Não, eu não concordo com o fim do namoro do mano com a Mel. Ela é tão legal e bonita. E eu quero deixar bem claro que eu não sou mais uma criança como todos dizem, pois eu já tenho doze anos. Eu disse doze anos, já sou quase uma adulta. Tudo bem que eu aparento ter uns nove ou dez anos, eu nasci pré-matura e sou um pouco menor que os adolescentes da minha idade.
Só eu que jurava de pé junto que tinha uma carta de amor cheia de corações e perfumada naquele envelope? É claro que eu não acredito nessa história de cartão de natal, porque se fosse só isso a Mel teria entregado pessoalmente. Mas pode deixar que eu vou descobrir o que tem naquela carta, ou eu não me chamo Brenda, na verdade eu vou unir aqueles dois.
Quando acordei de manhã eu já estava pronta para a bronca que receberia do meu irmão por ter trancado ele do lado de fora da casa, obrigando ele e a Mel dormirem juntos na minha barraca. Mas eu tenho que uni-los e vai ser de qualquer jeito, e o único jeito que tenho no momento é esse, pelo menos foi à ideia mais genial que eu consegui para os poucos minutos que eu tive de pensar quando o vi vindo da barraca para entrar na casa e aquela cara dele de não foi dessa vez me fez ter certeza de que ele e a Mel não havia se resolvido por bem, mas sem duvida alguma se resolveriam por mal.
A Mel acordou colocando os bofes para fora como o papai disse, acordei com ela arrombando a porta que eu destranquei um tempo depois de ouvi-los caminhando de volta para o jardim, corri para o banheiro vendo-a abaixada no vaso e antes da mamãe dizer alguma coisa corri para acordar o meu irmão que parecia estar dormindo feito uma pedra. Eu sempre dou a maior força e o mantenho informado de tudo que acontece aqui em casa e ele me agradece concordando com a minha mãe que não me deixou ficar e cuidar da Mel junto com ele, um mal agradecido, custava ele dizer para a mamãe que não havia problema eu ficar e ajuda-lo a fazer o café da manhã para ela? Mas não, ele tem que ser um adulto chato e dizer "obedece à mamãe e vai se arrumar".
Injusto! Injusto! Eu quero ser adulta logo e poder mandar no meu nariz, porque a Anabelle não foi a missa com o Ricardo, e quando eu cheguei encontrei os dois na cozinha com a Mel e o Estêvão. Com certeza vieram cedo para ficar junto com a Mel e eu lá na igreja ouvindo o padre falar em latim e eu nem entendo latim.
Mas como estava todo mundo muito distraído, aproveitei que ninguém estava dando muita moral para mim e fui até o quarto do Ricardo ver na mochila do Estêvão se ele guardou o tal cartão lá assim eu vou ver e ter a certeza se meu irmão mentiu ou não para mim.
Entro na ponta dos pés no quarto, o povo aqui está tudo dividido em seus afazeres para o almoço, a minha mãe com as minhas tias e a minha avó na cozinha, os homens armando a churrasqueira no quintal e meus primos brincando no jardim. Fecho a porta atrás de mim e tranco para não ser pega de surpresa. Ao lado da mochila do meu irmão está a mala da Melissa e sinto aquela grande curiosidade de saber o que tem na mala dela, me controlo, pois o foco é saber o que tem no envelope. No bolso grande não há nada além de roupas e um par de sapatos, no bolso grande do lado de fora o carregador do celular, em um bolso lateral vazio e no outro uma folha dobrada.
Sim. É claro que eu estou abrindo, estou curiosa ao quadrado aqui.
-Para Melissa. — leio em voz alta e imediatamente me calo olhando em direção da porta tentando ouvir algum barulho. Apenas silêncio, sentada no chão sigo lendo com os olhos.
"O sol não mais brilhará
Nem iluminará minhas manhãs
Escuros e sombrios
Meus dias serão
As tardes serão cinzas
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8º Andar (Quando o amor fala mais alto)
ChickLitSequencia do livro 8º ANDAR (O AMOR MORA NO ANDAR DEBAIXO) O que você faria para reconquistar o amor de sua amada? Eu errei com a Melissa, mas depois de todas as minhas burradas acredito que finalmente entendi que o amor não supera tudo. Agora eu t...