A filha de Hannibal Lecter

Viagem

Mais um capítulo novinho pra vocês, obrigado por todos os comentários que nós ajudam a cada vez escrever mais. Aproveitem a leitura beijinhos

Dois dias tinham se passado desde que Elizabeth havia ido parar no hospital em conta de ter se machucado, por sorte não chamaram nem órgão como conselho tutelar ou coisa parecida, ela sabia que se isso acontecesse seria uma dor de cabeça para o pai e não iria terminar nem um pouquinho bem para ela. As coisas tinham se acalmado entre Elizabeth e o pai, ele inclusive tinha ficado mais carinhoso com ela nos últimos dias, cozinhado seus pratos favoritos e sem nenhum motivo aparente, mas ela sabia muito bem que tudo que Hannibal fazia tinha um motivo por trás, nem que fosse somente curiosidade.

Era bom ter esse carinho do pai, por mais que fosse apenas uma encenação barata da parte dele, talvez ele estivesse curioso para saber se a filha estrava tramando alguma coisa ou talvez como a menina reagiria ganhando o que ela estava tanto querendo. Talvez ela nunca fosse saber as razões do pai, mas não iria se descuidar, não podia se descuidar agora que tinha chegado tão longe e feito tantas coisas, tinha começado uma batalha do qual não dava para simplesmente desistir ou parar na metade do caminho, ela sabia muito bem disso e se não se lembrasse o pai faria questão de lhe ajudar a lembrar.

Elizabeth acordou disposta, na escola teria um passeio a um museu de história, a menina sempre gostou de museus e de história, era uma matéria do qual ela tinha prazer em estudar e seu pai era uma pessoa inteligente, que adorava falar sobre o assunto, ela se vestiu e desceu para a cozinha, sentindo o cheiro delicioso de comida invadir o recinto. Hannibal tinha preparado omeletes com cogumelos e queijo, um cappuccino, frutas frescas e bacon, aquilo chegava a dar agua na boca, ele parecia de bom humor naquela manhã.

Com um beijo delicado na bochecha, Elizabeth cumprimentou o pai com carinho, ela tinha se comportado muito bem nos últimos dois dias, afinal a ameaça de interna-la em um hospital psiquiátrico ainda era bem recente e ela não queria dar nenhum motivo para aquela ameaça se realizar. Ela nem tinha percebido que havia começado a tagarelar sobre o museu para o pai, ele não estava olhando diretamente para ela, mas Elizabeth sabia que ele estava ouvindo, ele sempre ouvia tudo, isso era bom, quanto mais ele soubesse que ela iria nesse passeio, melhor seria para ela e para sua saúde.

A menina saiu de casa tagarelando sobre o tal passeio, Hannibal não dizia nada apenas a ouvia em silencio, ele andava bem quieto desde a última ameaça, ela não sabia se isso era bom ou ruim, mas decidiu que não iria ficar perto dele para descobrir tal coisa. Chegando na escola, o ônibus já estava estacionado na frente do portão e os alunos estavam em fileiras apenas esperando o sinal positivo da professora para entrarem no local, a menina ficou ainda mais animada ao ver o ônibus ali, com mais um beijo se despediu do pai carinhosamente enquanto saia do carro.

Quando ela viu o carro do pai sumir, ela já estava dentro do ônibus e finalmente relaxou podendo parar de fazer aquela personagem animada e tagarela que ela tinha fingido ser nos últimos dois dias, era exaustivo manter esse tipo de coisa, não sabia como o pai conseguia fingir o personagem que ele sustentava todos os dias, talvez fossem os anos de pratica, ela não sabia dizer ao certo. Ela suspirou alto sentada no banco do ônibus e se recostando de maneira preguiçosa, não queria ficar de muito papo com os colegas, começou a sentir o mau humor invadindo sua mente.

Mas aquele mau humor logo sumiu, quando ela viu longos cabelos passando por ela e um cheiro doce de amêndoas invadir seu espaço, ela olhou e deu de cara com Amber que a cumprimentou com um sorriso silencioso apenas, ela estava linda como sempre. Elizabeth tinha planos para sua viagem ao museu e Amber era uma parte muito importante de seus planos, não daria certo sem ela, a menina não sabia como começar aquela conversa, não sabia nem ao menos como dar um oi, fazia um tempinho que as duas não se falavam, então tudo parecia mais difícil.

--Amber, preciso da sua ajuda em uma coisa muito importante para mim, sei que sumi durante um tempo, mas eu não estava te evitando, quer dizer eu sei o que fizemos no baile foi algo grandioso e eu não sabia se você iria querer falar comigo de novo, quer dizer depois de tudo que aconteceu eu não sei como seus pais reagiram e eu imagino que não queira falar comigo... droga... o que eu estou querendo dizer é que eu gosto de você e você é minha amiga e eu preciso e muito de sua ajuda para fazer algo.

Elizabeth começou a tagarelar sem parar ela estava nervosa e parecia que as palavras estavam atoladas na sua garganta, quanto mais ela tentava se explicar, mais difícil parecia ter sentido alguma coisa do qual ela falava, mas Amber não parecia se importar, apenas sorria para ela com carinho, se divertindo com a dificuldade da amiga.  Chegando um pouco mais perto da menina, Amber tentava acalmar aquela confusão que Elizabeth estava fazendo.

--Olha, você já me convenceu a te ajudar quando disse que precisava de ajuda, então calma, respira o que aconteceu no baile me ajudou e muito a entender várias coisas sobre mim mesma, então respira e me conta o que foi que aconteceu e no que você precisa de ajuda.

--Preciso que me ajude a fugir desse passeio para encontrar a minha mãe, é uma longa história, mas resumindo, meus pais são separados e minha mãe sumiu a muito tempo, tenho como reencontra-la, mas só terei essa oportunidade, eu descobri que ela mora na mesma rua do museu e preciso de cobertura para ir ve-la, meu pai não pode saber de nada...

Amber apenas acenou com a cabeça durante a explicação da amiga e depois com um sorriso diabólico do qual Elizabeth amava quando aparecia, a menina disse "estou dentro" as duas sentiram o ônibus parar e avistaram o museu, Elizabeth sentiu um frio percorrer a espinha, mas Amber segurou sua mão e isso lhe deu forças para conseguir encarar o que viria pela frente.