Oficialmente amigos

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-Você foi maluca! – declarou Diana na hora do almoço.

-Não fui, só devolvi na mesma moeda a grosseria dele.

-Você é minha salvadora. – Anne sorriu e logo suspirou pesadamente. – Eu provavelmente iria rebatê-lo, mas estava deprimida demais, e o seu jeito foi bem mais inteligente.

-Foi bem inteligente mesmo, ele nem pôde te castigar. – comentou Cole. – Todo mundo teria percebido que estava falando dele e seria humilhante.

-Ele tem que aprender a não destratar os outros.

-Bom, logo ele irá casar com a Prissy, só podemos esperar um professor melhor. – suspirou Anne triste. Então Rory decidiu mudar de assunto para animar a amiga.

-E como foi com o seu Gilbert, Anne?

-Não acredito que ele voltou, que dia horroroso para ele voltar! – lamentou a menina, mas depois ficou carrancuda. – Não que eu me importe, mas a última coisa que quero é Gilbert Blythe rindo de mim.

-Ele pareceu feliz em te ver, e não reparou no seu cabelo. – comentou Rory.

-Verdade, Anne. – incentivou Diana, leal a amiga.

-Não importa. Não tem importância o que ele acha de mim.

-Sabemos. – murmurou Cole, ironicamente.


Depois da alfinetada de Rory, o professor Phillips pareceu controlar mais sua língua, então o resto da aula só foi monótona mesmo. A menina queria que acabasse logo para procurar pela chave, ela deveria estar em algum cômodo de sua casa. Talvez em um dos cem quartos.

Quando o sino soou, Rory tomou uma decisão enquanto vestia o casaco.

-Não quero que fiquem me acompanhando. Eu sei que minha casa é sentido contrário a de vocês. – ela disse a Anne e Diana.

-Mas o Billy...

-Ele vai ter que me respeitar, nem que eu taque uma pedra nele. Não posso ficar dependendo dos outros, nem sempre terei vocês.

Anne e Diana se entreolharam receosas, mas concordaram. Até porque Anne queria ir correndo para casa esconder seus cabelos, ou a falta deles.

Então Rory aproveitou que os meninos ainda estavam saindo e foi logo rumo a sua casa.

Ela andava perdida em pensamentos, pensava na loucura de Anne, na sensação ruim de andar sozinha, no quarto de seu pai, em olhos cor de mel a encarando avidamente e no quanto ela podia tornar aquela escola mais progressista, na verdade ela precisava, estava sendo atrasada pela ignorância daquele professor.

Rory pensava e pensava até ouvir o som de galho se quebrando atrás de si. Ela paralisou e se virou pegando a primeira pedra que viu. Mas apenas um garoto ergueu as mãos em sinal de paz quando Rory estava pronta para acertar quem quer que fosse.

-Desculpe se a assustei. – Ele declarou. Rory abaixo a pedra sem graça ao ver o moreno ali.

-Tudo bem, é que o Billy estava me importunando, então estou meio paranoica.

-Eu entendo, posso falar com ele, se quiser. – o rapaz deu alguns passos se aproximando, mas parou numa distância segura e confortável a Rory. – Desculpe, acho que não fomos apresentados, meu nome é Gilbert.

-É, já fiquei sabendo. – Rory sorriu. – Sou Rory.

-Bom, Rory, eu moro para esse lado, então eu não estou te seguindo, só para não preocupa-la. – ele tentou sorrir, mas ficou sem graça, realmente se justificando.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora