CONCUBINA

Tudo Tem Solução

Não tive coragem de explicar para Katherine o que tinha acabado de acontecer, lavei as coisas que usei e fui embora sem prestar declarações, eu não queria falar disso, e não precisava explicar algo do passado a ninguém.

Assim como todos dentro daquele cabaré tem seus segredos, eu também tenho, e não pretendo contar a ninguém, não quero fuchicos, não quero intriga, não quero confusão.

Tomei um banho e me deitei para dormir depois de trabalhar o dia inteiro. Acordei com o serviço de quarto batendo na porta, me levantei para poder olhar o café da manhã, tomei um banho, e depois saí, como eu havia dito.

Aquele sol da pracinha tava bem gostoso de receber na pele, olhava uma criança da mulher ao lado, ela bem curiosa com seus olhos analisando tudo, principalmente aquela luz vermelha que entrava em seu carrinho.

Quando senti que estava começando a esquentar demais, voltei para o hotel, eu ainda tinha a pendência do aluguel para pagar, não queria atrasar, e que bom que não preciso passar por esse sufoco.

Boa tarde senhora Malena, já almoçou?- A recepcionista perguntou- Se a senhorita quiser, posso mandar levar no seu quarto?

Não, não precisa, eu almocei na rua- Dividia meu olhar entre ela, e a bolsa onde pegava o dinheiro- Aqui, o dinheiro do aluguel.

Mas, a senhora já que pagar o do mês que vem?- Me olhou confusa.

Não, é o desse mês- Assenti sorrindo, e dei as costas.

Mas senhora Malena- Parei de andar, e olhei para trás- O seu marido já pagou o aluguel.

Minha feição mudou no mesmo instante, Edwin agora sabia onde eu estava, como eu fui burra! Claro que ele estava me seguindo, de uma maneira ou outra iria ligar os pontos e saber meu falso nome.

Ele está te esperando lá em cima- Fixou nos meus olhos- Algo de errado senhora? Por acaso fiz mal?- Ficou preocupada.

Melhor evitar confusão.

Não, não!- Corrigi da maneira errada- Que dizer, claro que não, mas ele com certeza pediu surpresa, não foi?

Sim!- Voltou a sorrir novamente.

Dei um último sorriso para ela, e voltei a olhar para frente, pensar no que faria para me livrar dele daqui. Ele me cercou, sabe que eu não vou fazer escândalo por ele estar aqui, mas sei que não adianta eu não entrar agora, ele já me descobriu, não adianta mais.

Vou resolver esse assunto agora. Eu sempre soube que não daria pra brincar de pique-esconde pra sempre, eu tinha que ter um jeito de dar um fim nisso de uma vez por todas.

[...]

Abri a porta do quarto sem exitar, talvez se dessa vez eu mostrar resistência, ele saia do meu pé de vez, porém, ele não estava naquele quadrado, estava tudo da mesma maneira que eu deixei, achei que abriria a porta e o veria sentado na poltrona a frente, pensei errado, ele não estava ali.

Mas assim que adentrei o quarto, comecei a sentir algo, mas era quase impossível ele ter se escondido ali, aquele quarto não era tão grande. Mesmo com essa ideia na cabeça, tive que seguir a minha vida.

Eu tinha trabalho mais cedo hoje, e já que ele não estava aqui, deveria me apressar para também não dar tempo para ele, tirei aquele roupa suada e cai debaixo do chuveiro morno.

Lavei aqueles cabelos, por ele estar muito grande, acreditava que sempre estava sujo e que encostava em tudo, sempre tinha que lavá-los para me sentir bem comigo mesma.

Ranger de porta.

Congelei ao ouvir, não era possível, ele tinha até a chave daqui!? Passei as mãos jogando os cabelos para trás, passei a mão no meu rosto e fechei o registro sentindo meu corpo tremer.

Sai do box e peguei uma toalha para me enrolar, e me preparar para ver ele dentro desse quarto, eu tinha pedido tanto para que isso não acontecesse, mas se era pra ser assim, eu não podia mudar.

Abri a porta do banheiro e saí do quarto, finalmente conseguindo ver as luzes acessas, e ele virar seu rosto para me ver, me olhou direto em meus olhos.

Um filme passou na minha cabeça, haviam se passado um ano e quatro meses que nos conhecemos, que eu me esforcei para ficar com ele, que fiz de tudo para que déssemos certo.

O que você quer?- Perguntei trêmula.

Eu quero você- Respondeu na lata.

Mas eu não quero- Dei alguns passos para trás.

Rebecca, eu faço tudo que você quiser, se você querer continuar morando aqui, sobre seu trabalho, tudo bem, pode continuar- O olhei tentando saber se era verdade- Eu só preciso saber que eu tô bem com você.

Será mesmo que você quer tá comigo, ou quer que eu esteja pra você, quando você quer?- Segurei forte a minha toalha, estava descontando nela- Por que, tudo que você fez desde que nos conhecemos, foi mandar, e mandar...

Era só medo de te perder, será que você não me entende?!- Se levantou e veio até mim- Sempre foi medo, você nunca teve medo de me perder pra Amélia?- Me encostei na parede pensando- Tinha medo que você não gostasse de mim da mesma forma.

Eu sempre te amei Edwin, assim como você disse, sempre foi medo- Voltei a olhá-lo nos olhos- Mas eu não quero ser a terceira, não queria sobrar, eu queria ter você pra mim Edwin, pra mim- Neguei com a cabeça, recuando- Eu descobri sobre as cartas que você me mandava e Riley escondia. Sei sobre as ligações, que você tentou me explicar, e tudo mais, mas não era pra ser.

Claro que era pra ser, é pra ser Rebecca, sempre foi!- Ele se aproximou de mim, me deixando contra a parede- Não à mais nada que nos empessa de ficar juntos. Eu te amo.

Não o me responde, ele tocou em meu rosto com um toque macio, pude ver seus olhos brilharem quando pode me ter tão perto dele, ele estava prestes a me beijar, e eu não iria resistir.

Por mais que a saudade fosse grande, não mudava o fato de que dessa vez, ele estava sendo carinhoso comigo, e necessitava me ganhar de alguma forma.

Finalmente podia ter o prazer de sentir seus lábios macios aos meus, seu gosto de menta, seu toque, parou o beijo.

Eu faço tudo que você quiser, mas em troca disso, eu quero te ter do meu lado sempre- Segurou meus braços e me deu mais um beijo no meu queixo- E se você quer ficar do meu lado, tem que ir pra minha cidade, comigo- Senti suas mãos deslizando por minhas costas- Quero te ter sempre, principalmente aqui... e agora.