei na cadeira. — O que acha de voltarmos agora? Tenho algumas coisas pra resolver.

— Eu preciso visitar a minha irmã antes de voltar pro morro. — Se levantou e eu a acompanhei. — Vamos marcar outra coisa depois.

Assenti me despedindo dela e então me aproximei do Kelton o puxando pela mão até o carro dele. O cara me acompanhava sem entender nada, apenas me seguia sem dar um pio.

— Segue ela. — Apontei pra Lorena e o cara que estava com ela. — Por favor.

Ele assentiu e então depois de ligar o carro começou a seguir os dois cautelosamente. Para a minha surpresa, ambos entraram em uma loja de bebê e era a hora perfeita pra ir lá e descobrir que cara era aquele, mas ela ficaria espantada demais se me visse. Ela não conhece o Kelton, ele não ficava em boca nenhuma, então ele é perfeito pra entrar lá e escutar alguma coisa.

Fiquei no carro esperando o cara voltar e assim que ele entrou no carro de novo, me olhou um tanto assustado.

— O que foi? — Perguntei curiosa.

— Você me fez passar a maior vergonha da minha vida. — Me encarou. — Tive que fingir que era pai Luana. — Acabei por rir e ele me acompanhou rindo junto.

— Mas conseguiu alguma coisa? — Perguntei ficando séria de novo.

— Dei uma de desentendido e me aproximei deles perguntando sobre o bebê, até que ela soltou que eram pais de primeira viagem. O cara que estava com ela disse que estava muito feliz em saber que teria uma menininha com a mulher da vida dele. Disse que o sonho dele sempre foi ser pai e depois que conheceu a Lorena finalmente esta realizando isso. — Arqueei as sobrancelhas.

— Que porra essa garota está pensando? — Kelton continuou me encarando. — Então o filho não é do Lucas?

— Acho que não. — Deu de ombros. — Um alívio pra ele, não acha?

— Não até ele descobrir isso. — Coloquei o cinto de segurança. — Agora vamos e no caminho você vai me contar tudo o que anda descobrindo do meu irmão.

— Você é mandona, não acha? — O olhei arqueando as sobrancelhas mais uma vez.

— Eu posso. — Joguei o cabelo e rimos novamente agora voltando para o morro.

Sinto que estou cada vez mais perto de realmente encontrar o meu irmão e quando isso acontecer, eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo. Também sinto que Kelton e eu vamos nos dar bem, temos que nos dar na verdade, afinal, ele vai estar comigo a cada passo que eu der fora desse morro.

— Demorou. — Lucas se aproxima segurando na minha cintura.

— Tivemos que desviar o caminho pra dar uma de fbi. — Ele me olhou estranhando.

— Vi Luana em uma loja de bebê. — Coloquei meus braços em seus ombros.

— Ela mandou mensagem dizendo que iria escolher o berço hoje. — Ele realmente precisa saber dessa história ou a garota vai viver extorquindo ele.

— Mas ela não estava sozinha. Kelton deu uma de fbi master e o cara que estava com a Lorena disse ser pai da criança. — Ele se afastou me encarando. — Pergunte ao Kelton se quiser.

— Eu achei que fosse mentira. — Deu um sorrisinho e pareceu estar aliviado. — Era só isso que me restava pra ter certeza.

— Eu não estou entendendo. — Me encostei no balcão da cozinha.

— Quando a Lorena me contou que o filho era meu, eu comecei a estranhar o comportamento dela e como não sou besta, pedi um dos caras pra verificar. Ele me falou sobre esse tal cara, ela vive saindo do morro pra se encontrar com ele. — Ele mantinha um sorrisinho nos lábios enquanto falava. — Só que agora você tirou toda a prova de que esse filho realmente não é meu. Eu já desconfiava disso a muito tempo.

— E você não me disse nada? — O encarei incrédula. — Você estava dando inúmeros presentes pra ela Lucas.

— O que eu gastei não foi nada morena. — Se aproximou.

— Mesmo assim Lucas. — Me afastei.

— Devia estar dando graças a Deus que eu não vou ser pai Luana. — Me puxou pela cintura.

— Óbvio que eu não vou comemorar. — Abracei seu pescoço. — Mas o que você vai fazer com ela?

— Isso ai é papo meu. — Deu um sorrisinho.

— Só não faz besteira, querendo ou não ela realmente está grávida.

Ele apenas assentiu e continuou com aquele sorrisinho.

Sei bem o jeito que ele é e por isso eu sei que quando ele quer armar alguma coisa, nunca é coisa boa. Só espero que não seja nada que ponha em perigo a vida dessa criança, querendo ou não, a filha fa puta é a mãe e não o bebê.

Tentou dar um golpe daqueles no Lucas mas esqueceu que não estava lidando com um cara qualquer. Ninguém passa a perna nele e quando passa, não dura muito, a casa logo cai.

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora