(Não tão) Querido Gilbert,

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-Como anda os estudos, querida? – perguntou minha vó no alguns dias depois. Eu estava olhando pela janela, na esperança de vê-lo logo após o almoço e ela me tirou do devaneio.

-Está ótimo. Ironicamente estamos aprendendo mais sozinhos do que com o professor Phillips.

-Não duvido, você é muito inteligente.

-E o Gil também. – comento tamborilando os dedos impacientemente na mesa, ele já deveria ter chegado.

-Seu pai teria aprovado muito, se quer saber. – comentou a senhora sorrindo.

-Aprovado o que? Eu e Gil somos amigos.

-Ah, é claro. – a senhora riu.

-Não ria! Ele gosta da Anne, e é recíproco. – comento firme. – Eles formam um lindo casal, e já tenho até um plano para uni-los.

-Tem?

-Tenho. Porque está me olhando assim?

-Porque quer uni-los?

-Porque os dois são meus amigos, e eles se gostam. Que ideia, vovó. – comento rindo, mas logo me distraio quando alguém bate a porta e Gilbert entra, coberto de neve.

-Boa tarde, moças.

-Moças. Você me ganha fácil, rapaz. – minha vó riu. – Não sou chamada de moça há um bom tempo.

-Um ultraje. – Gilbert dramatizou indignado, fazendo minha vó rir. Ele desviou o olhar rapidamente para mim e depois olhou para minha vó.

-Conseguiu aquilo para mim? – ele sussurrou em tom conspiratório. Minha vó sorriu.

-É claro. – a mulher estendeu um livro preto para ele.



-O que é esse livro? – perguntei curiosa quando sentamos na biblioteca.

-Uma coisa valiosa. – ele comentou e abriu o livro, levo um susto ao perceber o que tinha ali dentro.

-Ela não fez isso.

-Não a culpe por cair no meu charme.

-Gilbert, me dê isso. – peço desesperada, mas lá estava ele, me detendo com uma mão enquanto com a outra folheava um álbum de fotos da família e via minha fotos bebês.

-Você tinha muita bochecha.

-Gilbert! – digo quase pulando nele, ele apenas se levanta e continua folheando as páginas.

-Me deixe ficar com uma, deixo até você escolher qual. – implorou o rapaz, rindo.

-Você é ridículo! – digo e finalmente pego o álbum de suas mãos.

Ia continuar insultando-o quando algo na foto chama a minha atenção. Meu pai me segurava nos braços para uma foto tradicional, o preto e branco estava levemente desbotado, mas a pequena Rory segurava um brinquedo e rapidamente me lembrei.

-Achei. – murmuro e deixo o álbum na mesa enquanto saiu correndo porta afora.

-Achou o que? – escuto Gilbert atrás de mim, mas estou concentrada e na expectativa enquanto ando apressada até meu quarto.

Entro em meu quarto e começo a caçar no meio dos meus antigos brinquedos.

-Dá para me falar o que você achou? -perguntou Gil que me olhava da porta.

-A chave! Estava comigo!

-Que chave?

-Do Jardim Secreto! Ah, a Anne vai pirar! – comento rindo.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora