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Algumas semanas atrás...

Yara sendo uma mestiça de coreana e um brasileiro, nunca se importou com comentários inoportunos a seu respeito, afinal ser uma garota gorda mestiça e de bunda grande já se dava o que falar, estava infelizmente acostumada com a rejeição diária, olhares tortos e até mesmo idosos não querendo se sentar ao seu lado no ônibus. Contudo a moça tinha sua auto estima e o mais importante de tudo, amigos, mesmo que babacas, eles a faziam sorrir.

Naquele dia a moça havia terminado seu turno mais cedo, mas estava ajudando um colega de trabalho quando um loirinho se aproximou acompanhado do cara mais bonito que os olhos dela já puderam enxergar, mas em compensação a aparência divina, o senso dele parecia estar atolado em meio ao estrume de cavalos, a forma como se dirigia ao garoto, seu ego poderia ser sentido até mesmo da estrada do shopping... Ah, como aquilo a zangou.

Seu colega percebendo a situação lhe deu como d'água e depois sorriu, soltando alguns comentários sarcásticos sobre a aparência do metido a francês e aquilo a irritou ainda mais, se auto questionando o porquê das pessoas usarem a aparência alheia como modo de ferir uns aos outros, aquilo era doentio, concluiu indo para casa sem se dar o trabalho de se despedir do homem o qual ajudava minutos antes.

Quando o rapaz apareceu dias depois e tiveram um pequeno conflito os amigos vibraram e então em um gesto de o castigar a mulher aceitou a aposta dirigida a si.

"Faça o metido a francês se apaixonar por você e quebre o coração dele"

Não seria divertido? Seu subconsciente a questionou, mas alto dentro dela negava aquela brincadeira de mal gosto, porém não seria de todo ruim ceder a pressão dos colegas e ensinar uma lição aquele homem bonito e assim foi feito.

Ela foi ela mesma.

Não se esforçou, curtiu cada momento, mas quando se tocou estava apaixonada pelo que descobriu sobre ele e em como a personalidade do homem poderia ser cativante, ele não mudou da noite para o dia, porém aceitava seus erros e não apenas prometia mudar, mas se redimia aprendo a lidar com o mundo e suas diferenças, a companhia dele se tornava cada dia mais agradável... Então ela se afastou, não poderia mais fazer aquilo, não poderia mais chegar no trabalho e ouvir a comemoração dos amigos, afinal o que era aquilo? Uma mulher gorda provando que conseguia magoar alguém? Quando ela havia se tornado tão horrível? Perguntas e mais perguntas, sem resposta alguma, apenas uma sensação imensurável de arrependimento que se alastrava por seu peito, se enfincando em seus pulmões, removendo seu ar toda vez que ele ligava e ela se obrigava a não atender.

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Jimin se despediu da mãe com um abraço apertado um beijo na testa antes de sorrir para Sofi e abraçar também, logo subiu na moto que descobriu pertencer a Hoseok a uns dias atrás, em particular não gostava muito e até mesmo a apelidou de bicho papão afinal não era todo dia que se acostumava a andar em uma Shadow 750 preta, com um motorista o qual você partiu o coração, Jimin fechava os olhos e aguentava as piadas bobas de Hoseok pelo caminho, mesmo que quase nunca conseguisse ouvir tudo, afinal.

Quando chegou a estação sorriu, ajeitando a mochila em suas costas enquanto Hoseok descia da moto e se aproximava para o ajudar a remover o capacete. Jimin não levou sua mala, afinal queria mudar seu estilo e começou doando boa parte de suas coisas antes intactas em seu quarto para uma intuição de órfãos, seriam órfãos estilosos, ao menos.

Em sua mochila havia apenas seu notebook, sua sapatilha de balé da sorte e um moletom azul, que pertencia a Jungkook, esquecido em sua casa desde a adolescência, não que Jimin o tivesse furtado, longe disso, ironicamente falando.

— Se cuida dançarino — advertiu, Hoseok, após remover o capacete do menor e bagunçar os fios loiros, arrancando uma careta de Park.

— Cuida delas — sorriu, jogando seu corpo contra o do amigo, se esforçando para não chorar, já sentindo seus olhos arderem.

— Não vai voltar? — Jimin negou sorrindo, se afastou de Hoseok e o platinado já podia ver as lágrimas no rostinho alheio.

— Eu passei — Murmurou, e Hoseok vibrou o abraçando novamente.

— Você é foda, dançarino! — bradou, deixando um beijo estalado na bochecha dele.

E então ouviram o chamado do trem que Jimin deveria embarcar, Jimin correu segurando as alças da mochila com o Snoop bordado e entrou no trem, segundos antes da porta se fechar. Respirou fundo, olhando atravéz do vidro da porta,  Hoseok colocar o capacete e acenar para si, acenou de volta.

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Eu ainda penso em você  | Jjk+PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora