Sob Céu e Estrelas

#28. O destino tem um humor questionável.

⚠️⚠️⚠️⚠️
P.S: Se vcs sobreviverem a esse cap, mandem um "tô viva(o)!" nos comentários!

Cap. 28

 Alan me beijou.

Ele estava me beijando.

Arregalei os olhos à medida em que enlaçava o braço ao redor da minha cintura. Alan deslizou a mão livre na minha nuca e pressionou mais os lábios nos meus, me inclinando ligeiramente para trás. Permaneci parada, as mãos livres e erguidas ao nosso redor, sem saber o que fazer.

Os lábios de Alan eram macios. Doces, com gosto de mel, e o contato deles nos meus me deixou com uma certa estranheza no corpo.

Mas só.

Não sentia nada de especial. Nenhum sentimento avassalador ou uma vontade arrebatadora de retribuir o beijo. Ao contrário, senti algo agitar na boca do estômago.

E não era coisa boa.

Era pânico.

Alan deve ter percebido também, porque só então me solta.

Eu o fito, sem palavras. Ele parecia na mesma posição, só que pior.

– Desculpe.

Levo os dedos aos meus lábios, ainda sem acreditar.

– Você me beijou – sussurro.

– Desculpe. E-eu não sei o que deu em mim. Eu... Minha nossa – Ele esfrega o rosto e segura o pescoço com as duas mãos. – Eu não sei onde estava com a cabeça.

Não digo nada.

– Desculpe – Alan pede novamente, perturbado com o meu silêncio. Ergue o olhar para mim, e seu rosto murcha. – Foi horrível, não foi? Eu... Eu não...

– Está tudo bem – Eu o interrompo, minha voz saindo mais estável do que eu esperava. – Foi um acidente. Você tropeçou e eu tentei segurá-lo, e isso acabou acontecendo. Tudo bem. Não é sua culpa.

Alan para de andar e enruga a testa.

– O que quer dizer?

– Sim. Quero dizer, eu sei que você não tinha nenhuma intenção de me beijar – era como ter um nó na minha garganta, e respiro fundo uma vez para me acalmar. Mordo o lábio pouco antes de dizer em voz alta: – Sei que você não me vê dessa forma.

Era isso. Alan não queria me beijar de verdade. Romanticamente falando, eu não significava nada para ele. Qual é, ele beijava garotas com o patamar de beleza de Isabelle.

O que eu era comparada a ela?

Alan parecia querer dizer algo, mas apenas balançou a cabeça, o olhar triste. Ao longe, escutamos os aplausos da plateia.

– A última apresentação acabou – fala, sem emoção. – É melhor voltarmos.

Faço que sim com a cabeça.

– Pode ir primeiro – digo, baixando os olhos para o chão. Percebo que uma das minhas sapatilhas não estava mais no meu pé. Para variar.

Alan não insistiu. Podia sentir sua relutância, a vontade de pedir para me acompanhar, de dizer algo mais, mas não levantei a cabeça. Não conseguia encará-lo com minhas bochechas tão vermelhas.

Pude ver seu pé dar um passo em minha direção, e recuando em seguida. Sem dizer mais nada, Alan sai pelas portas de vidro.

Eu descanso as costas na parede e exalo alto. Estava sozinha.