Cartas para você - Livro 2

A confissão

Meu Estranho,

Demorei admitir até para mim mesma que já estou apaixonada por você. Não sei quando ou como, mas estou totalmente rendida a você. Só em saber que toda semana receberei uma carta sua, já é um motivo para me deixar feliz. Então, é claro que pode me chamar de sua, por que posso reivindicar o mesmo direito.

Embora eu saiba, e você já tenha dito um milhão de vezes que ainda não pode revelar seu nome, eu lhe garanto que não importa o que você tenha feito ou por qual pecado esteja se punindo, eu garanto que já foi perdoado. E se tudo o que me disse em suas cartas foram verdades, você é um cara excepcional, que erra, mas que está sempre disposto a corrigir.

Eu acredito em você. Eu confio mesmo sem nunca ter ouvindo o som da sua voz. Se o seu medo é de que a verdade possa me prejudicar, então você está enganado, ver você, sentir você, será a minha salvação. Eu te esperei a vida inteira, acha mesmo que vou deixar você partir logo agora?

E me perdoe se estou abusando, mas será que poderia me enviar algo seu? Qualquer coisa que deixe mais próximo de você?

 

Agora e sempre, sua Ivy.

Por essa, eu realmente não esperava. Ela admitiu. Meu Deus. Depois de longos meses escondendo esse sentimento, sem poder falar, agora ele estava concretizado. É tão bom que estou cogitando se não estou sonhando.

Em meio a um ataque de pânico e uma vontade de soltar fogos, é claro, se eu tivesse fogos aqui comigo. Enfim, eu estou quase gritando no quarto. E me arrisco a dizer que estou fazendo papel de bobo, mas quem se importa?

- Ela me ama. Ela me ama. — Comecei a repetir em voz alta para que assim parecesse realidade.

Fui até o guarda-roupa e peguei a caixa onde guardo todas as suas cartas enumeradas pela data de chegada. As guardo como se fosse meu maior tesouro. O que na verdade é.

Eu amo Ivy. Incondicionalmente.

Entre as cartas, pego uma foto da Ivy antiga, do tempo em que ela ainda os usava cacheados. Eu adorava seus cachos. Quando ela estava por perto, era como se eu estivesse ao lado de um anjo, uma bem travessa, mas ainda assim um anjo.

- Você está disposta a me aceitar do jeito que sou. Mesmo sem saber os meus motivos que me levaram para longe. Não posso querer prova maior. Mas o medo da rejeição ainda me assusta... E muito, tanto que faz ser um pouco covarde. — Falei olhando para a foto.

- Então é ela a garota das cartas?A garota por quem você está sempre suspirando? — Disse Raquel tomando a foto da minha mão.

- Como você entrou no quarto?

- Com qualquer outra pessoa... Pela porta.

- Já não conversamos sobre isso? E me devolve essa foto... — Falei tomando a foto de volta.

- Ei, calma aí nervosinho. Bati na porta várias vezes. Não tenho culpa se você estava tão distraído que não me viu entrar. Quem é ela?

- Uma pessoa que não é da sua conta, ok?

- Uau! Nunca te via assim, zangado. É apenas uma garota em uma foto. O que a torna tão especial?

- Ela é especial.

- Você gosta dela.

Não foi uma pergunta.

- Acho que isso também não é da sua conta. — Cortei.