Me assusto quando a porta bate de uma vez e Estêvão sai do apartamento sem nem ao menos olhar para trás, o silêncio que segue faz minhas lágrimas pesarem e um abismo abrir diante de mim. Meu apartamento nunca ficou tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo, porque o vazio de estar sozinha parada no meio da minha sala faz-me sentir em uma imensidão, no entanto olhar a porta ainda fechada e essa esperança que ela abra e isso não acontece me deixa sufocada e sem ar.
Perdi a noção de quanto tempo fiquei ali parada olhando nessa maldita esperança dele abrir a porta na mesma intensidade que a fechou e olhar nos meus olhos e eu poder ver que ainda estamos bem, só fui despertada com o meu celular tocando na minha mão. Relutei em me mover para atendê-lo, talvez se eu ficasse imóvel o tempo voltasse ou eu acordasse desse pesadelo. Então como se aquela esperança se acendesse novamente limpei meu rosto olhando para a tela do celular acreditando que era ele, talvez eu tenha soltado um pequeno sorriso esperando estar certa, porém, eu não estava.
─ Oi - consegui pronunciar sem me preocupar em limpar a minha garganta tentando não aparentar estar chorando - Eu já estou chegando Julia - digo ignorando a pergunta dela se eu estava bem.
Desligo respirando fundo e encaro a maçaneta da porta tentando notar qualquer movimento nela, nada acontece. A sensação que tenho é que isso não aconteceu. Não era para ser assim, não era para o Estêvão descobrir assim, esse não era o meu plano e pela primeira vez eu me vejo sem saber o que fazer, a única coisa que eu queria era poder ficar em casa e esperar ele chegar, contudo, tenho uma reunião que não pode esperar e ser remarcada, mas não consigo ter cabeça para isso, eu só queria que essa manhã não tivesse acontecido dessa forma.
Não saber o que o Estêvão está pensando, onde ele esta, como ele está se sentindo me enlouquece. Ele não devia ter saindo daquela forma, ele devia ter me deixado explicar, fazê-lo entender que não escondi dele por não acreditar que ele não seja suficiente, mas por tudo que aconteceu e pelo Don.
─ Melissa? - pisco olhando para a Julia que está parada na minha mesa, desligo a minha milésima tentativa de ser atendida pelo Estêvão e o celular dele dar caixa de mensagem.
─ Eu só estou pegando uma pasta e já estou indo. - a encaro por um breve tempo e me viro abrindo a minha segunda gaveta.
─ Você está péssima, não pode entrar desse jeito.
─ Não estou tão ruim assim. - pego a minha bolsa procurando o meu espelho e a ouço continuar.
─ Seus olhos estão inchados, sua maquiagem está toda borrada, o que aconteceu?
Me olhei no pequeno espelho e realmente eu estava péssima aparentemente, porém, eu estava muito pior por dentro. Peguei a base passando um pouco em baixo dos olhos e segui com um pouco de pó.
─ A última vez que te vi assim faz uns dois quase três meses. Você não quis me dizer da outra vez, mas agora vai ter que contar porque está assim.
─ Está melhor? - me viro para Julia.
─ Não, mas vai ter que ser assim mesmo, você está mega atrasada. Não pense que vai escapar de me contar o motivo de estar inchada.
Me levanto recolhendo as pastas e os papeis e segui para a sala de reuniões, tento respirar fundo, entretanto não consigo me focar em nada, quando entro na sala todos me olham e o meu chefe o senhor Valter me fuzila, não me incomodo, uma demissão não será pior do que chegar em casa e não encontrar o Estêvão nela.
Sigo a reunião no automático, faço o meu trabalho e assim que termino e todos começam a se retirar o senhor Valter pede que eu fique, me preparo para ouvir que me encaminhe ao RH. Assim que todos se retiram permaneço de cabeça baixa olhando os papeis na minha frente.
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8º Andar (Quando o amor fala mais alto)
ChickLitSequencia do livro 8º ANDAR (O AMOR MORA NO ANDAR DEBAIXO) O que você faria para reconquistar o amor de sua amada? Eu errei com a Melissa, mas depois de todas as minhas burradas acredito que finalmente entendi que o amor não supera tudo. Agora eu t...