Dois bobões

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Ansiosamente, ao final da aula Cole segurava um Charlie vendado a sua frente enquanto o grupo avançava até o Jardim.

-Ele irá descobrir. – gemeu Anne.

-Não irá, ele está vendado. E ele nem está se esforçando para descobrir, coitado. – comentou Rory olhando o rapaz que já havia batido duas vezes numa árvore num descuido de Cole.

-Chegamos. – comentou Diana abrindo a porta escondida no muro de heras.

Anne e Rory foram a frente para mostrarem o estreito e escondido caminho que levou ao pequeno santuário da flor. Todos ficaram bem fascinado pelo lugar isolado entre árvores no topo do morro. Cole tirou a venda de Charlie que piscou um pouco surpreso.

-Isso é em Avonlea mesmo? – o rapaz olhou em volta bem fascinado.

-Sem olhar muito. – ordenou Anne e o rapaz sobressaltou, voltando ao foco.

Charlie se abaixou no centro onde a flor estava. Ela era um vermelho bordô e tinha quase um metro de altura.

-Ela não pode receber água ou sol diretamente. – O rapaz olhou em volta e sorriu. – Estão vendo naquelas árvores, os prendedores? Havia uma lona protegendo a planta. Deve ter rasgado ou voado com algum vento ou pelo tempo.

-Acho que devo ter alguma coisa em casa que possa cobrir. – comentou Gilbert pensando.

-Não precisa. – o rapaz sorriu e foi até sua mochila. – Quando passei em casa, peguei tudo o que pudesse servir. Eu trouxe uma lona.

Todos sorriram maravilhados ao verem o rapaz tirar a lona da bolsa. Cole e Gilbert o ajudaram a prender nos prendedores nas árvores e ficar uma sombra agradável ali em cima, como uma cabana.

-Ela vai ser regada por isso aqui. – comentou ele tirando um tipo de garrafa bem cumprida e fina de vidro.

Ele quebrou a base debaixo e enfiou a boca da garrafa bem fundo na terra. Com um copo cheio de água jogou a água pelo buraco na base.

-A água vai ir mais fundo na terra, alcançado só as raízes principais que vão sugar a água. Um copinho por semana é suficiente e se limpar as folhas com um pano úmido o cheio de chocolate ficará ainda mais gostoso.

Todo mundo tirou um minuto para cheirar e apreciar a flor e comentarem sobre o lugar antes de decidirem ir embora, todos eles já estavam se preparando para os exames de Queens então talvez visitariam bem menos o jardim nos próximos dias.

Rory se virou conversando com Diana quando sentiu alguém ficar para trás. Gilbert olhava atento alguma coisa na flor e exibia aquela cara confusa que era própria dele.

-Esqueci minha bolsa, vão indo. – murmurou para Diana e voltou até o rapaz.

-Oi, tudo bem? – perguntou a menina baixinho.

Gilbert apontou para o solo onde a planta estava enterrada, havia um tipo de corda para fora, e uma pedra branca bem presa ao lado.

-Quando eu era pequeno, meu pai falou que havia guardado uma caixa de memórias com um querido amigo numa flor de chocolate. Obvio que eu achei que ele estava contando histórias.

-Você acha que pode ser?

-Eu não pensei, de primeiro momento, mas quando eu vi essa marcação escondida meio que me voltou essa memória. – o rapaz olhava para o lugar um pouco angustiado.

Tudo ficou silencioso. Rory olhou pelo caminho e ninguém havia notado a falta do casal, ou pelo menos decidiram não voltar para verificar. Então Rory se virou e foi até um arbusto ao lado e pegou a bolsa de Gilbert.

𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora