Capítulo 7

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Dias atuais:

– É muita audácia sua aparecer aqui!
– Fazer o quê? Eu gosto de ser audacioso! – deu de ombros e sorriu.
Começo a encostar a porta e ele coloca a mão, impedindo que eu a fechasse completamente.
– Você acha que é meu amigo? Que vai fazer as suas piadinhas e eu vou rir? – neguei com a cabeça – Por que você não vai embora logo e se poupa da humilhação?
– Porque eu preciso conversar com você. – silêncio – Sério! – revirei os olhos.

Fico encarando–o e ele está com uma cara de cachorro abandonado. Eu não sinto nenhuma pena e nem mesmo empatia por ele. Ele foi falso; duas caras; traíra... Enfim, ele era o meu melhor amigo e no final se tornou tudo o que falou que não seria. Devo dar a ele a oportunidade de falar ou eu não devo nada pra ele? Devo me rebaixar ou ignorá-lo como eu fiz nos últimos dois anos? O tempo está passando e eu só quero dar um soco na cara dele e fechar a porta depois disso.

– Eita! – Clarisse aparece atrás de mim – Eu queria ver o sangue rolando. Mas todos iriam me xingar por estar atrapalhando. Então, se matem – ela faz "valeu" com a mão, riu e se retirou.
– Já estamos aqui... – digo encarando–o e saindo da frente para que ele passasse.
– Obrigado! – diz entrando.
– Não me agradeça! – digo grosso – Não quero porra nenhuma vindo de você.

Ele foi em direção ao sofá em silêncio. Eu o acompanho, porém antes de sentar ao sofá, decidi fazer outra bebida para mim. Ai sim eu sento no sofá e espero ele se pronunciar, para que eu pudesse destilar todo o ódio que está dentro de mim em cima do mesmo.

– Bom! – pigarreou – Primeiro eu tenho que te pedir desculpas. Eu nunca devia ter traído você da forma que eu trai. Digo, não devia ter traído de nenhuma forma – eu continuo em silêncio – A verdade é que eu te amava...
– Que porra de amor é esse? – pergunto interrompendo–o – Que ao invés de tentar algo comigo, você ficou com alguém que eu já estava tendo algo nas minhas costas!?
– Então, eu fiquei incrédulo. – deu de ombros – Como assim eu não tinha você pra mim? Eu só queria você.
– Ai, para se sentir completo você foi lá e roubou um pedaço de mim?! – ri negando – Patético. Você é patético.
– Sério. Eu não sabia o que fazer e acabei indo pelo caminho mais fácil.
– Você não sabia o que fazer? – o olhei torto – Você me conhecia há anos. Éramos melhores amigos. Você não podia simplesmente me dizer?
– Eu tentei! – diz se aproximando e eu me afasto – Mas eu não tive coragem. Então eu fui deixando pistas. Coisas que só uma pessoa apaixonada faria...
– Pistas? – digo um pouco alto demais – Vê se eu tenho a cara de uma porra de um detetive – silêncio – Vai se foder, seu filho da puta. – neguei – Sabe o que eu acho? Que você ficou com medo que eu te magoasse e então você me magoou primeiro. E isso não é justo. – juntei minhas pernas no sofá – Você está vendo o quão fodida é essa situação? Já era antes de você abrir a boca; após então...

– O que você faria no meu lugar? – pergunta – Se você estivesse apaixonado por mim... – apontou para mim e depois para si.
– Nada! – olho para cima e nego – Porque jamais eu me apaixonaria por uma pessoa podre, ardilosa, sem caráter e pobre que nem você. – mordeu o lábio superior e assentiu.
– Nem quando éramos amigos?
– N–U–N–C–A – soletro. – Acho que essa nossa conversa já durou demais. Então... – dou um gole em minha bebida.
– Por favor, não me odeie para sempre! – levantou.
– Eu não seria capaz! – nego olhando em seus olhos – Daqui alguns dias eu me esqueço de sua existência. Como eu vou odiar alguém que eu nem sei que existe? – assentiu e eu levanto do sofá – Tenha um bom retorno para casa.

Ele passou por mim e logo saiu da casa.
Eu volto a respirar. Parece que a energia pesada dele estava sugando todo o meu ar. Respiro fundo e olho para o meu copo, quase vazio. Preciso de outro drink.
Preparei e voltei para a varanda, por mais que eu ache que deveria dormir.

– Será que nós podemos curtir antes de eu ir embora? – pergunto assim que chego e as meninas gritam.
– Como que foi lá? – Thayla pergunta.
– O quê?
– Com o Gustavo, né! – Ste parecia estar super curiosa.
– Quem é Gustavo? – neguei – Quer saber? Bebe, bebe, bebe e bebe! – disse para cada uma e todos nós viramos os drinks.

Por mais tarde que seja, o som está nas alturas e nós estamos dançando muito. Já perdi a noção de onde estou; quem sou eu e se isso é real ou apenas um sonho. Só quero aproveitar antes de voltar para a minha vida lá em Curitiba.

– Só pra deixar claro, eu não excluí o Gustavo da minha vida. – diz Clarisse no meu ouvido – Por mais que ele tenha sido um idiota, ele é meu melhor amigo e...
– Ok! – a interrompi – Eu não vou dizer com quem você pode ou não falar. Na verdade, eu nem ligo. Mas cuidado com essas pessoas que você chama de amigos. – ela assentiu.
– Estou muito feliz por você ter voltado! – ela me abraçou.
– Você sabe que eu vou embora amanhã, né?
– Fazer o quê?! – deu de ombros – Vou torcer pra mais alguém morrer, pra você voltar mais vezes. – nós rimos.

O final da noite foi ótimo. Fizemos bastante bagunça como antigamente. Eu apareci bastante nos stories das meninas, então o povo sabe que eu estou aqui e que eu estou vivo.
Felizmente a minha bateria social não demorou muito para acabar.
Subo e entro no primeiro quarto. Fecho a porta e coloco o meu celular para despertar, pois amanhã tenho que ir embora. Espera, coloquei para despertar ou estava fazendo contas na calculadora? Enfim...

Estou prestes a largar o celular quando chega um SMS, "Oi, Henry aqui. Será que podemos conversar?".
Será que eu não vou ter paz nessa vida?
Espero que isso seja imaginação ou um sonho.
Contrário a isso, a Thayla me paga.
O cansaço toma conta de mim e eu durmo antes de responder.

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