Capítulo 20

536 55 9
                                    


Antes que Melissa esteja acordada já estou desperto, observo seu sono e como sua barriga já está aparecendo. Penso no giro de 360º que minha vida deu em poucos meses, um dia eu era apenas um homem curtindo a vida e agora tenho duas vidas sobre a minha responsabilidade.

─ Acorda dorminhoca. ─ com custo Melissa abre os olhos.

─ Vai me deixar mal acostumada com café na cama.

─ Você tem seis meses para aproveitar.

─ Para dormir também. Eu ainda tenho sono ─ diz se sentando na cama.

─ Tome um gole de café para acordar.

Melissa solta um sorriso e aprecia a bandeja de café, em segundos seus semblante muda e ela salta da cama correndo até o banheiro.

─ O que esta sentindo? ─ pergunto me aproximando do banheiro, encontro Melissa sentada em frente ao vaso sanitário.

─ Tira a bandeja do quarto. Ainda tem iogurte?

─ Tem.

─ Coloca um pouco com granola pra mim.

─ E os ovos mexidos? ─ ela se inclina sobre o vaso e o vômito é minha resposta. ─ Está bem. Iogurte com granola.

Saio do banheiro pegando a badeja na cama e deixando tudo na pia na cozinha.

─ Me desculpa ─ ouço Melissa.

─ Pelo que?

─ Por não comer do café que fez. Não consigo controlar o enjoo.

─ Perdoo vocês hoje.

─ Ansioso? ─ ela senta no sofá e dá uma colherada na granola.

─ Um pouco. Saio a tempo de ir buscar vocês.

─ Não se preocupe com isso, qualquer coisa venho de ônibus.

─ Táxi você quis dizer.

─ Táxi ─ diz de boca cheia ─ Não vamos discutir isso novamente. Mas eu posso muito bem andar de ônibus.

─ Sabia que sua mãe não sabe o significado de não vamos discutir ─ digo acariciando a barriga de Melissa.

─ E seu pai não sabe o significado de que não sou de vidro.

***

Deixo Melissa no trabalho e sigo para o meu primeiro dia na oficina. Não é um bicho de sete cabeças, mas é totalmente o oposto que já fiz na vida. Sei que ter mantido uma amizade com Rubens, o dono da oficina, me ajudou a conseguir esse emprego, mas o mesmo já deixou claro que amigos amigos, negócios a parte, então não posso deixar a desejar em nada.

Quando ganhei a Charlene, fazer eu mesmo os concertos nela me ajudaram a saber pelo menos o básico, e Marcelo que sempre gostou muito de arrumar o carro dos caras da boate me ensinou bastante, então, acredito que estou garantido.

O dia segue que nem vejo, e depois de dias em casa me sinto grato por me sentir tão cansado quando paro a moto em frente ao prédio que Melissa trabalha. Não demora muito e ela atravessa a rua me olhando surpresa.

─ Eu sei, já fui bem zuado na oficina por me sujar tanto. ─ digo antes que ela pronuncie alguma palavra.

─ Tem graxa até no seu nariz ─ diz com um sorriso passando o dedo na ponta do meu nariz e esfregando um dedo no outro em seguida.

─ Para toda essa sujeira até que não fui um desastre no meu primeiro dia.

─ Quero que me conte tudo.

8º Andar (Quando o amor fala mais alto)Onde histórias criam vida. Descubra agora