O Casamento de Prissy

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A nevasca havia terminado e apenas um vento gélido nos abraçava nesse fim de inverno. Só fui ver Gilbert ou ter notícias suas depois de sua carta quase uma semana depois.

A casa dos Blythe estava passando por grandes necessidades de comida boa, então no primeiro sinal do fim da nevasca, fui presentada com o rosto de Gilbert e Bash em nossa casa como dois cachorros abandonados e enrolados em mantas grossas.

Então nos últimos dias, temos recebido muitas visitas tanto do Blythe quanto de Bash para o chá da tarde. O que Bash amava porque nossa lareira era enorme e tinha espaço suficiente para eu e ele zoarmos o Gil.

-Bash, como aguenta esse lerdo 24 horas por dia? – pergunto servindo chá para o homem.

-Olha, Rory, você fez uma excelente pergunta. Com certeza tem intervenção divina no caso.

-Vocês gostam mesmo de mim? – perguntou Gilbert do outro lado da mesa, lendo o livro de medicina do meu pai.

-O que você acha, Bash?

-Hm, não sei. Acho que devemos gostar.

-Possivelmente. – concordo séria. -Hey! – grito quando ele taca um biscoito na gente.

-Olha, é meu preferido. – comentou Bash pegado o biscoito do casaco e comendo, Gilbert revirou os olhos fazendo as Gilmore rir.

Hoje finalmente era domingo, mas iríamos a igreja para outra finalidade: seria o então casamento de Prissy.

A campainha tocou e foi instintivo sorrir ao ouvir a voz contagiante de Bash no andar debaixo. Como ainda tinha muita neve para caminhar, vovó convidou nossos vizinhos para nos acompanharem até a igreja em confortáveis e aquecidas charretes. Bash quase se jogou aos pés dela de gratidão.

  
         
Ajusto as mangas do vestido e as fitas no cabelo meio solto, ultimamente sinto que vermelho tem sido uma cor muito mais agradável. Obviamente não estou usando o mesmo vestido do Natal para não dar motivos de sorrisos insinuantes do Blythe, mas achei um outro bem mais bonito do que aquele na mesma cor, e um laço em veludo que ficou mais gracioso.

Desço animada, amava casamentos, mesmo que fosse contra a este, em particular. Antes de chegar ao fim da escada vejo dois pares cor de mel me observando. Sou agraciada com a imagem incomum de Gilbert de terno, me apoio no corrimão porque me pego apreciando-o.

-Está tão bonita, querida. – comentou minha avó surgindo atrás de Gil.

-Ela está mesmo. – murmurou o rapaz, e de perto seus olhos estavam mais claros que o normal.

-E você está para o gasto, pinguim. – brinco, para tentar ofuscar o fato de eu ter ficado sem jeito, ele abre um sorrisinho, mas não desvia os olhos de mim, aliso a saia para tentar disfarçar.

-Vamos, acho que o Blythe esqueceu que precisa piscar. – comentou Bash fazendo minha avó rir.

Eu apreciei minha vó e Bash terem uma conversa calorosa sobre a primavera chegando enquanto eu admirava a vista invernal pela charrete.

A verdade é que eu sentia olhos sobre mim, e fingir estar concentrada em algo era mais fácil do que ter que lidar, mas ele simplesmente não desviava.

-Se minha roupa estiver suja é melhor avisar agora. – sussurro ainda olhando a janela e Gilbert sorriu.

-Queria que fosse este o meu motivo. – ele sussurrou, disfarçando finalmente o olhar.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora