Quem sou eu.

1.9K 106 21
                                    

O sol batia de forma fraca contra as poltronas vermelhas do consultório psiquiatra do doutor Leccter, uma jovem moça de cabelos pretos curtos e lisos, corpo magro e vestido mediano vermelho. Ela havia recém chegado para sua consulta e agora encarava o famoso doutor Hannibal que estava sentado em uma das poltronas em frente a ela.

  Com um sorriso tímido a mulher falava sobre sua vida, não que isso realmente chamasse a atenção de Hannibal, tantas pessoas que passavam ali, uma mais mesquinha e insignificante que a outra, com vidas chatas e sem atrativos. Quando um barulho nada estranho a ele e o cheiro que ele reconheceria em qualquer lugar ficaram mais fortes na sala.

  Uma jovem garota de mais ou menos seus quatorze anos, com cabelos loiros amarronzados, seus olhos âmbar, pele branca e um corpo bem magro apesar de ser particularmente pequena andou pelo segundo andar do consultório, suas sandálias com pequenos saltos estalavam pelo local. Hannibal havia sentido o cheiro dela desde que havia chegado no consultório, mas não tinha a visto ou ouvido, não tinha certeza se ela realmente estava escondida ali.

  Com um sorriso provocante em seus lábios rosados, ela desceu lentamente as escadarias, com um tom falso de arrependimento que fez os dois se calarem.

  —Desculpa atrapalhar a sua consulta doutor Lecter, mas fiquei envergonhada para revelar minha presença quando notei que vocês já tinham entrado, vim aqui para deixar um pacote para o senhor, me distrai lendo e escutando música, não ouvi ou vi vocês chegando...

Ela falou rapidamente enquanto descia vendo os dois se levantarem rapidamente, seguido de um olhar sério vindo do homem mais velho. A voz da menina parecia timida enquanto ela entregava uma pasta para ele que falava para ela sobre sua interrupção.

  —Isso é uma conversa particular, não deveria estar aqui sem a minha presença, isso viola a ética de paciente e médico, a senhorita não deveria ter entrado aqui. —A voz do psiquiatra era calma e educada apesar da severidade presente nela.

  —Eu realmente sinto muito, eu estava com fones de ouvidos, não ouvi nada eu juro, só dei por mim agora... eu sinto muito interromper senhora...? —A garota pediu em um tom tristonho com a bronca e olhar quase desesperado.

  A mulher por incrível que parecesse não se sentiu preocupada com aquilo, simpatizou com a criança que parecia a beira de lágrimas a sua frente. Com medo de que fosse uma pobre estagiária que teria que responder mais tarde por isso.

  —Por favor doutor, eu não me incomodo, não falamos nada, mal cheguei aqui, pode me chamar de Anna, entendo que só estava fazendo seu trabalho de entregar isso a ele, e você seria...?— a moça tratou de falar rapidamente ficando ao lado dos dois.

  O olhar de Hannibal não saia da pequena intrusa, ele não havia gostado nem um pouquinho daquela interrupção que ele considerava extremamente grosseira. Ele queria que Anna não tivesse dado aquela desculpa rasa para a interrupção de sua sessão com ele.

  —Sou aquela que dorme com ele—Falou a menina agora em um tom gelado, seu olhar tristonho sumiu, para um olhar sério e mórbido para a mulher a sua frente.

  Anna não conseguiu disfarçar a surpresa, nem o fato de estar chocada, não sabia que seu médico estava com uma garota que ainda estava na escola, quanto mais que ela veio até aqui para provavelmente vê-lo.

  —Eu... eu acho que eu estou interrompendo algo, acho melhor eu voltar mais tarde doutor...—A mulher falou desconcertada, tentando juntar as palavras em sua mente.

  O olhar desafiante foi mandando para Hannibal que a encarava soltando um suspiro com a brincadeira e humor questionável da criança a sua frente.

  —Não precisa senhorita Anna, ela já está de saída, minha *filha* tem o péssimo gosto de fazer piadas inapropriadas nas horas erradas, quanto mais sabendo que não deveria estar aqui. E pelo visto ela esqueceu as boas maneiras que foram lhes dada.—Hannibal falou sem desviar os olhos da garota ousada a sua frente.

  Anna relaxou um pouquinho tentando quebrar o clima soltando um suspiro de alívio e uma risada abafada, como se tivesse sido engraçada aquela fala. Bom tecnicamente não era uma mentira, Hannibal raramente deixava a filha dormir quando ela tinha pesadelos ou barulhos muito altos que a assustavam.

—sim, Elizabeth já está indo, eu lamento profundamente essa interrupção e quero que saiba que jamais se repetirá novamente, me certificarei disso, e o tempo perdido também sera compensado.—O doutor falou colocando a mão suavemente nas costas da menina e a guiando pela porta da frente.

  —Eu entendo, tenho filhas da idade dela, não precisa ser muito rígido com ela, como eu disse, não falamos nada, mal cheguei aqui, mas foi um prazer te conhecer Elizabeth. —Anna tentou aliviar mais ainda para a garota e ainda estendeu sua mão para a mesma apertar.

  Com um sorriso ousado e apertando a mão da mulher, Elizabeth deixou a pasta para trás e saiu pela porta da frente sabendo que tinha deixado seu pai louco de raiva. Ela sabia que isso tinha sido muito arriscado é que ele não deixaria isso passar brandamente, mas o que de pior ele poderia fazer? A *devorar*?

  Essa era uma das pequenas vantagens fr ser a filha do famoso canibal Hannibal Lecter, mas ainda sim, apesar dele nunca a ter machucado, ou devorado alguma parte de seu corpo, ela sabia bem que pagaria um preço alto. Não tinha nada mais que Hannibal detestasse que falta de maneiras e pessoas rudes, a maioria de suas vítimas eram "porcos" grosseiros.

Elizabeth gostava de atormentar o homem as vezes com provocações duvidosas, com pequenos momentos rudes ou falta de respeito para chamar a atenção do pai. Os dois tinham um pequeno jogo de dominância, quem conseguiria controlar quem entre eles dois.

Apesar de seu pai ser uma pessoa particularmente assustadora, apesar de elegante, educado, estudado e um homem com valores do qual respeitava muito, Hannibal conseguia dar medo em qualquer um quando queria, não precisavam saber que ele era um assassino para o homem os fazer temer.

  Ele era inteligente, controlador, conseguia manipular as pessoas com facilidade, ela tinha a quem puxar em diversos aspectos, apesar de que ele nunca seria tão rude assim na vida toda.

  Com um sorriso nos lábios, Elizabeth se dirigiu para a escola, era bem cedo, mas ela se sentia bem, já que tinha conseguido fazer seu pai demonstrar um pouquinho de sua real personalidade para ela.

A filha de Hannibal LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora