Devia ter contado a ele

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-Eu odeio todos os homens, eu odeio, eu odeio, eu odeio! – Esbravejou Anne tacando uma pedra com força dentro do lago.

-Todos? – Cole perguntou arqueando as sobrancelhas.

-Bom, quase todos. – a ruiva suspirou e olhou Rory. – Isso é tão injusto! Porque você precisaria de um homem para assinar os papéis de um bem que é seu por direito! Meu Deus, ela era a sua avó!

-Pois é. – murmurou Rory, mesmo que estivesse meio distraída trançando o cabelo de Diana. Já havia sentido tanta raiva e injustiça que estava apenas esgotada.

-E esperar até os dezoito para a herança do seu pai ser válida? Odeio homens! – continuou Anne quase gritando de raiva.

-É porque em teoria ela está sob a tutela da avó. – explicou Diana. – Eu vejo aos montes casos assim. Tem muitas mulheres na minha família, a maioria se casa para resolver o problema.

-Bom, mas não será preciso. – Rory finalizou a trança e Diana sorriu satisfeita.

-Meu pai falou que as maçãs dos Blythe são um sucesso na Inglaterra, eu sempre me esqueço que o Gilbert tem uma renda boa. – Murmurou Diana pensativa.

-Mas eu vou pagá-lo. – Respondeu Rory sem jeito, ela odiava a ideia de depender de outra pessoa, mesmo que soubesse que Gil fazia de coração, era uma sensação horrível ter a sua vida na mão dele, piorava muito isso acontecer pelo simples fato dele ser homem.

-Pronto, terminei. – Arfou Cole sorrindo, encerrando o assunto.

As meninas se levantaram e foram para perto do balanço, ao lado da árvore onde a senhora Gilmore plantou as flores para o buquê da Rory, agora havia um pequeno pedestal e o desenho da senhora bem guardado dentro.

-Bom, agora você também protege o jardim, vovó. – sussurrou a menina antes de abraçar Cole pelo trabalho.


・✻・

-Você só precisa mexer a panela, não é como se o ensopado fosse criar pernas e fugir, querido. – comentou Mary pacientemente ao lado de Gilbert que segurava a colher de pau como se fosse atacar alguém.

-Desculpe. – ele murmurou e tentou segurar "do jeito Mary" e só ficou mais engraçado.

-Desiste, amor. Ele não tem jeito. – murmurou Bash, mesmo que estivesse concentrado no tabuleiro.

-Não, é engraçado ver ele tentando. – contrapôs Rory. – E... cheque matte!

-O que? Como? Mas você estava ali! Ah, desisto! – resmungou o homem.

-Ótimo, minha vez. Ajude ele! – disse Mary tirando o avental e jogando para Bash.

A mulher sentou-se à mesa da cozinha e ajustava o tabuleiro com Rory para mais uma partida, as duas tentando esconder o sorriso vendo a cara de desespero dos dois rapazes.

-Gilbert, segura essa colher direito! – comentou Bash sem paciência.

-Então faça você!

-Ah, com a Mary você fala manso, né?

-É claro! Ela é uma pessoa maravilhosa ao contrário de você.

-Tu me respeita, garoto! Ainda consigo te dar uns tabefes!

-O ensopado tá queimando. – comentou Mary sem virar a atenção do jogo.

-O que eu faço? – Gilbert sussurrou a Bash, mas as meninas conseguiam ouvi-lo.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora