Fugir do Destino

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O sol raiou pela minha janela coberta, eu não havia dormido, estava com medo de mais para conseguir dormir, quando fechava os olhos podia sentir alguém me observando, obviamente, coisa da minha cabeça, porém, para tirar seria difícil.

Rebecca...- América sussurrou ao bater na porta- Rebecca...!

O que foi?- Me levantei da cama percebendo a voz inquieta dela, abri a porta e ela entrou depressa.

Os empregados, eles chegaram- Respirou ofegante com a mão na cabeça- Como você vai conseguir ir embora assim?

Eu vou dá um jeito, não se preocupe- Disse, mas sem saber o que fazer.

Não dá pra dar um jeito, eles estão por toda a parte da casa- Se vira de costas.

Já sei!- Estralo os dedos, mas abaixei a voz quando me lembrei- Nas árvores, aqui tem segurança, não tem?- Ela me olhou e assentiu com a cabeça- Eles vão proteger o portão principal, e eu vou sair pelo caminho das árvores.

Será?- Ficou preocupada- E se eles acharem que você é uma invasora e dispararem contra você...- Me olhou ainda mais perplexa- Não, não, não, eu não posso deixar você fazer isso, fique aqui, iremos dar um...

Não, eu tenho que ir embora hoje- Seguro seus ombros- Quanto mais cedo melhor, eu não posso dividir a casa com um assassino- Ela tenta me interromper mas não deixo- Faça o que você iria fazer hoje normalmente, fique fora de casa por muito tempo, quando eu puder sair eu saio. Agora vá.

Mas Rebecca- Tenta novamente.

Sem, mas,  América, me ajuda que eu te ajudo a tirar essa preocupação das suas costas- A empurro educadamente para fora do quarto.

Quando ela sai começo a pensar em como botar meu plano em prática, vou até a janela onde eu tenho direito de ver ambos os lados, tanto o lado das altas e numerosas árvores, quanto a do portão principal, que eu vejo rodeado de pessoas com uniformes bem diferentes da dos policiais.

Óbvio né Rebecca, são seguranças particulares!

Tento achar alguma brecha entre as árvores para poder olhar do outro lado, porém, não dava pra eu ver nada, suspirando fundo e sem outras escolhas, decido ir tomar um banho e me vestir.

(...)

O tic-tac do relógio parecia demorar uma eternidade para passar, só fazia a minha ansiedade aumentar, mas algo que eu não contava aconteceu.

Chuva...- Sussurrei enquanto olhava pela janela enorme de casa onde só havia espaço para eu ver o lado de fora, graças as cortinas.

Esse povo não deixa abrir o resto das cortinas das janelas, não que eu me importe, já que eu prentendo ir embora em breve, porém, voltando ao caso, estava chovendo, e os trovões só demonstravam que a tendência era ficar mais forte.

Rebecca- América fala logo atrás de mim- Eu já estou indo- O silêncio se fez presente novamente, e pude escutar a respiração pesada de América- Eu não sei o que vai acontecer, e... e por isso te peço que não vá.

E você quer que eu fique aqui?- Sussurrei olhando de uma lado para o outro enquanto me aproximava dela- Pra conhecer o assassino dos meus pais, pra descobrir o que ele quer comigo, é isso?!

Eu não sei onde eu tava com a cabeça quando eu te contei isso!- Bate as mãos no vestido- Me deixa ir logo, e você, toma muito cuidado Rebecca- Pegou minhas mãos e olhou dentro dos meus olhos- Rebecca...- Me puxou para um abraço forte- Deus te acompanhe minha filha.

Obrigada América- Retribui seu abraço da maneira mais generosa possível- Só ele sabe do que você está me livrando.

Me segurei firme para não chorar, América, mesmo com êxito, foi embora depois do que poderia ser nosso último adeus. Assim que percebi que poderia colocar meu plano em prática, subi as escadas com pressa, porém, tentando não demonstrar.

Peguei a pequena bolsa e uma capa de chuva, ela ajudaria muito na minha fuga, poderia conseguir me camuflar entre as árvores até o outro lado, onde sairia pelo portão da casa de fachada.

Fiz tudo que tive que fazer e esperei dar uns quinze minutos. A chuva não iria cessar, então a maneira era eu me aventurar em pegar um resfriado e talvez morrer no meio do caminho de infarto, já que os trovões me davam cada susto maligno.

Sai do quarto e analisei o corredor antes de ir em direção as escadas, fui descendo devagar, sempre atenta a qualquer tipo de movimentação naquela casa, mas como eu já imaginava, os empregados estavam mais ocupados em outros salões dessa mansão, não tinha nem sentido de tanta precaução, mas todo cuidado é pouco, terminei de descer as escadas e quando ia me direcionando para cozinha.

Din dong...

O soar da campainha se faz presente, meu coração quase veio a boca, eu não sabia se corria dali ou se tentava afugentar a empregada que já estava vindo atender a porta. Se ela me pega com essa mala, vai fazer minha caveira pro assassino.

Pensa Rebecca, pensa!

Não precisa vir!- Disse quase em um grito- Deixa...- Limpei a garganta- Deixa que eu atendo.

Joguei a bolsa pra um canto escuro da escada, meu coração ainda estava acelerado, porém, a empregada parecia ter desistido de abrir a porta, e agora, essa missão seria minha. A campainha ressoa mais duas vezes com impaciência, eu tirei a capa e fiz com ela a mesma coisa que fiz com a bolsa. Podia ser América, mas também poderia não ser, andei com um pouco de medo e desconfiança, torcendo para que fosse América, e abri a porta.

...
Todos que frequentam essa casa tem que ser muito bem tratados, poucos tem acesso a campainha, então quando ela soar, e você ainda estiver aqui, tem que ir atendê-la, tratar quem estiver na porta com muita educação.
...

CONCUBINAOnde histórias criam vida. Descubra agora