Cartas para você - Livro 2

Conversa franca

Minha Ivy,

Estou muito feliz por sua saída e devo dizer que você não precisa ter medo. O grande dia chegou e finalmente irá poder voltar com sua vida ao normal.

Você é a garota mais forte e mais incrível que já conheci. Todos que estão ao seu redor te amam e aposto que vão fazer uma festa para comemorar sua saída.

Esqueça os seus medos e os "se". Ninguém tem o direito de lhe julgar, confie em você mesmo e tudo dará certo. Eu confio em você. Não estou por perto, mas feche os olhos e imagine que estou agora ao seu lado segurando sua mão.

Está sentindo um pequeno formigamento? Sou eu acariciando seu rosto e prometendo que não deixarei nada e nem ninguém roubar o seu sorriso outra vez.

 

PS: Acho que estarei em frente ao portão quando você for sair, só me avise o dia e a hora.

 

Seu F.

 

Ai meu Deus!

Eu não acredito. Finalmente.

Agora não sei o que fazer. Se estava uma pilha de nervos desde que André me deu a notícia que eu iria sair em breve, agora eu vou surtar de vez. Depois de meses tentando adivinhar quem era o meu Forasteiro, agora ele vai ser real e ainda vai estar me esperando no portão.

Se eu soubesse que ele resolveria aparecer quando eu fosse sair, já teria dado um jeito nisso a muito tempo. Agora não sei como vou reagir, não sei se o abraço assim que o ver ou se deixo ele ter a iniciativa. E o seu rosto, como será? Quem será? Nossa Senhora das Ivy's desesperadas, agora é uma boa hora de aparecer e me socorrer.

Guardo a carta junto com as outras e me apresso para sair do meu quarto. Preciso muito conversar com André. Só ele vai saber o que me dizer em relação ao meu Estranho. Quando abro a porta eu literalmente me choco com Gustavo.

- Uou! A onde pretende ir com tanta pressa assim? – Diz me exibindo um pequeno sorriso.

- Gustavo... Hum... Oi... – Falei surpresa, já que fazia dias que ele evitava falar comigo.

- Eu precisava falar com você, quer dizer, eu preciso falar com você.

- Agora? Tipo, nesse momento?

- Sim, claro se você ainda quiser falar comigo. Andei um pouco afastado...

Acho que minha conversa com André poderia esperar um pouco. Eu também estava querendo conversar com Gustavo, mas como ele estava me evitando, achei que precisava de um tempo sozinho para pensar.

- Claro que eu ainda quero falar com você. Entra. – Falei dando espaço para que ele entrasse.

Gustavo caminhou até a cama, mas não se sentou. Por alguns segundos ficamos em um silêncio constrangedor, até que ele resolveu falar.

- Eu sinto muito por aquele dia na estufa. Eu achei que você estava na mesma sintonia que eu e que estava com vergonha de falar... Então eu pensei que se eu tomasse a iniciativa, você confessasse que também estava gostando de mim, mas acabei me confundindo e te deixei sem reação.

Eu me aproximei.

- Gustavo, desde que entrei aqui, eu tive todos como amigos, inclusive você. Lembro-me que na minha primeira noite, quando eu estava ao ponto de chorar, você veio falar comigo, e com suas palavras de segurança, de força, me fizeram entender que eu deveria estar aqui e passar por essa fase para poder depois retornar com minha vida. Naquele momento, você foi tudo o que eu precisei, e nunca vou me esquecer.