#27. O que acontece sob o céu e as estrelas.

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Cap. 27


Estar sob os holofotes em um enorme palco era uma sensação inebriante e aterrorizante ao mesmo tempo.

A música tocava ao nosso redor, uma melodia em piano e violino que lembrava o tema do filme da Bela e a Fera. Eu me sentia absorta, quase fora do meu corpo conforme meus passos seguiam a coreografia.

Tentei não focar no enorme palco que se estendia ao nosso redor, ou na presença da plateia inteiramente quieta, concentrada. Minha atenção estava toda em meus movimentos, e nos de Alan, que me guiava com uma confiança que eu não sabia que tinha até agora. Ele segurava minha mão com leveza, o toque firme em minha cintura conforme dançávamos.

Em um determinado momento da música, trocamos de par em um giro. Meu próximo parceiro de dança me pegou enquanto eu ainda girava. A valsa segue. Ele era bonito. Qual era mesmo o nome dele? Thiago? Ronaldo? Seu perfil alto e atlético era tudo o que ocupava a minha visão até eu ter um vislumbre de Alan com o canto dos olhos, atraindo minha atenção.

Eu o vi dançar com outra garota, nossa colega de turma. Ele sorria para ela, simpático, segurando-a da mesma forma que fez comigo. A garota – outra que eu não lembrava o nome – parecia prestes a entrar em colapso, as bochechas vermelhas diante do sorriso conquistador de Alan.

Uma brisa gélida abalou meu estômago, e eu desviei o olhar. Tentei me concentrar no meu próximo parceiro de dança quando voltamos a trocar de pares. Demos outro giro e, sem conseguir me conter, olhei por cima de seu ombro. Alan dançava com Amanda agora, mantendo uma certa distância entre os dois.

Meu humor automaticamente melhorou.

Quando volto para Alan, faltava pouco para a música terminar. Olho pela primeira vez para além do palco, onde estavam os convidados e familiares. Seus rostos estavam entre algo sereno e deslumbrado. Alguns sorriam, gostando, e outros prestavam tanta atenção que eu podia sentir a intensidade daqui.

Vasculhei cada rosto. Eu sabia que meus amigos estavam em algum lugar ali, mesmo não os vendo. Procurei por mamãe. Infelizmente, eu só tinha uma boa visão das primeiras filas, e mamãe não parecia estar em nenhuma delas. Imaginei que estivesse nas últimas fileiras, não conseguindo pegar um bom lugar depois de provavelmente chegar atrasada.

Me permiti imaginar ela sentada na primeira fila, me assistindo com um sorriso no rosto. Mamãe estaria arrumada dos pés à cabeça, com um vestido longo e uma maquiagem perfeita no rosto.

Eu me perguntei se ela estava orgulhosa de me ver aqui, no palco, onde ela gostava de estar junto com sua irmã quando tinham a minha idade. E, se de alguma forma, via um pouco dela mesma em mim.

Saio do meu estupor quando Alan passa o braço em volta da minha cintura, me inclinando para trás em um último passo. Agora, eu estava totalmente por conta dele. Alan pressiona seu corpo no meu conforme me inclina, o rosto tão próximo que não pude deixar de me lembrar da noite anterior, quando beijou minha bochecha. Foi em um local tão arriscado, por pouco não alcançando meus lábios.

E agora ele estava se aproximando cada vez mais, como ontem. Nós paramos, mantendo a pose pelo que parecia uma eternidade enquanto esperávamos a batida final. Seu cabelo caía aos olhos, duas bolas tão brilhantes com a luz que pareciam feitos de vidro. Alan me fitou e vi seu sorriso se desfazer lentamente.

Parecia procurar algo em meu rosto, percorrendo cada traço com uma necessidade urgente. Minha mão estava em seu peito, a outra agarrando seu pescoço. Alan enlaçava o braço envolta de mim com força, seus músculos se retesando cada vez mais.

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