Sem Camisa

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Reviro os olhos e abaixo para desatar as botas e a meia calça, tiro o laço e desato o avental, as vezes eu parava e via Gilbert me olhando, ele virava e disfarçava o olhar.

-Você disfarça mal, sabe disso né. – digo rindo, deixando as coisas no canto e me aproximando da margem do rio.

-E mesmo assim você não percebe. – ele estende a mão. – Vem, eu te seguro.

Seguro em sua mão e me sento na borda do rio. Minhas pernas dentro da água, e ela parece muito agradável. Ele me oferece a outra mão, mas olho para além dele, parecia mais fundo do que eu achava.

-Tudo bem, a água aqui só bate no peito. – ele comenta.

Inclino o corpo para frente e Gilbert me segura pela cintura e me desce devagar dentro da água. Sinto meus pés tocarem no fundo do lago e suspiro aliviada.

-Nada mal, principiante. – ele comenta debochado.

   Me solto de seus braços e jogo água nele.

-Foi fácil. – dou de ombros.

-É? Então que tal ir até o outro lado? – ele pergunta arqueando as sobrancelhas.

-Não estou afim, acabei de comer e faz mal fazer exercícios.

-Vem logo, sua medrosa. – ele estende a mão. – Inclina o corpo pra frente e só vai movimentando as pernas, eu vou te levando.

Gilbert segura a minha mão e ele me puxa para frente, dou um gritinho porque sei que estou saindo da borda rasa. Ele vai me puxando e eu vou me movimentando, torcendo para não morrer.

De repente suas mãos se soltam das minhas e eu sei que estou no meio do lago. Já me preparo para me desesperar e me debater, mas ele para ao meu lado e apoia a minha barriga, me mantendo deitada de bruços na água.

-Continue movimentando os braços e as pernas. – ele diz.

Movimento os braços e continuo nadando, consigo sair do lugar e ele continua me guiando e me mantendo flutuando. Gil vai soltando a mão da minha barriga e eu não afundei. Quando vi estava nadando sozinha.

-Ah, eu não morri! – digo enquanto nado em direção ao outro lado. Paro e penso em virar para olhá-lo, mas quando me levanto não sinto o chão e me afundo, me debato na água tentando subir, mas sinto suas mãos me puxar para cima e me segurar.

Inspiro o ar e tento controlar o coração. Gilbert me segura e a ideia de estar parada no meio do lago era horrível agora que senti que o fundo era mais longe do que eu achava.

-Você tá ótima, é assim mesmo. – ele comenta sorrindo.

-É fácil dizer isso já que sabe nadar. – digo mal humorada. – Me leva de volta.

-Eu não. – ele diz se divertindo as minhas custas.

-Gilbert, eu juro que se eu morrer eu te levo junto.

-Você não vai morrer, eu estou te segurando. – ele continua rindo do meu desespero, penso em bater nele, mas só estou flutuando porque suas mãos me sustentam. – Você ia me bater, vai em frente. – ele comenta com um sorrisinho debochado.

-Eu não, estou zelando pela minha vida. E estou começando a achar que gosta de apanhar. – digo para implicar.

-Na verdade, você é meio fraquinha. – ele dá de ombros e eu reviro os olhos.

Olho dentro da água, vejo nossos corpos turvos e bem embaixo estava tudo escuro. Meu deus, isso era muito fundo! Me apoio em seus ombros com uma força desnecessária, com pavor dele soltar.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora