Anabella sempre teve as esquisitices e chatices dela, mas que mulher ou homem não tem essas coisas? Eu tenho e ela igualmente me atura e não reclama. Eu não sou bobo, sei que o foco inicial dela quando nos conhecemos era o meu irmão, mas, pela primeira vez não me importei de ficar com o que ele não quis.
Embora o Estêvão seja o meu maior exemplo e sinto um orgulho tremendo de como ele saiu de casa e foi em busca de formas para ajudar os meus pais e por ele ter vendido tudo que tinha para salvar a nossa mãe, não duvido que ele teria vendido a própria alma se fosse necessário. Mas, também tenho que ser justo e dizer que não é fácil viver a sombra dele.
Não. Nossos pais nunca cobraram isso de nenhum de nós, muito pelo contrário, sempre enfatizaram que somos e temos que ser diferentes um do outro. Aceitamos o que cada um é e não julgamos ou exigimos nada um do outro. Por isso nunca julguei, sempre senti muito orgulho dele, mesmo ele trabalhando em uma boate de mulheres.
É, eu sei.
Se bobear até a Brenda sabe e primeiro que nós, do jeito que ela é, não duvido nada. Eu não sei se meus pais e minhas irmãs sabem e por mim eles nunca saberão, porque isso não muda o que o meu irmão é para nós. Eu descobri quando ele ainda morava com o Ian. Eu ainda era um pirralho e fui passar um final de semana na cidade, escutei a conversa dos dois sobre a Cabaré, pesquisei o que era aquilo e liguei perguntando sobre o meu irmão.
- Aqui não tem nenhum Estêvão. – o homem do outro lado da linha respondeu sério, ouvi gritos alucinados de mulheres ao fundo.
- Don. – me lembrei do apelido que o Ian se referia ao meu irmão.
_ Os reservados com o Don hoje já estão lotados. Amanhã somente um horário. Vai reservar?
- Não, obrigada.
Me lembro que desliguei meio sem entender, passei dias com isso na cabeça, até que resolvi deixar para lá. Se ele está feliz com o que faz, eu que não ia me opor.
Claro que Anabella não seria diferente e sem dúvida se encantou com o charme que o Estêvão tem só de estar perto, assim como todos os amigos dele. Eu realmente me sinto o palito de fósforo no meio da Amazônia perto deles, porém, claro que estar no meio trás aquela moral com as mulheres e sempre que saía com o meu irmão aproveitava, pegava a amiga gostosa da mulher que ele estava agarrando.
Isso durou até eu conhecer a Anabella e o oposto de toda e qualquer mulher que apareceu na minha vida e na do Estêvão eu resolvi me aproximar dela. No começo era porque eu tinha certeza que o meu irmão jamais olharia para ela, então o risco de ser trocado pelo Estêvão não aconteceria.
Porém, era bom ter sempre alguém por perto e decidi ir levando até o dia que a Anabella me surpreenderia. Acreditei que isso nunca fosse acontecer, tanto que me esqueci da possibilidade.
Como tudo que pensamos pode acontecer. Vejo Suellen com a expressão de desesperada, ela vem em minha direção. Não entendi nada que ela falou, só ouvi que a Mel estava batendo na Bella e corri para a casa sendo seguido pelos rapazes.
De primeiro eu achei que fosse uma brincadeira de muito mau gosto, a Mel não faz o estilo barraqueira, mas pela expressão do meu irmão e do Marcelo a coisa era séria. Não sabia bem o que pensar sobre o que meu irmão e o Marcelo estavam me dizendo. Ao mesmo tempo em que me senti anestesiado com o que diziam ter acontecido eu não podia acreditar que levou tanto tempo para isso.
Se realmente era verdade e eu duvidava muito que não seria, porque Anabella teria feito isso depois de tanto tempo, com o Estêvão namorando? Não consigo entender o porquê dela ter feito isso aqui, entre todos os rapazes, com a Mel também. Nos conhecemos tão bem, estamos juntos a tantos anos, porque agora?
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8º Andar (Quando o amor fala mais alto)
Chick-LitSequencia do livro 8º ANDAR (O AMOR MORA NO ANDAR DEBAIXO) O que você faria para reconquistar o amor de sua amada? Eu errei com a Melissa, mas depois de todas as minhas burradas acredito que finalmente entendi que o amor não supera tudo. Agora eu t...