Minha filha

494 42 25
                                    

Amélia sentiu o coração gelar, ela tinha se esforçado tanto para fugir dele, mas viu que ela era apenas um ratinho presa em um labirinto enorme, um labirinto feito por Hannibal especialmente para ela, ela deveria ter previsto que ele sempre esteve de olho nela. A mulher poderia ter mudado de pais, poderia ter ido embora, mas não conseguia ir para longe da filha, mesmo que não pudesse vê-la, mesmo que não soubesse de nada sobre a sua pequena, agora o maior medo de toda sua vida, estava ali parado na sua porta, ela não sabia o que fazer nem como fazer.

Hannibal continuou ali parado com um sorrisinho no rosto, estava bem vestido como sempre, Amélia olhou para seus próprios pés, estava petrificada no lugar, não conseguia olhar no rosto do homem, talvez sua hora tinha chegado mais cedo do que ela teria previsto, estava esperando pelo golpe. O psiquiatra não se mexeu, apenas trocou o peso de um pé para o outro como se estivesse apenas esperando ela olhar em seus olhos frios para matá-la, a espera por sua morte era agoniante, ela não queria dar o prazer para ele de fugir ou implorar pela própria vida, não iria pedir.

--Como tem passado Amélia? Seria muito gentil da sua parte me convidar para entrar não acha? Afinal estou cansado depois da minha viagem até aqui, pelo que eu vi esteve em uma montanha emocional hoje, porque não entramos e falamos sobre isso? —Ele falou cortes como sempre, Amélia não queria deixar aquele homem asqueroso entrar em sua casa, mas temeu pela segurança da filha caso negasse qualquer coisa para ele, como sempre ele parecia calmo, controlado, sempre estando um passo a frente de todos, talvez não estivesse ali para matá-la, mas sabia que não seria uma conversa amigável.

Com muita relutância, a mulher levantou o rosto e encarou os olhos gelados de Hannibal, tentando ao máximo o possível não desviar o olhar dele e se afastou da porta, liberando o caminho para que o psiquiatra entrasse em sua casa, ela sabia que estava em extrema desvantagem e que ele poderia atacar em qualquer segundo, mas estava decidida a não dar aquele gostinho ao médico. Ele a acompanhou até a sala de estar com lentidão, não olhava mais nada a não ser a mulher, parecia estar bem intrigado com ela, o homem se sentou em uma poltrona e cruzou as pernas lentamente.

Amélia se sentou em uma poltrona de frente para Hannibal, com certo receio, não queria ficar tão perto dele assim, mas não tinha muita escolha, aquilo estava parecendo muito uma consulta psiquiatra, a diferença era que em vez de um médico psiquiátrico comum, tinha um assassino manipulador e muito perigoso sentado a sua frente. Ele parecia muito relaxado, estava calmo, ele ficou um longo tempo em silencio, apenas a observando, o silencio parecia mais turbulento que uma multidão, aquilo estava a deixando extremamente desconfortável, estava sentindo que iria vomitar a qualquer segundo, mas estava com muito medo para se mexer.

--Pelo visto conheceu Elizabeth, devo me apressar e pedir desculpas pelo comportamento de minha filha, ela não foi criada dessa maneira, isso eu posso assegurar, mas ainda assim, sua reação me deixa intrigado, pensei que fosse receber sua filha de braços abertos, afinal foram longos anos por que recuar agora? –Ele perguntou como se não soubesse a resposta da mulher, ele estava brincando com ela, queria ver as reações que surgiriam dela, Amélia sabia bem que deveria se controlar perto dele, que não poderia vacilar, não agora, tinha que continuar viva, ainda mais agora que sabia que Elizabeth estava viva.

--Imaginei que não fosse ser muito educado falar sobre nossas particularidades com ela sem sua presença ou sem sua autorização, além do que você deixou bem claro que iria ficar com ela para si, não sou burra de achar que poderia a ter em meus braços e tentar ficar com ela, por mais que isso seja meu maior desejo. –Falou a mulher calmamente, ela estava cansada, ter feito aquilo para a filha tinha sugado todas as suas energias, ela não queria brigar e nem se meter em problemas com Hannibal, pelo menos não por hoje.

Hannibal pareceu muito satisfeito com a resposta da mulher, ele apenas trocou a posição das pernas, respirando bem lentamente e depois dando seu sorrisinho charmoso, isso fez Amélia se contorcer na cadeira de tanta raiva, não podia acreditar que um dia tinha caído por aquele sorriso, como ela se sentia uma fraca, uma idiota. A mulher se mexeu na cadeira, lembrando que tinha que manter os modos perto dele, não queria irritar ele ainda mais "aceita um chá?"  ela perguntou educadamente recebendo um aceno de cabeça vindo do homem sendo seguido de um " por favor" muito educado como sempre.

Amélia suspirou fundo, tentando o máximo o possível não tremer, era quase impossível, ainda mais tendo que estar tão perto assim de Hannibal, ela preparou o chá da forma mais demorada que conseguia e depois retornou lentamente para a sala, entregando uma xicara para ele. A mulher tinha pensado seriamente em envenenar o chá, mas sabia que ele sentiria o cheiro do veneno e isso o irritaria profundamente, bom, foi apenas um desejo, um pensamento, não seria burra de fazer uma coisa dessas,Hannibal deu um gole e depois de alguns segundos voltou a encarar a mulher com um sorrisinho debochado nos lábios.

--Bom, isso esta delicioso, mas vou te dar somente um aviso Amélia, nunca mais coloque as mãos na minha filha, ela é minha, somente eu posso fazer qualquer coisa contra ela, tente algo assim de novo e eu farei você comer suas próprias mãos, entendeu?—Ele perguntou em um tom sério, agora perdendo o sorriso nos lábios, sua feição mudou para uma carraca seria que dizia claramente que era uma ameaça que ele estava disposto a realizar, caso ela passasse novamente dos limites com a filha deles, Amélia suspirou fundo acenando com a cabeça para Hannibal de forma lenta e cansada.

A filha de Hannibal LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora