O Medo

122 10 0
                                    

Eu queria tanto que dê-se tempo de eu ir embora antes que América voltasse, e agora estava torcendo para que ela chegasse logo, porém... estava morta, e sei sangue ainda coloria aquele "jardim de pedras cinzas..."

Ela morreu, na minha frente por culpa minha. Eu imaginava que eram terríveis, mas em minha mente eu ainda poderia escapar daquele fatídico fim.

Havia se passado uma noite inteira. Percebi que já era de dia pela claraboia do banheiro, que iluminou tudo e fez meus olhos doerem.

Eu não sei se houve um corte de energia ou o que, mas a luz do banheiro se apagou alguns momentos depois que eu me tranquei aqui.

Ele que fez isso, eu sei, inclusive, tenho certeza de que ele esta no meu quarto. Me perguntava se era coisa da minha cabeça, mas realmente tinha escutado alguém entrar aqui, e tinha certeza que era ele.

Gemia de algumas dores na coluna, há má postura que eu fiquei a noite inteira estava me cansando, precisava me mexer um pouco, eu não podia ficar muito mais tempo ali, não aguentaria.

Com um pouco de dificuldade, me levantei devagar e me apoiei de forma ereta contra a porta. Respirei fundo tentando relaxar com meus músculos se mechendo depois de tantas horas.

Encarei a banheira ao meu lado, e nem se fosse na água fria, mas eu tinha que tomar um banho. Tirei a roupa com pressa e coloquei a banheira para encher na água quente.

Mas como eu já imaginava, não tinha água quente e se encheu com fria. Como eu disse, eu vou tomar banho nem que seja na água fria, entrei e meu corpo todo arrepiou.

Não estava fria, estava congelando. Me mantive, fechei os olhos, prendi a respiração e me afundei para tentar esfriar meu sangue por completo.

Mas não adiantou muito, terminei meu banho rápido e saí da banheira. Fui até o armário e procurei uma toalha, achei um roupão, dava no mesmo.

E agora surgiu minha dúvida, será que ele ainda está aí? Tirei a chave da porta e tentei olhar pela fechadura, mas o quarto estava todo escuro graças as cortinas fechadas.

Não tem outro jeito...- Falei pra mim mesma enquanto me encarava no espelho do meu lado, as marcas roxa de seus dedos em meu rosto serviria para me lembrar de nunca mais respondê-lo mau.

Fechei os olhos e respirei fundo, meu coração voltou a acelerar de novo, e mesmo com a mão trêmula, encostei na maçaneta e rodei a chave devagar.

Abri a porta devagarinho enquanto imaginava vê-lo sentado na poltrona do meu quarto, abri mais um pouco, e pude dar de cara com o completo nada.

Não tinha ninguém no quarto, talvez eu estivesse com tanto medo que cheguei a escutar alguma coisa, porém, analisei mais um pouco e pude notar algo encima da cama.

Com certeza não fui eu quem coloquei aquilo ali.

Pelo menos não era alguém, era alguma coisa. Mesmo com medo, me atrevi a dá passos a frente, andei mais depressa para ver logo e ter certeza de que poderia ficar fora do banheiro.

Era apenas uma roupa de dormir que havia ali, com total certeza uma serviçal deveria ter mexido nas coisas do guarda-roupa, mas se fosse ele, com total certeza, o meu eu de agora, tremendo de medo, não veria problema algum nisso.

Contando o medo, eu estava também com sono, "muuuito" sono, foi a primeira coisa que eu vi. Estava separada educadamente, tinha tudo que eu precisava ali, era só me vestir, e dormir.

Então o fiz, peguei uma escova e penteie meus cabelos, me deitei, e dormir, sem muita demora.

Um sonho escuro, vazio, eu me sentia perdida naquele local, estava sozinha. Escutava algo estranho, um som com um forte impacto, mas um pouco embaraçoso de entender.

Na verdade, acredito que o que estava embaraçoso de entender, era o que aquelas pessoas queriam dizer com aqueles gritos.

Tudo que eu compreendia eram fortes estralos, que em questão de segundos, silênciou todos os gritos. E logo após, pude ver a luz, abriu-se uma porta onde finalmente pude vê-lo.

Além da porta que se abriu, também abri meus olhos, só que ao invés de ver a luz, eu o vi, sim, é ele! Minha mente foi a milhão, e eu saltei da cama para me distanciar dele.

Que estava agachado, perto de onde eu estava deitada a alguns segundos atrás, e me olhava com uma certa fixação, assim como antes. Ele se levantou e pôs suas mãos no bolso.

O que o senhor está fazendo aqui no meu quarto?- Perguntei com meu coração palpitando ainda mais forte- Eu não te dei esse direito, saia daqui, agora!

Se eu fosse você, falava baixo...- Disse sereno, querendo impor respeito.

Iria respondê-lo na mesma hora um, há, vai a merda! Mas, pelo o que parece, o meu corpo não quis fazer isso, como também não quis entender os meus motivos pela pressa que me levantei.

A minha visão ficou turva e eu tive que me encostar em uma cômoda para conseguir ficar em pé. Minha cabeça pesou e eu tive certeza de que iria cair.

Você tá bem?- Ele perguntou, e pude escutar seus passos se aproximar de mim.

Não... preciso de você- Tentei dar alguns passos para frente, mas não consegui.

Vem- A voz de uma mulher chegou em meus ouvidos, e tentou me ajudar.

Não precisa, eu tô bem!- Tento afastá-la.

Estou vendo- Ela pegou na minha cintura e em um dos meus ombros.

Me ajudou a ir até a cama onde eu pude deitar novamente e tentar recobrar a consciência. Meus olhos doíam e clamavam ser fechados.

Eu acho que irei desmaiar.

Senti os seus dedos no meu pulso, e na minha jugular, é impressão minha ou ele está bancando o médico?

Fica tranquila, foi só uma lipotimia- Falou novamente com certeza e autoridade- Pode confiar, eu conheço quando alguém está morrendo- Sua frase irônica seguida de um riso me faz tremer- Eu espero que você durma e se alimente logo após. Não quero perder meu tempo vindo aqui pra tirar você daquele banheiro.

Mas não me tirou de lá- Responde sem ser grossa, eu desejava a morte, mas hoje ainda não queria descobrir sua maneira predileta de ver alguém morrendo.

E nem tiraria, você soube entrar, então saberia sair- Ele se afasta um pouco da cama- Agora vá dormir.

Eu queria que ele se retirasse de vez do meu quarto, mas tinha certeza que isso não iria acontecer. Minha visão voltou, e pude ver uma última coisa antes de cair no sono novamente, ele se sentando na poltrona distante da minha cama.

CONCUBINAOnde histórias criam vida. Descubra agora