Ele ergue as mãos na altura do rosto e diz:
– Buh!
Deixo escapar um grito esganiçado e dou um passo desajeitado para trás, tropeçando no meu próprio pé, e caio de bunda no chão.
– Au... – solto um grunhido de dor, passando a mão na minha lombar dolorida.
Escuto uma risada infantil e ergo a cabeça, surpresa, para ver a criança de pé a poucos passos de distância de mim. Seu riso se transforma em uma gargalhada alta e divertida.
– Você ficou assustada! Eu assustei você! – exclama, apontando para mim. – Tinha que ver seu grito – Ele me imita, e volta a rir. – Foi hilário!
Minhas bochechas ardem, e sei que estou com uma expressão idiota quando fecho os olhos com força e tento recuperar meu fôlego.
Uma criança.
Definitivamente era uma criança.
Um menininho, julgando pela voz.
Respiro fundo. Ajeito minha postura, e como qualquer pessoa com senso em momentos como esse, pergunto:
– O quê?
– Eu assustei você – responde de forma simples, como se isso explicasse tudo.
Olho ao meu redor, para a escuridão banhada com a pouca luz do elevador, procurando mais alguém à espreita entre os carros.
Não parecia estar acompanhado. Estava só.
Uma criança. Uma criança me fez ficar com medo, gritar e cair.
Não acredito.
A criança me pregou uma peça, e eu fiz papel de boba. Perfeito.
Apoio meus cotovelos no chão, o notebook no colo. Encaro o menino, e pergunto a primeira coisa que me vem na mente:
– Qual é o seu nome?
Outro fato sobre mim: eu era incapaz de me irritar com uma criança, mesmo que ela tenha me feito cair de bunda no chão.
O garotinho anda até mim, seu manto escuro ondulando no ar. Ele senta na minha frente.
– Eu me chamo Isaac – diz, a voz abafada por causa da máscara. Ele a puxa e um rosto pálido, branco como a neve, de cabelos pretos e olhos azuis glaciais me olha com uma expressão alegre e um enorme sorriso no rosto. Devia ter perto dos dez anos, não mais que isso. – Você realmente ficou com medo?
– Aterrorizada – digo. – Morrendo de medo. Você leva jeito para o terror.
Isaac ri, contente.
– Pensei que ficaria zangada. Meus pais vivem me dizendo para não assustar as pessoas sem permissão.
Inclino a cabeça para o lado, um sorriso travesso querendo se abrir em meus lábios. O garotinho não ouviu os pais e continuou fazendo o que não devia, mesmo sabendo que poderia ficar encrencado. Uma simpatia cresceu em mim com o seu lado rebelde.
– Mas como as pessoas vão ficar assustadas, se disser para elas que você vai assustá-las? Elas vão saber. Perde toda a graça.
– Isso! É isso mesmo! – diz ele. – Eu disse para eles a mesma coisa! Não pode contar para as pessoas que vai assustá-las, se não elas não ficam assustadas.
Ergo o punho fechado.
– Isso aí.
Isaac dá um soquinho.
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Sob Céu e Estrelas
Romantizm(VOL. 1 DE TRILOGIA) . . Mudanças. Segredos. O que você faria se pudesse fugir do passado? Quando Amélia se muda para o outro lado da cidade com a família, tudo o que ela quer é um recomeço. Colocar expectativas nas novas mudanças da sua vida nunca...