O confronto

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Ainda fico mais algum tempo no aeroporto na esperança que algum voo resolva sair, mas logo desisto e sigo para a saída. Estou muito zangado, na verdade estou muito puto. Se eu pudesse pôr minhas mãos no pescoço da Raquel nesse momento, acho que a mataria.

Consigo uma nova carona de volta para casa com seu José. Ele tem uma quitando de remédios caseiros e enquanto seguimos para a vila, ele tenta puxar conversa. Não falo muito, por que não consigo parar de pensar em como Ivy vai ficar desapontada quando perceber que eu não vou aparecer.

Passei a noite imaginando nas primeiras palavras que trocaríamos e queria pegar o seu olhar de surpresa quando descobrisse minha identidade. Mas isso não irá acontecer, pelo menos por enquanto e tudo por causa da Raquel.

Essa garota ultrapassou todos os seus limites dessa vez. Eu achei que ela tinha caído em si depois aquele fiasco da noite no parque de diversões, mas acho que me enganei.

Mas isso acabará hoje, por que pretendo conversar com Alexandre e contar o que sua filha andou aprontando. Ela precisa ser parada antes que se machuque ou que eu quebre suas pernas.

Quando chegamos á vila, agradeço a carona e salto do carro. Não pretendo procurá-la em sua casa, por que ela sabe que seria o primeiro lugar em que iria procurar. Faço algumas perguntas e descubro que ela está em pracinha com suas amigas que assim como ela, não fazem nada da vida além de tentar ferrar com a vida dos outros.

Quando me aproximo, Raquel me vê e logo levanta do banco. Ela tenta fugir, mas a minha voz corta o ar e até eu mesmo me assusto com o tom irado.

- Não ouse fugir Raquel, vai ser pior.

Suas amigas percebem que o clima vai esquentar e como num passe de mágica, inventam desculpas para irem embora.

- Vinny, eu posso explicar...

- Tenho certeza que pode. – Minha voz está fria como um bloco de gelo. – Eu achei que você tinha parado com sua obsessão, mas acho que me enganei.

- Eu falei aquilo por que achei que você precisava de um tempo para absorver tudo o que eu falei.

- E?

- Bom... E depois pensei que você mudaria de ideia, mas aí descobri o real motivo de se manter longe... A tal da Ivy...

- Você mexer nas minhas cartas.

- Eu precisava descobrir o que ela tinha de especial para que você não conseguisse me enxergar...

Dou uma risada.

- Raquel, você consegue se ouvir? O que eu iria enxergar em você? – Sou cruel, por que ela precisa desse choque de realidade.

- Eu quero que me enxergue como mulher. O que essa Ivy tem de especial, além de ser uma maluca?

- Não fale assim dela como se a conhecesse.

- E nem preciso conhecer para ter minha opinião. Ela está internada em uma clínica. Que tipo de garota ela é para ficar internada? Eu estou livre e aqui perto de você...

- Você não a conhece como eu conheço e você está longe de ser como ela. Você consegue entender o que você me fez? O quanto essa viagem era importante para mim?

- Você iria embora. Depois de falar com sua Ivy. – Diz em tom de deboche. – Iria desistir de voltar para cá, e eu não deixaria isso acontecer.

- Garota, você é doente. Precisa de tratamento antes que possa realmente se machucar.

- Eu fiz tudo para não te perder...

Cartas para você - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora