Sem Sair Deste Mesmo Lugar

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A luz que entrava pela janela refletiu forte no meu rosto me fazendo acordar. Me sentei na cama esfregando meus olhos, um novo dia havia começado.

Ou melhor, mais um pesadelo havia começado.

Olhei para o lado lembrando do que aconteceu ontem, e percebo que a bandeja não está mais aqui. Alguém entrou e pegou, não posso fazer nada. Não tenho privacidade nessa casa.

Me levantei esticando meus braços. Pra quem estava acreditando na morte certeira, eu estava bem calma. Fui até o banheiro, botei a banheira para encher enquanto escovava os dentes.

Sai do banheiro e fui direto para o closet escolher uma roupa para eu me vestir. Não tinha muitas escolhas de cores, peguei um azul forte e vesti, passei a escova no cabelo e novamente prendi com a primeira presilha que vi pela frente.

E agora Rebecca, o que você vai fazer?

Srta. Rebecca, está acordada?- A empregada atrás da porta perguntou.

Sim, pode entrar...- Respondi me virando para a direção da porta.

Senhorita, o café já está na mesa- Ela entra- O Sr. Baumann, pediu para que eu avisasse que não poderia se juntar com você hoje.

Como se ele fizesse alguma falta- Sorri para ela que não devolveu meu sorriso, ele sabia que eu teria essa exata reação- Vamos tomar café, eu tô com fome.

(...)

Chego na sala e me sento a mesa, sozinha, porém, antes só do que mal acompanhada. Dispenso o mordomo para que ele deixe eu me virar sozinha, eu não nasci pra essa vida de madame.

Eu sei que se meus pais estivessem vivos, talvez eu estaria tendo essa tal vida, e talvez fosse mimada, mas, eu acho que tudo depende do caráter.

América.

Por mais que eu saiba que ela não está na sala de jantar, e nunca mais estará, olho de um lado para o outro em busca dela. Dois dias. A dois dias era para eu ter fugido, mas parece que quem realmente tinha que fugir dessa vida era ela, mesmo que de uma forma ruim.

Na cabeça, fiquei com a ideia de que ela me deixou sozinha aqui, mas depois dei de ombros. Afinal, ela evitaria o que?

Limpo minha boca no guardanapo e me levanto da cadeira. Saio da sala de jantar imaginando o que eu iria fazer naquele dia. Mas, eu não tinha autorização de sair pro jardim, ou ficar longe dos olhares dos empregados da casa.

Então, decide conhecê-la, como já disse, sou curiosa demais e o mundo fica muito pequeno para mim quando estou sem fazer nada, se eu estou aqui, por que não?

Subo as escadas olhando o sentido contrário do que eu sempre vou, segurando firme o corrimão para não descer essas escadas rolando.

Obviamente, nada incomum com os cômodos que já vi. Muito escuro, obviamente silencioso, e muitas velas. Será que eles não tem medo dessa casa pegar fogo com tanta vela acessa?

Vou virando alguns cômodos até decidir voltar, não tinha nada para eu ver, algumas das portas que eu encostei, as fechaduras estavam trancadas, voltei para trás.

Com uma certa ansiedade batendo dentro de mim por não ter nada para fazer, cocei a cabeça incomodada fazendo a presilha, que agora reparei, em forma de borboleta dentro de um círculo, caiu e saiu rolando.

Virei o cômodo e me abaixei para pegar, meus cabelos vieram para meu rosto, mas não pude deixar de notar pés a minha frente, parados, possivelmente me esperando.

Se aproximou de mim, e meu coração acelerou, eu não queria ver aquele homem tão cedo. Ele me dava nos nervos, e também me dava medo. Merda, merda!

CONCUBINAOnde histórias criam vida. Descubra agora