Capítulo 3.4

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Eu deveria ter me sentido estranho, mas já que Mark não sentia, mesmo comendo com cinco homens o vigiando, eu parei de pensar sobre isso. Dois dos homens, Paz e Adam, eu já conhecia, e ainda não tendo sido apresentado aos outros, acenei em saudação.

Normalmente eles não se dirigiam a ninguém, Mark me disse, mas já que eu tinha salvado seu irmão mais novo, aparentemente, eu estava em uma liga diferente de todos os outros.

Fiel à sua palavra, o restaurante – Corazon – era pequeno e intimista, e a proprietária veio à nossa mesa para perguntar o que ele gostaria. Descobri que Mark havia dado a ela o empréstimo para iniciar seu negócio, e ainda mais do que isso, eles eram amigos.

“Conte-me tudo sobre você,” ele me disse, bebendo sua cerveja da garrafa, inclinando o rosto em seu punho, seus olhos gentis comigo.

“O que você quer saber?”

“Diga-me como você e o policial se conheceram.”

Então eu disse a ele sobre como a simples missão de pegar o cachorro da minha amiga se tornou o momento crucial da minha vida. Eu contei a ele sobre como eu tinha sido sequestrado e levado um tiro, e como Louis tinha ido embora há três anos e como ele tinha voltado. Eu contei fazendo vozes e rindo, porque era engraçado em retrospecto.

“O que foi?” Eu perguntei quando percebi como seus olhos estavam arregalados.

“Jesus Cristo, anjo,” ele disse, sem rodeios, olhando para mim.

“Não é grande coisa.”

“É sim.”

E meio que era, mas já haviam se passado três anos, e a distância tornava tudo mais como um filme do que qualquer outra coisa. Mas o jeito como ele estava olhando para mim, estudando meu rosto, sua expressão terna, a preocupação em seus olhos, era muito bom.

“Ei, eu conheço este lugar que vende tortas ótimas depois,” sugeri.

“Absolutamente.”

Comi como um porco, o que encantou a proprietária completamente, e agradeci pelo jantar, abraçando-a e dizendo que o Poc-Chuc e Picadillo eram dois dos meus pratos favoritos e que seu arroz e o Mollette estavam deliciosos.

“Você sabia o que estava comendo?”

Mark sorriu para mim quando ela se foi.

“Claro,” eu disse, olhando para ele. “Eu cozinho também, sabe.”

Ele acenou com a cabeça. “Sério? Você cozinha?“

“Sim, eu cozinho.”

Grunhido rápido dele. “Então você...”

“Mark.”

Nós dois olhamos para Paz, e seus olhos estavam virados para frente, fixos em outra coisa. Seguindo seu olhar, vi Louis e o Agente Aoki, novamente em suas roupas de traficantes, atravessando o salão com outros dois homens. Eu parei de respirar. Paz e Adam se moveram para mais perto, protegendo Mark e eu, parados a poucos metros de nós.

“Podemos acompanhá-lo no jantar, Sr. Mount?” Um dos homens que eu não conhecia perguntou.

“Na verdade, nós já terminamos,” disse Mark, inclinando-se para trás, apoiando seu braço sobre as costas da minha cadeira. “Mas, por favor, junte-se a nós para uma bebida antes de sairmos para comer a sobremesa.”

“Excelente.” Ele sorriu forçadamente, virando para olhar para os outros e
gesticulando para os lugares vazios na mesa.

Já que eu estava me sentindo como se fosse desabar, me concentrei no ar entrando e saindo dos meus pulmões. Louis se moveu em torno da mesa rapidamente, tomando um assento ao meu lado, de modo que, quando se sentou, esbarrou o joelho no meu sob a mesa.

É tudo uma questão de tempo [l.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora