A filha de Hannibal Lecter

A briga

Quando um dia começa mal, ele tem tendência a ser completamente desastroso ao seu decorrer, Elizabeth poderia provar essa teoria. Tudo começou na escola, com uma aula chata de história de inglês onde deveriam contar sobre o que queriam ser no futuro e alguém que admiravam.

  Obviamente a menina tinha seus planos e não estava prestando atenção na aula chata e monótona, até ouvir a palavra que badalou em seus ouvidos "Doutor Hannibal Lecter" fazendo a menina levantar o rosto. Era o seu plano falar sobre seu pai, mas agora uma garota do qual ela disputava o primeiro lugar de "melhor aluna" Amber, que estava exibindo slides sobre ser psiquiatra e acompanhava as pesquisas de Hannibal.

  Elizabeth estava boquiaberta com aquilo, como era estranho alguém falar de seu pai dessa forma, e parecia que estava a copiando em todos os aspectos o possível, a garota até se saiu bem, se não tivesse errada em diversas coisas. Sem resistir, Elizabeth interrompeu a apresentação educadamente, para corrigir alguns fatos sobre a pesquisa de Hannibal, foi aí que o caos começou.

  —Desculpa interromper, mas creio que esteja errada sobre a pesquisa do doutor Hannibal Lecter, a pesquisa dele sobre sociopatas e psicopatas fala claramente sobre uma forma de "visão de Lúcifer" —A menina interrompeu com a mão levantada no ar.

Amber não pareceu gostar muito de ser corrigida, com seus cabelos longos e louros que sempre estavam muito bem cuidados, seus olhos azuis gelados que pareciam um oceano, ela jogou os cabelos para trás do ombro. Ela era branca com um leve bronzeado em seu corpo, suas unhas eram longas e sempre pintadas, apesar de o uniforme ser obrigatório, ela sempre procurava uma forma de se destacar, colocando acessórios chiques e brilhantes.

  —Olha só, parece que temos uma fã de carteirinha do doutor Hannibal Lecter, mas lamento informar que você está equivocada, o doutor Lecter fala sobre a frieza deles, sobre como não conseguem amar, como são monstros. —Ela falou de forma cruel, mas educada, seus lábios com glos estalaram para Elizabeth.

Elizabeth sentiu a raiva correr por seu corpo, querendo matar a menina ali, mas fora muito bem criada por seu pai, não resistiu e levantou, ficando de pé com um sorriso irônico nos lábios. A turma toda olhou o confronto polido, porém cheio de veneno das duas garotas, ambas carregando beleza e inteligência de auto calibre, chegava a ser estranho esse tipo de briga.

  —Tem razão, sou a fã número um das pesquisas do doutor Lecter, aliás, meu trabalho também é sobre ele, eu nunca cometeria um erro tão banal sobre a pesquisa dele como você, já que pelo visto fez uma pesquisa apenas rasa sobre ele e seus projetos. —Ate mesmo a professora arregalou os olhos e passou o olhar de uma para a outra de forma intrigada.

  Deu para ver o ódio nos olhos de Amber, ela saiu da postura de dama delicada e agora olhava seriamente para Elizabeth, o sorriso saiu de seu rosto, mostrando agora sua raiva pura, ela não gostava de ser desafiada dessa forma, a turma toda vaiou em tom alto. Elizabeth por sua vez, sorria de forma vitoriosa, a desafiando a continuar essa briga, queria estar ali para mostrar quem sabia mais sobre o famoso doutor Lecter.

  —Você está se achando muito não acha? Está sendo presunçosa, pois saiba que eu acompanho as pesquisas do doutor Lecter, e mais, já fiz uma visita aos consultórios e tive acesso a faculdade onde fizera essa pesquisa, mais do que você jamais conseguiria. —Ela falou com nojo, como se pudesse morder Elizabeth agora.

  Hannibal sempre ensinou a filha a nunca chamar a atenção, poucas pessoas sabiam que a menina era filha dele, raramente alguém descobria, Elizabeth muitas vezes usava o sobrenome materno e não o do pai. Agora ela já tinha andando até perto de onde Amber estava e as duas se encaravam de forma brutal, prestes a começar uma briga.

—Você realmente não tem a menor ideia de quem eu sou não é mesmo? Eu tenho muito mais acesso a qualquer coisa que você jamais teria em sua vida. —Elizabeth falou com a mão na cintura e agora olhando com um sorriso debochado.

  A professora sentindo que a coisa estava começando a tomar um caminho perigoso, decidiu liberar os alunos para o recreio, separando as duas, por mais que fosse apenas um debate, poderia se tornar físico, já que as duas estavam se aproximando de mais. Amber saiu primeiro, a mando da professora, para evitar qualquer problema físico entre as duas meninas.

  Não teria problema nenhum fora uma bronca da professora pelos insultos polidos, mas a coisa esquentou no recreio, quando Elizabeth estava comendo, e Amber veio tirar satisfação com a garota, interrompendo seu lanche e o jogando no chão. Hannibal teria tido um treco se visse essa cena, ele odiava desperdiçar comida, ainda mais a que ele preparou com suas próprias mãos.

As duas começaram com uma discussão, que começou a se tornar cada vez mais hostil, as duas mantinham uma polidez imensa, mas os alunos começaram a rodear as duas, zombando, gritando e fazendo barulho. Isso atiçou as duas meninas, que começavam a gritar uma com a outra, quando Amber soltou um tapa contra o rosto de Elizabeth com bastante força.

  A partir daí, pronto, as duas se agarraram, puxando os cabelos uma da outra, se estapeando e socando, rolando pelo chão feio dois animais selvagens com toda a raiva que tinham em seus corpos. Elizabeth sabia brigar, ainda mais agora que estava com ruiva e querendo brigar com a sua rival que se atrevera a entrar em seu caminho.

As amigas de Elizabeth correram para chamar a professora, desesperadas que alguém saísse ferido gravemente daquilo, a professora foi rápida em separar as duas, as colocando uma longe da outra e as levando para a diretoria. Pronto, agora ela só poderia entrar na sala acompanhada do pai, a professora queria falar com ele, tinha como ficar pior?

  Sim, na volta ela ainda tinha esquecido a lição de casa na escola, ou seja, iria levar uma advertência por isso, seu pai não ia gostar nada de saber de musicista dessas. Agora era ter que encarar as consequências de seu erro banal, mas ainda sim, não seria fácil para ela e nem para o que viria depois.