O fim de tudo

3.8K 496 14
                                    

Quando reconheci Otávio, eu sabia que estava em uma grande roubada. Ele era um dos grandes peixes na venda de drogas. Cedo ou mais tarde ele me encontraria, só não esperava que fosse tão cedo e que Ivy estaria comigo.

Deixá-la para trás foi o melhor que eu pude fazer. Otávio não era conhecido por sua gentileza, e creio que ele só a deixou ir por que achou que eu estava com seu dinheiro, o que não era verdade.

Diogo era quem cuidava dessa parte, eu apenas repassava as drogas. Tive que mentir para salvar Ivy, eu não permitiria que Otávio tocasse em um único fio de cabelo dela.

Eu estava em uma bela enrascada. Teria que pensar em uma saída, e teria que ser rápido. Com os quatro estando armados, eu não poderia tentar uma fuga, seria morto antes mesmo que me pulasse da moto.

Fomos direto para a baixada, um lugar que por muito tempo fui visitante. Metade da minha renda saía daqui. Ainda era cedo, mas mesmo assim, alguns dos moradores já estavam trancados em suas casas, sinal de que o dono da favela ainda reinava por aqui.

Otávio estacionou sua moto na entrada de uma casa cercada por grades. Vários homens armados faziam a segurança do lugar. Se eu estava pensando em fugir do lugar, eu poderia esquecer de imediato a ideia. A casa era uma verdadeira fortaleza.

Rodolfo desligou a moto me obrigando a descer. Sem nenhuma educação me empurro para que eu entrasse na casa. Já dentro delas, encontrei mais cinco ou seis caras armados, alguns assistindo jogo, outros jogando conversa fora.

- Pessoal, olha quem eu encontrei perdido na cidade... Nosso amigo Pedro. - Disse Otávio.

Todos olharam para minha direção, alguns não esboçaram nenhuma reação. Para eles pouco importava quem eu era.

- Vem cara, vamos tratar de negócios. - Otávio passou o braço sobre meus ombros e saiu me conduzindo por um longo corredor.

Apenas Rodolfo e outro cara armado nos acompanharam. Seguimos por um longo corredor até chegar a uma sala ampla e totalmente lotada de armas. Eu deveria esperar por isso, mas ainda assim tomei um belo susto com a cena.

- E então, o que achou da minha pequena coleção? - Otávio perguntou depois de ver a minha cara.

- Bem... Posso dizer que você investiu muito bem o seu dinheiro. - Tentei soar normal.

- Quando eu era criança, sonhava em ter uma coleção de carrinhos em miniatura... Mas hoje, chegar aonde cheguei, isso aqui é mil vezes melhor.

Otávio andou até onde estava uma mesa e sentou na ponta dela cruzando os braços.

- Chega de falar sobre o meu investimento, onde está o meu dinheiro?

Havia chegada a hora. Eu falaria a verdade e morreria no mesmo instante, ou inventaria uma mentira para ganhar tempo.

Acontece que a segunda opção não era uma boa ideia, já que eles eram quatro e eu estava sozinho. A chance de sair vivo e ileso desse lugar é quase nula.

Pensei, respirei, imaginei o medo que Ivy deve ter sentindo quando fomos abordados, a maneira como ela ficou quando não a deixei vir comigo... Eu estava pesando tudo antes de dar a resposta.

Eu só tinha uma saída, contar a verdade e arriscar a sorte.

- Eu não estou com seu dinheiro Otávio.

Ele me olhou por alguns segundos, antes de se endireitar na mesa.

- Acha que sou algum tipo de idiota Pedro?

- Nunca pensaria isso.

- Bem, então você deve ser o idiota aqui por se negar a falar onde está o meu dinheiro, vendo que pode levar um tiro na cara por isso.

Cartas para você - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora