Atenciosos

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A casa por dentro não trazia de deveras maneiras a sutileza que tinha por fora, era completamente rodiada de cortinas escuras por todas as janelas, tudo nela era tudo muito obscuro e me trazia uma sensação ruim.

Os móveis rústicos, a cerâmica no chão era escura, tudo, completamente, tudo, dividia as cores negras ao marrom. A casa era fria por dentro, tinha acabado completamente com o suave calor de verão de fim de tarde que havia do lado de fora.

América, como ela se apresentou, me levou até um quarto muito sofisticado no andar de cima, eu tranquei a porta tentando fugir dela, que começou a me dar um certo medo. Não querendo fazer desfeita, mas deste quarto eu só saio quando quem me adotou chegar.

Porém, ela não parecia muito contente com a minha escolha, com seu chaveiro mágico achou a chave do meu quarto e entrou sem mais nem menos.

Oi, desculpa te incomodar de novo, mas só queria te mostrar as roupas que compraram para você- Com pressa, foi até uma das portas do quarto, me mostrar os vestidos que preenchiam o guarda-roupa- Aqui tem de tudo um pouco. O que geralmente uma adolescente vestiria... não é mesmo?- Me olhou de canto e sorriu para mim que não conseguia devolver tamanha carisma nesse momento- Tome um banho, se vista e desça para o jantar.

Bateu a porta e saiu. Fiquei olhando aqueles vestidos tão bonitos no closet, me perguntando se era bom o ruim aquela sensação fria passando por mim.

Em outra parte, havi também variedades de sapatos, um tanto empurrados. Estavam ali a muito tempo, com total certeza.

Pelo o que eu me lembre, Fernous, é uma riquíssima marca- Puxo da minha memória de uma das revistas que vi- De órfã, a milionária?

Sorri de canto desacreditada com tudo isso.

Onde eu fui me meter?- A porta se abre logo após, e eu fui até ela- América- A chamava enquanto segurava um vestido em mãos- Se você realmente gosta de mim, me explica onde eu me meti. Não é possível que alguém tenha tanta bondade, adotar alguém do nada por pura caridade e dar tanta coisa assim.

E qual seria o probelma disso?- Me olhou sorrindo, e deu de ombros- Bom, os senhores Sant'Anas sempre foram gentis. Você não é a primeira a sair daquele orfanato e vir para cá.

E porquê não adotam crianças?- A observei passar na minha frente, indo em direção ao banheiro.

Por que eles já são idosos, e tem medo de não conseguir cuidar dessas crianças, e seus filhos não os deuxarem com nada- Voltou em minha direção depois de pegar uma toalha, e me entregou- E já vocês, recebem um ensino básico e oportunidades. Muito melhor do quê ir para um convento, ou coisa pior. Não acha?

Fiquei em silêncio, tentando assimilar aquelas palavras. Fazia sentido, mas eu sabia que não era necessariamente a verdade.

Após tonar meu banho, desci indo implorar o que mais esperar dessa família que até agora não apareceu aqui. Eu era burra, mas bem tanto para não me tocar, que poderia ter repetido milhares de vezes aquelas mesma palavras, e por isso, falou com tamanha naturalidade.

Fala América- Disse um pouco mais rígida, eu estava ficando preocupada já- Pode me dizer o que está acontecendo agora?

Falar sobre o quê exat...- Ela fica assustada quando a interrompe com pudor.

Você tá pensando que eu não passo de uma idiota, não é mesmo?- Me aproximei mais dela a olhando com firmeza em seus olhos- Eu vive foi vinte anos em um orfanato. Não queira saber o que eu aprendi pra sobreviver naquele inferno de lugar! Vai falar ou vou ter que arrancar de você!?

CONCUBINAOnde histórias criam vida. Descubra agora