Eu sinto muito

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A senhora Gilmore parecia uma criança, ela se assustava com cada beco que viravam até finalmente acharem a porta escondida. Ela riu enquanto desciam as escadas e suspirou de deleite ao finalmente chegar ao jardim. Apreciou a extensa coleção de flores no pátio e Rory a empurrou algumas vezes no balanço. Foi um momento muito bonito entre as duas.

-Que tal aqui? – perguntou a senhora olhando um pequeno morrinho perto do riacho.

As duas se sentaram no chão, sujando as roupas e rindo muito. Rory viu sua avó mais leve, mais jovem enquanto separavam cada broto e plantavam em fileiras.

Rory mostrou a flor de chocolate e depois o chafariz de anjo do outro lado da ponte. Mostrou a coleção de estátuas de Cole e o clube do livro a qual Anne estava montando com ripas de madeira. A senhora olhava tudo com olhos brilhantes, como se finalmente tivesse aberto um livro que há muitos anos ouvira falar, mas nunca pudera ler.

-Vovó, achei uma macieira. Quer uma... maçã?... Vovó?

A menina olhou em volta, mas a senhora havia sumido atrás de si. Ela voltou pelo caminho e viu a senhora com os pés na água. Ela olhava o riacho quieta e Rory se aproximou devagar.

-Tudo bem, vovó?

A senhora abriu um pequeno sorriso e Rory percebeu que o rosto da senhora estava úmido, como se algumas lágrimas tivessem escapado.

-Está sim. Eu... eu tinha medo de achar aqui um dia, sabia? Depois que ele morreu. Ele falava tanto daqui, ficava tanto tempo aqui... e seu pai era...

Ela não terminou, uma lágrima desceu e Rory a abraçou com força.

-Ele era tão bom! Céus! Era tão gentil e brincalhão! Era tão generoso e feliz. Ele via felicidade em tudo! Ele... tornava o mundo tão florido.

-Eu sei vovó.

-E aí você chegou. E estar aqui... obrigada. Eu não teria suportado! – ela sussurrou e Rory chorava, mesmo que não soubesse o porquê.

-Obrigada por me mostrar aqui. Eu quase posso ouvir a risada dele uma última vez, é como se uma pessoa pudesse se transformar num lugar e ele está impregnado em cada pedacinho daqui. – ela murmurou dando uma última olhada no lugar e se virar para neta. – Acho que já posso ir, querida.

As duas voltaram para casa de braços dados. Rory sentiu que aquele momento foi muito importante para as duas e então voltaram em silencio. Por um segundo Rory estranhou Anne e Diana correndo pela entrada da casa.

-Saiu o resultado! Rory! Saiu... o... resultado! – Gritou Anne ofegante.

Rory olha nervosamente para a avó que sorri.

-Estou orgulhosa de você independente do resultado. Vai lá!

-Quer que eu fique aqui? Posso pedir para eles verem.

-Oh, não! Aproveite os seus joelhos jovens para correr, eu vou deitar um pouco. Foi muita aventura pra mim hoje, me acorde quando voltar. Quero saber como você e Gilbert foram, está bom?

-Ta bom, vovó! – Rory a abraçou rapidamente e saiu correndo em direção as amigas.


Gilbert quase não as alcançou, Anne corria muito rápido, e de repente todos estavam se amontoando ao lado de fora da escola, no mural de avisos um pouco depois do oficial ter pregado. E pela primeira vez não era para ver se havia algum pretendente a espreita.

-Anne e Gilbert empataram! – gritou Diana e Rory abraçou o rapaz.

-Rory... nossa! Você passou em primeiro lugar! – gritou Anne.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora