𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞

O Mural de Interesses

Acho que eu e Gilbert Blythe conseguiríamos passar por isso bem, no fim das contas. Ele me esperou como sempre para irmos a escola na segunda, comentou sobre o livro novo que lia. Ele andava ao meu lado, mas mantivemos uma distância segura e cordial para o momento. Assim voltávamos, assim as coisas tomavam um percurso natural e mais seguro.

A semana poderia ter se passado despercebido se não fosse por uma agitação atípica alguns dias depois, numa quinta-feira. Assim que chego vejo Diana vir do outro lado esbaforida em minha direção.

-Rory, você precisa ver isso! – comentou a morena ofegante.

   Ela me puxou para a porta lateral, próxima a sala da senhorita Stacy. Todas as meninas estavam ali, e alguns meninos olhavam nervosos a certa distância.

-Reviveram o quadro de interesses! – comentou Ruby assim que viu as três amigas. – Meu nome está nele!

-Aposto que foi o Moody, ele não saiu do seu lado na noite de salão. – comentou Jane.

-Será? – Ruby olhou por sob os ombros e viu Moody, ela acenou para o rapaz, mas ele levou um susto e ia talvez sair dali, mas tropeçou numa pedra e caiu.

-O meu nome também está. – comentou Josie convencida. – Tenho certeza que é de Billy.

-Tem quase um mês que ele não vem a escola, Josie. Ele não viria aqui só para botar um bilhetinho. – Tillie comentou arqueando as sobrancelhas.

-Verdade, onde está seu irmão, Jane? – perguntou Diana. Sinto meu corpo enrijecer, mas Jane apenas suspira entediada.

-Está em Charlottetown. Ele ficará algumas semanas lá antes de começar a aprender os negócios de família, eu nem o vi partir. Acho que meu pai achou adequado ele começar a focar no que importa e largar a escola. Não faz diferença, ele era péssimo!

Olho para Gilbert atrás de mim, e ele mantem seu olhar tranquilo e sorri tentando me passar confiança, acho que ele devia saber disso.

Obviamente o mural de interesses se tornou o assunto da aula, naquele dia. Eu ouvia um risinho a cada meia hora e era sempre alguém passando bilhetinhos enquanto a professora estava concentrada em explicar equações.

Tudo estava indo bem até Gilbert, que sentava do outro lado do corredor, jogar um papel na minha mesa. Olho-o confusa e o vejo sorrindo.

-Passe para Anne. – ele sussurrou segurando o riso. Não entendi, mas passei para a ruiva a minha frente.

Anne estranhou o papel, mas o abre. Olho para Gilbert e percebo que Charlie ao seu lado parecia que estava prestes a desmaiar. Anne vira a cabeça em choque para a mesa onde estava Gilbert e Charlie. Charlie acena para ela, mas ela vira a cabeça em choque para frente, e fica assim até a aula acabar.

-Anne-Shirley Sloane. Não soa nada romântico! – resmungou a ruiva na hora do intervalo.

-Admita que foi um ato de coragem. – comentou Diana.

-Coragem e tristeza! O Charlie é tão... Charlie!

-Está sendo severa com ele. – comento dando uma mordida na minha maçã.

-Ele sempre está olhando para você, Anne. Sei porque sento atrás dele. – comentou Cole.

-Gilbert deve ter mandado ele fazer isso só para acabar com a minha vida.

Sorri e decidimos encerrar o assunto, mas Anne parecia determinada a lamentar seu pretendente inesperado.

-O Charlie? Quero dizer, não estava com as expectativas muito altas, afinal, eu sou ruiva! Mas o Charlie?!