No hospital

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Elizabeth acordou cansada, ela sentiu os raios de sol baterem de maneira delicada e fraca contra seu rosto, a menina se remexeu na cama de forma cansada, ela não queria levantar, havia tido um pesadelo estranho noite passada, muitos não diriam que era um pesadelo, mas sim um sonho muito bom. A garota havia sonhado com a mãe que ela a chamava para tomar café da manhã, quando ela descia para comer encontrava o pai cozinhando e a mãe sentada a mesa.

Ela não conseguia enxergar o rosto da mae direito, tinha uma luz forte entrando pelas janelas da cozinha e acabavam cobrindo o rosto da mulher, ela apenas conseguia ver o sorriso lindo e radiante da mulher, Hannibal parecia feliz, servia comida com um sorriso. Hannibal pegava Elizabeth no colo e a enchia de cocegas a fazendo gargalhar alto e depois a soltava para irem comer todos juntos.

Como aquilo poderia ser um pesadelo e não um sonho maravilhoso? Era um pesadelo porque ela sabia muito bem que nunca iria acontecer, ela nunca veria aquele sorriso gentil no rosto do pai ou ele a pegaria no colo para fazer cocegas dessa forma. Nem a linda mulher de seus sonhos apareceria assim em sua casa, com esse sorriso gentil como nos pesadelos.

Hannibal não iria obrigar a filha a ir para a escola, ele estava respeitando o tempo da filha, quando a menina decidiu levantar da cama e descer, ela pode ver na cozinha o café da manhã pronto e coberto por um pano. Elizabeth detestava como ela ficava feliz pelo pequeno fato do pai se importar com ela, dele deixar seu prato favorito para ela poder saborear.

A menina tinha que continuar suas buscas e sabia bem onde iria começar, iria começar do ponto zero, se não iria conseguir informações sobre a mãe através do pai, iria conseguir de um lugar onde não poderiam mentir para ela, o lugar onde milagres e tragédias aconteciam o tempo todo, o hospital. Ela imaginou que o pai poderia ter mentido sobre onde ela teria nascido, para caso algum dia ela viesse a procurar por alguma informação sobre ele ou sobre a mãe.

Claro que ele tinha mentido, então ela iria procurar da forma antiga, obrigando os médicos a lhe darem as informações que ela queria, sabia que se sofresse um acidente, os médicos a socorreriam e leriam seus dados em voz alta a caminho da emergência, veriam parentes e pessoas próximas para ligarem e bom Hannibal não se daria ao trabalho de tentar apagar uma pessoa apenas dos arquivos, chamaria muita atenção.

Elizabeth colocou uma roupa descente, tirando o uniforme da escola, apezar de não querer vestir calças ela as vestiu junto com uma roupa de mangas curtas, ela precisaria de muita coragem para fazer o que estava pensando em fazer. Ela saiu lentamente para fora de casa segurando na mão um bisturi que tinha achado nas coisas do pai, ela andou lentamente até um beco e respirou fundo.

Sentindo suas mãos tremendo de nervoso, ela guiou lentamente o bisturi ate seus pulsos e fez um corte não tão profundo em cada pulso, sentindo o sangue quente escorrer por suas mãos, ela sentiu uma tontura bater e uma dor horrível. Cambaleando pela rua ela entrou em um pequeno restaurante, levantando as mãos ensanguentadas ela gritou

--Me ajudem! Por favor alguém me ajude! Eu...Eu...Preciso de ajuda.

Antes que pudesse completar mais alguma frase, ela caiu no chão sentindo a consciência deixar seu corpo e mente, ela estava cansada, mas conseguiu ouvir os gritos das pessoas pedindo socorro para ela, pessoas gritando horrorizadas.

Era incrível como todas as lições que seu pai havia lhe dado sobre seu corpo funcionavam, mesmo não estando totalmente consciente, ela ouvia tudo ao redor, sentia cada toque que seu corpo recebia, Elizabeth sentiu os paramédicos a levantarem do chão e estancarem o sangramento, ela abriu os olhos lentamente vendo os médicos.

"Nome: Elizabeth Lecter, idade quatorze anos, pulsos cortados, sem histórico de depressão ou doença mental na família, filha do doutor Hannibal Lecter e de Amélia Lockwood, Ainda não conseguimos entrar em contato com nenhum dos dois" Falavam os médicos.

Quando a menina se deu por si, ela estava em um hospital, com um médico a olhando e os dois pulsos com curativos, ela sabia que não tinha sido um corte tão profundo assim, seu plano estava indo muito bem, o problema seria quando entrassem em contato com seu pai, aí sim ela estaria com grandes problemas, Hannibal não aceitaria esse atentado contra ela mesma.

"Você deu muita sorte menina, poderia ter morrido fazendo uma coisa dessas, quer me contar alguma coisa? Existem maneiras melhores de se lidar com a dor, aqui temos um terapeuta que ficará muito feliz em ouvir você..." o médico dizia tentando ser positivo com ela.

Mas naquele momento ela não queria positividade. Queria mais informações. Queria saber mais da sua mãe.

- Eu estou bem. Foi, foi apenas um acidente.

Ela diz gaguejando, sabe que os médicos não vão acreditar nela. Os curativos estavam feitos.

"Vamos chamar a terapeuta, para uma conversa rápida, informal, até termos o contato do seu pai ou sua mãe"

Antes que o médico saia, Elisabeth pede.

- Tentem minha mãe, meu pai é muito ocupado, vai demorar até que apareça. Tentei ela com mais insistência.

Ela pede sorrindo suave. Era uma chance. Se eles conseguissem contato, a mãe poderia aparecer, preocupada com a filha. Era uma possibilidade.

Alguns minutos se passam e a terapeuta chega. Elisabeth mente, inventa uma história que cumpriu um desafio que viu na internet e saiu um pouco do controle. Quanto menos atenção dessem ao fato, melhor seria.

A psicóloga repreende a ação, faz anotações e quando está saindo, uma enfermeira avisa.

"Conseguimos contato com seu pai. Ele está chegando"

O sangue de Elisabeth chega a gelar, ela estava ferrada demais agora. Ao menos tinha conseguido o nome da sua mãe. E com isso seria fácil conseguir o endereço.

Mas por hora teria que lidar com o pai, isso era assustador.

A filha de Hannibal LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora