Você é um covarde!

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AVISO: Este capítulo pode conter gatilhos de violência.

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Acordo com uma grande dor de cabeça. Mas logo ela evapora quando lembro que dormi com, provavelmente, uma fofoca sobre mim correr por aí.

Era sábado, então visto o roupão e desço correndo, escuto o som de talheres e sei que minha vó está tomando café da manhã na sala de refeições.

-Bom dia, dorminhoca. – ela sorri para mim bem humorada.

Fico parada e começo a avalia-la. Ela não perguntou nada, não me olhou feio e voltou a comer normalmente, parecia de tranquila. Então talvez ninguém tenha contado a ela. Suspiro aliviada.

-Oi vovó, bom dia.

-Bela manhã de sábado. Espero que seus amigos tenham gostado da festa. Ouvi do meu quarto a cantoria.

-Eles gostaram sim. – digo pegando uma torrada e passando geleia, sorrindo.

-Que bom. Soube que se divertiu bastante também.

-Sim, eu e Anne dançamos mui...to. – digo e a ficha vai caindo enquanto ela me olha de forma intensa. Sinto minhas bochechas corarem. – Vovó, não é o que está pensando, eu posso explicar.

-Ora, querida. Eu já tive sua idade, sei o que é dar uma escapulida para namorar.

-Não estávamos namorando! E eu não escapuli para isso!

-Os jovens estão dando que nome para isso agora?

-Vovó... não é do jeito que chegou para você. Nós só estávamos conversando e...

-E...? – a senhora sorriu.

-Nos olhamos e... nos viram. Fiquei com medo de passarem outra coisa para a senhora ou de se espalhar.

-Fique tranquila, querida. Minhas criadas são de confiança, e só chega até mim o que é necessário. Quem vai me dar os detalhes é você, se preferir.

-Fico mais aliviada. Porque realmente não estávamos fazendo nada de errado, Gilbert jamais me desrespeitaria.

-Eu acredito. E infelizmente acredito que não fizeram nada de errado. – suspirou a senhora, desaprovando.

-Vovó!

-Nem um beijinho? – ela perguntou esperançosa.

-Não, vó. – digo emburrada, ela suspira decepcionada.

-Vocês são muito devagar, por céus! Holanda, eles não são devagar? – ela perguntou e logo reconheço a criada que nos viu, ela escondeu um sorriso.

-Acredito que sim, senhora Gilmore.

-Pois bem. Na minha época não éramos tão devagar.

-Eu e o Gil somos amigos. Foi só um momento esquisito.

-E o que fará sobre este "momento esquisito" que tiveram?

-Não sei. Talvez ele finja que nada aconteceu, então poderemos seguir isto adiante.

-Você acha que ele fará isso? Gilbert é um cavalheiro.

-Por isso mesmo. Ele verá que foi um momento precipitado porque preza a nossa amizade. – digo com certeza.

-Sei bem. – murmurou minha vó irônica, mas eu simplesmente a ignoro, dando uma grande mordida na torrada. Não queria pensar no que aquele quase beijo poderia significar.


・✻・

Eu torci muito para que Gilbert fingisse que nada aconteceu, mas eu só não considerei que talvez ele não quisesse mais falar comigo, ou pior, fugisse.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora