–Talarico–
P: Acho que estou apaixonado 🌝
T: Até que enfim, bixa.
T: Ano novo começando com tudoooo!!!!
P: Hahahah
P: Não é pra tanto.
T: Bixa, você tem 19 anos e é a sua primeira paixão. É algo que devemos comemorar.
P: Então, vamos beber!!!!
T: Alcoólatra é foda 🤦🏻♂️
T: Primeiro me conta tudoooo e depois a gente bebe.P: Ok!
P: Barzinho hoje?
T: Sério?!
P: Eu pago!
T: Qual o horário mesmo?
P: Hahahah
Sim! Todos terão a mesma reação. Faz pouco tempo que eu me assumi para os meus primos e minha irmã – não é como se eu estivesse escondendo algo de alguém – porém, se você nunca "oficializar" as pessoas nunca terão certeza e tudo não passará de fofoca e especulações. E quando eu disse que me assumi, não quer dizer que eu tenha dito que sou gay, bissexual ou qualquer outro gênero. Eu só assumi que estou me descobrindo e pretendo me aprofundar mais em mim mesmo, sem rótulos.
Antes disso, eu vivia uma mentira em dizer que eu nunca havia beijado ninguém e que nunca havia feito nada, um verdadeiro santo. Só que como eu já havia dito, era tudo mentira. Não quer dizer que eu seja um puto agora; mas também nunca fui santo.
Bom, agora eu estou ficando ansioso para me encontrar com o Gustavo. Fofocar com ele é sempre uma das melhores partes do meu dia.
Levanto da cama e vou começar o meu dia. A casa está vazia como de costume e do jeito que eu gosto. Minha mãe e o marido dela foram trabalhar na empresa deles; minha irmã foi cuidar da padaria da qual ela é dona e o meio irmão mais velho saiu de casa quando se casou há três anos. Eu sou o único que não faz nada aqui em casa e me orgulho disso. Há coisa melhor do que ser herdeiro?
A maioria das pessoas não ligam tanto para isso. Qual o problema de ser rico e apenas isso? Já outras pessoas não digeriram. Pessoas da minha própria família que me chamam de vagabundo e sanguessuga. Eu apenas rio delas. Enquanto eu fico mais rico, elas trocam a janta pelo almoço.
Passo o resto do dia fazendo nada. Acho que estou vivendo pelo barzinho de hoje a noite. Eu não sou um alcoólatra como o Gustavo disse. Bebo apenas dois ou três copinhos e paro. Conheço o meu limite e depois da última vez que tive que ser carregado para casa, não quero beber nunca mais. Bom, beber daquele jeito hahah.
Taco perfume pelo meu corpo inteiro e estou pronto. A noite demorou, mas chegou. Não aguento mais esperar pelo momento da bebedeira. Digo, da fofoca.
Saio do meu quarto e apago a luz.
Vou em direção à garagem e assim que entro, o portão se abre. Minha mãe.
Ela diminui o farol, estacionou seu carro ao lado do meu e logo saiu vindo em minha direção.
– Pra onde você vai, mozin? – perguntou tentando me agarrar.
– Vou sair com o Gustavo. – digo tentando me proteger de seus beijos e abraços.
– Vai beber? – assenti – Então não vai de carro.
– Vou beber pouco, né! – revirei os olhos.
– Tem certeza? – joguei a cabeça para o alto e ela aproveitou para beijar meu pescoço.
– Para! – digo grosso.
– Qualquer coisa me liga. – assenti – Vai com Deus! – deu um beijo em minha bochecha e me deixou em paz.
Finalmente entro no carro.
– Quem diria que você chegaria primeiro?! – me aproximo dele e ele levanta de sua cadeira.
– Vocês duvidam muito de mim! – rimos.
Luís Gustavo é o tipo de pessoa animada; que sempre está ocupado no trabalho e aparece no grupo de amigos quase nunca. Tirando todos os defeitos de libriano que ele tem, ele é o meu melhor amigo. Já contei coisas para ele que nunca contei para ninguém e não vou mentir que fico com o pé atrás em relação a isso. O meu problema é que eu não consigo confiar em alguém 100%, então, sempre haverá essa tal desconfiança com todo mundo, até mesmo com a minha mãe.
– Então, vamos pedir? – perguntei sentando a sua frente.
– Se você pagar! – rimos.
Peço Sex on the beach e o Gustavo Mojito. Logo as bebidas chegaram e nós brindamos.
– Desembucha! – ele diz após dar um gole em sua bebida.
– Então, eu sai com a Clarisse esses dias e nós bebemos um pouco... – ele me fitou – tá, quase colocamos o pé na jaca – negou – vamos esquecer do fato dela ter apenas 15 anos, ok! – assentiu com falta de vontade – Ai nós estávamos lá na praça que ela queria tanto ir e passou um garoto bonitinho. Do nada surgiu uma vontade de conhecê-lo melhor e eu o segui, para pegar o Instagram.
– Você gosta de passar uma vergonha, né? – negou – Num toma jeito!
– Foi mais forte que eu.
– Aí, aí... Continua. – deu mais um gole.
– Ai primeiro eu disse que ele tem estilo e depois peguei o Insta dele. – sorri – Mandei mensagem no mesmo dia, pra não perder a coragem – ele riu negando – ele respondeu e nós fomos conversando.
– E é bonito?
Assenti e mostrei a foto.
– Delicinha! – gargalhei.
– Pode ficar pra você! – me olhou de lado – Provavelmente não vai dar em nada mesmo. Eu sou sem graça.
– Posso mesmo? – sorriu de lado.
– Claro! – assenti – Vamos fingir por um minuto que pela primeira vez da sua vida você vai tomar uma atitude e sei lá, vá ficar com alguém.
Eu sei que o Gustavo já ficou com um menino no passado, se teve mais alguém eu não me recordo. Porém, ele é muito de falar e não de agir. Eu sei disso por conta de vários meninos e meninas do Tinder que estão doidos (as) para ficar com ele e ele apenas ignora ou da alguma desculpa esfarrapa. Nunca entendi o motivo de ele não aproveitar essa liberdade, já que ele é tão solto e livre quanto qualquer um que eu conheça.
– Tu gosta de me ofender, né, Pietro? – assenti rindo.
– Desculpa! – joguei minhas mãos para o alto.
A noite me rendeu apenas duas bebidas como prometido e eu voltei para casa.
Assim que cheguei no meu quarto, me joguei na cama e desbloqueei meu celular indo direto ao Instagram. Entrei na mensagem que eu havia enviado para o menino estiloso "Henry" e ele não havia respondido. Sim, eu tive que mentir para o Gustavo não ficar rindo da minha cara. Fiquei encarando a conversa com apenas o meu "Oi!" e o visualizado dele de quatro dias atrás.
Enviei outra mensagem pedindo desculpas por ser inconveniente e que eu não deveria ter seguido ele, pois ele deve ter ficado desconfortável. Bloqueei meu celular e o deixei cair em meu peito. Hora de me arrepender por ter feito isso.

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PIETRO
Novela JuvenilPietro é um menino sensível, de poucos amigos e de muitos problemas. Ele não sabe ao certo a sua sexualidade, não consegue concretizar os seus sentimentos pelos outros, prefere ser uma pessoa reservada, mas nunca consegue escapar dos seus problemas;...