Saber Usar Meu Poder

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Dois meses e meio depois...

Pela primeira vez, depois de tanto tempo sendo taxada apenas como uma funcionária de classe alta nessa casa, finalmente colocaram um jornal a mesa.

Para eu poder saber o que estava acontecendo do lado de fora, o peguei e o analisava, enquanto bebia um pouco do meu suco, percebi que estava lendo o fim, e voltei para a folha principal.

MANSÃO SANT'ANA, OU MANSÃO DAS DAMAS?

Cuspi quase o suco todo na folha do jornal quando terminei de ler aquilo, talvez fosse por isso que colocaram esse folhetim na minha mesa.

Mas que porcaria é essa, como assim casa das damas?!- Dizia dobrando o jornal, para que eu pudesse ver melhor.

DIZEM MÁS BOCAS QUE A CASA SÓ É FREQUENTADA POR HOMENS, E NEM TODOS OS HOMENS TÊM AUTORIZAÇÃO DE ENTRAR NA TÃO SONHADA CASA DE LEILÃO NA RUA TREVIAL, 47.

OS SENHORES DE TAMANHAS RESPONSABILIDADES, VÃO PARA LÁ, ATRÁS DE UM DESCANSO, MAS SÓ SAEM DA MANSÃO MUITO TEMPO DEPOIS.

INFORMAÇÃO OBTIDA POR ANONIMATO

NÃO PRECISA DIZER QUE É ANÔNIMO, QUANDO EU JÁ SEI QUEM É!!!‐ Arrastei a mesa toda do café, os derrubando no chão.

Abri a porta da sala de jantar com força, e fui andando em passos pesados para o telefone, ele tinha que me atender, a onde ele ficava tem o telefone que ele me deu.

ATENDE!- Gritei rígida batendo os pés no chão.

Por que você tá gritando?!- Ele perguntou bravo, obviamente escutou meus gritos.

Você por acaso leu o jornal?!- Recostei na parede, batendo minhas costas com força.

Não, não vi- Falou mais baixo- Por que, o que houve?

O que houve, o que houve?- Ironizei sem sorrir- A tua mulherzinha, publicou no jornal, que a mansão Sant'Ana, É UMA CASA DE DAMAS!!!!

PARA DE GRITAR, VOCÊ VAI ESTOURAR MEU TÍMPANO ASSIM, CARALHO!‐ Demos um tempo, até que os dois estivessem calmos o suficiente para poder falar novamente- A Amélia é inacreditável...

Jura?- Debochei- E o que você vai fazer?

_Eu sinceramente, não posso fazer nada, nem em Nova Orleans eu tô.

Mas se você não vai fazer, eu vou!- Bati o telefone com força, decidida a acabar com isso de uma vez- Se ela quer guerra, ela vai ter guerra- Batia os pés com força contra as escadas.

Ela simplesmente me disse que desistiria de Edwin, e meses depois chega com essa palhaçada, falando mal da minha casa.

Peguei um chapéu e uma bolsa, como sempre, andar preparada, vai que Amélia tenta me matar de novo. Saio de casa e peço para que o motorista me conduza até o estúdio do jornal que havia sido entregue nesta manhã, quando passávamos pelo portão, pedi para que o motorista parasse, eu tinha que falar com aqueles guardas.

Se alguém chegar aqui, perguntando sobre alguma coisa, façam apenas os seus trabalhos- Cheguei um pouco mais perto da janela do banco de trás do carro, afim de intimida-los- Zelem a casa, não conversem, nem comprimentem. Se eu souber que um de vocês falaram alguma mentira sobre a minha casa, o próximo emprego que vocês teram, vai ser o de zelar sete palmos de terra.

[...]

Adentrei naquele jornal como se fosse a dona do mundo, mas foi Edwin que me ensinou. Não posso ter medo daquilo que não conheço.

Logo pude sentir vários olhos encima de mim, analisei o local, até encontrar do outro lado, um balcão, com duas recepcionistas.

Boa tarde, meu nome é Kaila, em que posso ajudar a senhora?- A recepcionista falou assim que me aproximei do balcão, com uma grande educação, me olhando de cima abaixo.

Vocês que fizeram esse jornal?- Joguei o folhetim encima do balcão, como se fosse algo asqueroso de se segurar, mas realmente era.

Sim..., senhora- Ela pegou e o analisou.

Eu quero falar com Lupece D'Vuar, agora- Exige.

E posso saber, o nome de quem o chama?- Pegou o telefone e pôs no ouvido.

Melissa, Melissa Sant'Ana- Dei as costas a ela.

_após ter visto a mesma, assustada pelo o que acabará de ouvir.

[...]

Eh... Melissa Sant'Ana?- Escutei a voz de um homem com sotaque francês me chamar, e me virei- Boa tarde...- Ele pediu a minha mão, e a beijou- Em que possa ajudá-la?

_parei, e olhei, como eu deveria agir hoje?

Não se faça de sonço- O olhei de cima a baixo enquanto falava, algumas pessoas que passaram por nós no momento, estavam curiosas pro que iria acontecer.

Não entendi?- Ele pôs as mãos atrás do corpo, me olhando assustado.

Sant'Ana, te lembra algo?- Ele não me responde- Você, usou o meu sobrenome, citou a minha casa, o bairro, e o número, sem a minha permissão, no seu jornal.

Oh, então é por isso?- Ele segurou suas mãos e abriu um sorriso- Aquela informação é anônima, não temos nada haver.

Claro que tem!- Falei mais alto, naquele salão fez eco- Vocês como bons profissionais devem saber o que publicar, usaram o meu sobrenome ao favor de uma mentira, eu devo te denunciar por difamação!

Baseado no quê?- Me olhou calmo, dando alguns passos para frente, perto de mim.

Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação- Sim, ele vai cair de cara no chão. No orfanato, na falta de livros fictícios, qualquer coisa serve para distrair, inclusive um livro sobre isso- Pena, detenção, de três meses a um ano, e multa, e vamos dizer, que seria uma multa milionária- Tirei meu chapéu e o entreguei, para que ele segurasse, igual estava fazendo com sua cara de surpreso- Podemos entrar em um acordo senhor D'Vuar, o que você acha?- Sorri maliciosamente.

[...]

Aceita um chá, um café, um suco?- Ele puxou a cadeira para que me senta-se em seu escritório, balancei a mão em negação- Então...- Limpou a garganta, se sentando em sua cadeira- O que...

Pega papel e caneta, rápido- Disse impaciente, ele pegou ligeiro, e impulsionou para o meu lado- Pra você escrever idiota!- Revirei os olhos- Você vai publicar na capa do jornal amanhã, que existem rumores que Melissa Sant'Ana, é amante de Edwin Baumann, o qual está noivo de Amélia Lintcher.

Mas...mas..., como?- Ele olhava entre eu e o seu papel em branco, confuso- Mas envolver o nome de alguém tão importante como ele, é...

Eu sei- Assenti com a cabeça, e um sorriso no rosto, me levantei, e me aproximei dele pela mesa, apoiando-me em uma mão- É melhor você publicar, não vai querer mexer com uma concubina.

CONCUBINAOnde histórias criam vida. Descubra agora