Capítulo 22

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― Estêvão?

― Aqui em baixo ― digo terminando de apertar o escapamento da caminhonete.

― Tem gente querendo falar com você.

― Só um minuto. ― Verifico as soldas e empurro a prancha de rodas que estou deitado saindo de baixo da caminhonete. Meus olhos logo encontram um par de sapatos lustrados e assim que levanto os olhos me deparo com André.

― No que posso te ajudar? ― digo me levantando e limpando as mãos na minha flanela de bolso.

― Podemos conversa um minuto? ― Me olha sério, mantenho uma das mãos no bolso da calça.

― Se for sobre problemas em algum de seus carros, podemos sim.

― É sobre a Melissa.

― Que eu saiba vocês terminaram há muito tempo. Acredito que não temos nenhum assunto a respeito dela para conversar.

― Temos muito mais do que imagina.

― Eu tenho certeza que não. Se pode me dar licença ― digo e deito na prancha me puxando de volta para de baixo da caminhonete.

― Talvez você esteja interessado em saber que segunda-feira Melissa jantou comigo.

Derrubo a chave de fenda que tenho na mão, olho para a caixa de marchas e não acredito no que ele diz.

― Eu sei. ― minto.

― E sabe que ela me procurou para pedir um empréstimo para pagar sua dívida. ― fecho minha mão em punho. O idiota soa satisfeito em dizer isso e não consigo crer que Melissa foi capaz de algo assim.

Me sinto um idiota e no segundo seguinte penso em manter a calma e dar a volta por cima do que ele diz.

― Ela me disse quando chegou, e eu já disse que não é necessário. Já que temos tudo esclarecido, o senhor pode me dar licença.

― Acredito que assim como eu, você sabe que a Melissa merece alguém melhor que você.

― E esse alguém seria um almofadinha como você? ― digo saindo de baixo do carro.

― Melhor almofadinha do que um garoto de programa.

― Está a fim de perder os dentes? ― sinto meu sangue subir novamente e minha vontade é de partir para cima dele, contudo me contenho.

― Experimente e melhor que uma proposta para deixar a Melissa eu tenho bons advogados que podem fazer você passar um bom tempo na cadeia. ― diz autoritário, mas não duvido que é capaz disso.

― Proposta para deixar Melissa? Nosso relacionamento não está á venda.

― No entanto você está, e posso pagar toda a sua dívida e te dar uma boa grana para você sumir das nossas vidas. Faço o cheque agora ― ao mesmo tempo em que diz pega a carteira do bolso.

― No entanto eu não estou ― digo calmo me encaminhando até a bancada de ferramentas ―, conheço a Melissa e sei que mesmo que eu morra não voltará com você. Agora você e o seu dinheiro podem sair daqui.

― Não esteja muito certo disto. Conheço a Melissa a muito mais tempo que você e acredite que posso reconquistá-la.

― Sinta-se a vontade para tentar, você pode conhecê-la a muito mais tempo que eu, entretanto a conheço muito mais que você. Sabe André, não nego que com certeza você ainda deve amá-la ou não seria capaz de vir até aqui e fazer tal proposta.

― Proposta que eu espero que aceite.

― Nem que me desse todo seu dinheiro. Passar bem.

― Eu vou deixar o meu cartão ― o ouço caminhar, porém não me atrevo a olhar para trás, pois sou capaz de matar esse miserável ― caso mude de ideia minha proposta permanece de pé.

Respiro e tento me manter calmo, mas minha cabeça trabalha mil coisas ao mesmo tempo e a primeira delas é como Melissa foi capaz de procurá-lo. O nível de desespero dela deve estar muito alto para recorrer ao cara que mais odeio.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2018 ⏰

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8º Andar (Quando o amor fala mais alto)Onde histórias criam vida. Descubra agora