Capítulo 1.0

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(Obs: Não leia se não tiver paciência com o Louis da primeira fase; não leia se não tiver paciência com o Harry de todas as fases. E não denuncie a estória, por favor!)

PARTE 1

Depois de uma cuidadosa reflexão e consideração, eu cheguei à conclusão de que as coisas acontecem para mim por dois motivos.

Primeiro, eu tenho um péssimo hábito de viajar na maionese no meio de uma conversa. Eu escuto o início, começo a pensar sobre o que eu vou fazer depois, e depois volto a tempo de ouvir o final. Isso se torna particularmente arriscado quando eu peço informações, porque você nunca quer pedir a alguém para repetir algo que já disseram em detalhes específicos. É por isso que muitas vezes acabo em alguns bairros assustadores após o anoitecer.


Em segundo lugar, eu não sou a pessoa com o melhor discernimento do planeta. Assim, quando um amigo me pede para lhe fazer um favor, eu geralmente apenas concordo sem fazer um monte de perguntas. Não que eu fosse ouvir toda a explicação de qualquer maneira, pois, como eu disse, eu sou provavelmente o modelo para o TDAH, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, a menos que você seja meu chefe ou um cara muito gostoso.

Na noite em que minha amiga Anna me ligou, chorando do outro lado do telefone, eu imediatamente entrei em modo protetor e saí do clube, para que eu pudesse ouvi-la melhor. É impossível ouvir qualquer coisa enquanto a música alta está tocando, então eu a fiz esperar para despejar tudo. Eu fiquei feliz e surpreso ao saber que ela iria, finalmente, deixar o marido. Ela ficou comigo ou com sua irmã várias vezes depois que ele bateu nela, pela milionésima vez.

É difícil ver os seus amigos irem para a aula usando óculos escuros grandes, e maquiagem tão grossa que poderia ter sido aplicada com uma espátula. Todo mundo sabia que ela apanhava do marido, eu só nunca soube o quão ruim ou constante era. Perdemos contato após a formatura, quando ela se mudou para os subúrbios, mas quando ela ligou eu estava bem ali, de imediato, pronto para ajudar da forma que eu pudesse. Eu disse a ela que, claro, eu faria tudo o que ela precisasse.

Em todos os filmes do canal Lifetime , que eu assisti a última vez que eu estava em casa doente - de ressaca e vomitando - a mulher sempre tem que voltar à casa de horrores na qual ela vivia para pegar o bicho de pelúcia do filho. Mas antes que ela possa colocar o pé no acelerador e apontar o carro de último modelo com a painéis de madeira falsa em direção ao por do sol, ela tem que voltar para pegar o coelhinho Boo-Boo ou o Sr. Snuggles, ou um ursinho de pelúcia que foi tão amado por tanto tempo que agora parecia uma iguana.

Anna não tinha filhos, mas o que ela tinha era seu beagle, George. Ela não podia voltar, mas não podia ir embora sem seu parceiro no crime. Eles aparentemente haviam executado todos os tipos de pequenos crimes e delitos contra o marido ao longo dos anos. De fazer xixi em sapatos - na parte de George - até esconder produtos diversos - parte de Anna - coisas que tornavam a existência diária de Brian Minor insuportável, em troca do abuso que ele descarregava com o punho e com palavras.

Ela tinha adquirido certo grau de satisfação ao saber que, um dia, a vingança seria dela. Ela sabia que tinha sido covarde por não ir embora simplesmente, mas ela suspeitava que seu marido fosse muito mais sinistro do que ele deixava transparecer.

Então, Anna estava finalmente pronta para encerrar sua história com Brian, mas ele teria suspeitado de algo, e provavelmente a matado, se ela tentasse levar o cachorro. Ela precisava que eu fosse buscar seu cachorro para romper definitivamente. Porque eu queria que ela saísse logo daquele lugar, e porque eu teria voltado para buscar o meu próprio cão se ele ainda estivesse vivo, não havia como dizer não.

Depois de deixar meus amigos dançando em um clube em Halsted, peguei um táxi e me dirigi para os subúrbios. Eu tentava nunca deixar a cidade e só tinha estado fora do centro de Chicago em duas ocasiões anteriores. No caminho até lá, tentei lembrar onde na casa ela me disse que o cão estava, mas já que eu não tinha escutado aquela parte, era inútil tentar cavar as informações do meu cérebro. Eu percebi, quando cheguei à casa na qual eu estive apenas uma vez, que não seria difícil encontrar um beagle.

É tudo uma questão de tempo [l.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora