Brincando com poder

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A mesa de jantar estava posta, Elizabeth sempre admirou como o pai era bom em arrumar as coisas de forma tão elegante, como se estivessem em um jantar de gala todos os dias.

  O cheiro que vinha da cozinha era delicioso, tinha um aroma delicado no ar, parecia ser galinha, ou algo parecido com uma galinha. Elizabeth sentiu a boca se encher de água, tinha vinho e água já postos perto da menina.

  Quando ela viu o pai passar pela casa, agora vestido em pijamas vermelhos, o homem foi diretamente a cozinha e voltou carregando uma grande bandeja. A menina tinha acertado, era um Pato recheado, com molho de laranja e castanhas e frutas em sua volta.

  Uma salada de entrada, e de sobremesa ele havia feito um Crème Brûlée para eles dois, ela nunca deixava de se encantar com o que o pai conseguia fazer. Bom, ela já tinha se perguntado se ele já havia a alimentado com carne de seres humanos antes... Mas o lado bom de seu pai ser severo em relação a seus estudos, era que ela sabia diferenciar partes do corpo humano para o animal.

  Sem falar, que ela não era um alvo dele, então ele não tinha nenhum interesse em a tornar uma canibal igual a ele ou a "rechear" de seu prato favorito. Isso ela agradecia, seu pai era capaz de deixar um vício de lado por ela...

  Ela estendeu a mão e tocou vagarosamente em uma das garrafas de vinho Rosé e olhou para o pai esperando sua aprovação para beber. Quando Hannibal viu e fez um movimento de mão para que ela se servisse de vinho, a garota encheu até a metade de sua taça.

  Elizabeth sabia que não poderia abusar disso, até porque ela já tinha estressado o pai que chega por um único dia, sem falar que ainda tinha mais más notícias para dar para ele ainda essa noite.

  O jantar correu de forma prazerosa, a salada já era divina, mas o ponto mais forte de seu pai era a carne, por certa ironia do destino de alguma forma. O pato era delicioso, ela sentia que poderia comer aquilo durante horas até se entupir daquilo.

Hannibal sorriu para filha, enquanto a observava comer, os dois conseguiam ter conversas agradáveis sobre estudos psicológicos que o pai fazia, sobre suas matérias e dia a dia. Apesar de os dias de seu pai não serem nem um pouquinho normais como as das pessoas comuns teriam.

  seu pai ironicamente gostava de bancar "Deus" e ajudava o FBI que caçava assassinos perigosos, incluindo ele mesmo, ela achava que o pai brincava com fogo algumas vezes. Mas ela concordava com ele, afinal, se tinham pessoas tão burras assim na terra, porque não se aproveitar?

  Claro que ser um canibal perigoso e que poderia atacar e torturar pessoas era um ato condenável, mas ela não conseguia ver ele como aquele monstro que as pessoas descreviam. Um homem que espanca sua mulher e filhos ou uma pessoa que mata e tortura animais, são amados por seus entes queridos e muitas vezes não são condenados por seus crimes, isso não era muito diferente.

As pessoas lutavam tanto umas pelas outras, mesmo quando não merecem nenhuma ajuda, "ele só me bateu uma vez porque estava nervoso" "ela é uma boa garota" eram as desculpas usadas para tentar abafar o que era feito, então não a poderiam julgar por amar e defender o pai.

  Até porque o que ele fazia era mais benigno do que maligno, ele caçava mais porcos imundos que cometiam atos hediondos, eles ela sabia bem que ele sentia prazer em matar da pior forma o possível. Ele se divertia os aterrorizando e fazendo essas pessoas verem que não eram tão inteligentes como achavam que eram.

Essas pessoas faziam coisas horríveis, deveriam morrer, mereciam morrer, se a justiça não fazia nada, qual o mal de seu pai fazer algo? Não era como se alguém fosse precisar deles mesmo, estava fazendo um bem para o mundo. Não que ele fosse um Deus para julgar as pessoas, mas ainda sim, Deus também de certa forma era um assassino.

  Quem disse que Deus não se sentia poderoso quando punia alguém ou fazia alguma desgraça acontecer? Afinal, ele poderia fazer o que quisesse e ninguém poderia discordar ou lutar contra ele. Deus se sentia poderoso, ele era poderoso e por isso fazia o que fazia, sem remorso ou medo.

Elizabeth se pegava perguntando varias vezes sobre essas coisas, sobre os atos de seu pai, sobre assassinos, sobre a psiquê humana, sobre como eram hipocritas que se sentiam uns melhores que os outros... todos os monstros eram humanos, viviam vidas comuns, eram parecidos com qualquer um.

  Quando o jantar terminou e seu pai havia acabado de lavar a louça, os dois ficaram um tempo conversando, até Hannibal já estar quase dormindo de bruços na grande cama. Com a filha ainda tagarelando ao seu lado, ele achava incrível como crianças não paravam de falar e pareciam não cansar.

  —Papai...? Eu tenho uma coisa que preciso falar com o senhor, é bem importante.—A menina falou mordendo os lábios inferiores e depois ouviu o pai murmurar um "hum?"

Hannibal acordava cedo, mas até um grande monstro canibal como ele cansava e precisava tirar uma soneca de vez em quando. Tendo uma filha adolescente em casa, era tudo que ele não conseguia fazer, era descansar um pouquinho.

  —Então, tirei um dez em história e amanhã preciso que você compareça ao colégio porque não posso entrar sem o senhor! Boa noite! —Ela falou rapidamente se levantando e saindo da cama o mais rápido que conseguia.

  —Uhum, espera, o que disse Elizabeth? —Hannibal falou levantado a cabeça para ver a filha disparando de seu quarto e se fechando no dela.

  Uma coisa que ela tinha certeza é que ele estava cansado de mais para ir atrás dela nesse momento e que não iria abrir a porta de seu quarto no chute. Ele pelo menos respeitava a privacidade dela e se quisesse dormir aquela noite, ele teria que deixar aquilo passar.

 Ele pelo menos respeitava a privacidade dela e se quisesse dormir aquela noite, ele teria que deixar aquilo passar

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A filha de Hannibal LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora