I Have a Secret - Segunda Temporada

Days In The Hospital

A partir do dia que Lauren foi internada eu combinei com as meninas uma forma de que todas ficassem um pouco com a minha namorada, já que apesar de tudo todos elas queriam ter um tempo com ela, mesmo que a mesma não estivesse consciente, só que assim como elas eu queria estar por perto caso qualquer coisa acontecesse. Eu ficava com Lauren na parte da noite e até a hora do almoço, então na parte da tarde eu ia para casa tomar um banho e descansar um pouco para ter pique e ficar com a minha namorada na parte da noite.

Só que eu não conseguia dormir, não mais, meio que havia virado uma mania... antes eu tinha medo de dormir e Lauren aparecer, agora eu tinha medo de dormir e acordar com a notícia de que o amor da minha vida não estava mais entre nós.

Fazia quatro dias que ela estava naquela cama de hospital, tendo um acompanhamento médico excelente, com dosagens controladas e em grandes quantidades de medicamentos fortes para que sua recuperação ocorresse de uma forma mais rápida. Eu ficava lá, acompanhando tudo em silencio para garantir que ela estaria em segurança desde que eu estivesse por perto para não deixar mais ninguém a machuca-la.

Na manhã do dia de hoje o doutor veio nos informar que Lauren poderia ficar em coma por um bom tempo, o que desencadeou um choro crônico entre Mani e eu, que choramos por minutos abraçadas no corredor dos quartos. Normani entendia a minha dor, afinal Lauren é como se fosse uma irmã para ela, era um amor tão sincero quanto o meu.

Pela parte da tarde eu fui para a casa, contra a minha vontade, deixando Lauren em segurança com Manibear e DJ. Demorei muito no banho por conta de mais chorar do que tomar banho, após me secar coloquei uma roupa casual e confortável, levando uma jaqueta para não passar frio mais tarde. Parei na cozinha apenas por conta da insistência de minha mãe, que exigiu que eu me alimentasse direito para não passar mal. Enquanto comia informei o estado que minha namorada se encontrava no hospital, o que arrancou algumas lágrimas de dona Sinu.

Todo mundo estava passando por um momento difícil, cada um encarava de uma forma, o meu jeito de encarar tudo isso era começar a me isolar e excluir aqueles que me cercam.

Fui chegar no hospital só mais tarde, por conta do trânsito infernal de Miami que por algum motivo estava parado de uma forma insuportável. Colei o adesivo que me dava a autorização para entrar no quarto. Quando entrei me deparei com Vero e Lucy ao lado da cama de Lauren, uma em cada lado, Lu chorava baixinho e sussurrava algo para Laur, enquanto Veronica segurava o choro.

- Mila... — Vero sorri de canto e eu suspiro cansada, indo cumprimentar as duas.

- Como vocês estão? — Questiono abraçando uma de cada vez de uma forma demorada.

- Vero está muito melhor e eu estou apreensiva, não vejo a hora de Lauren sair dessa cama! — Seus olhos ficam marejados, porém ela não deixa de sorrir, meu sorriso morre — O que? Disse algo de errado?

- Lauren... pode ficar em coma por um bom tempo... — Franzo o cenho e respiro fundo para não voltar a chorar.

- Mas essas chances são pequenas, não são?! — Veronica questiona deixando transparecer o seu pavor.

- Não sei te dizer, para ser bem sincera! — Mordo o meu lábio inferior e suspiro parando ao lado de Lucy, segurando a mão da minha namorada e com a mão livre acariciando os seus cabelos — Mas torcemos para que sim, só rezem... ou mentalizem pensamentos positivos para que ela saia logo dessa e volte a ser a mandona de sempre... — Rio pelo nariz, tentando mentalizar que tudo iria ficar bem e que esse não era o fim de Lauren.

Veronica, Lucy, Normani e Dinah acabaram se tornando uma família para mim, era impossível não se acostumar e passar a gostar daquelas pessoas, claro que o passado delas assustava qualquer um, porém qualquer pessoa poderia ver que nunca foi exatamente o que elas queriam fazer, mas foi algo necessário. Todas tinham um bom coração, eram boas pessoas, que agora tentavam se redimir da forma que conseguiam.

Então nós ficamos lá, mas logo pediram para que as duas se retirarem já que o médico iria começar a fazer os exames de rotina para checar se tudo estava certo com Lauren e se haviam quaisquer chances de uma recuperação.

Antes da janta Dinah chegou, ficou no quarto enquanto eu fui comer rapidamente alguma coisa na lanchonete do hospital. Não demorei muito, DJ estava esparramada no sofá enquanto assistia futebol americano na televisão, puxei a poltrona para perto da cama de Lauren novamente e me sentei ali, sempre observando o amor da minha vida, que definitivamente era melhor que qualquer programa de televisão.

As horas pareciam passar lentamente, diferente de quanto eu estava na companhia de Lauren e ela estava consciente... nesses momentos as horas pareciam passar voando. Mas eu não me importava nem um pouco, não me importaria de ficar o tempo todo do lado de Lauren, observando seu sono profundo e pedindo aos céus que ela saísse dessa sem quaisquer sequelas.

(...)

Eu já havia levantado várias vezes, não conseguia dormir dessa vez. Já havia lido meu livro ao lado do abajur, mexi no celular, andei pelo quarto e sai por alguns instantes no corredor. Fiquei menos inquieta quando voltei a me sentar na poltrona e deitar e cabeça na cama aonde Lauren estava, como uma forma de matar a saudade do contato do seu corpo no meu, coloquei sua mão no meu rosto e fechei os olhos, esperando sentir seu carinho gostoso.

Mas isso não aconteceu.

- Eu já volto, amor... — Me levanto da poltrona após alguns minutos.

O quarto estava um breu só, a única coisa que trazia luz era a máquina que monitorava os batimentos cardíacos de Lauren e dava as informações necessárias. Acendi o meu celular só para checar a hora, três e quinze da madrugada. Por ser a terceira noite lá eu já conhecia bem a localização dos móveis, por isso fui sem quaisquer dificuldades ao pequeno banheiro que tinha no cômodo.

Fechei a porta e respirei fundo, fechei a tampa da privada e me sentei ali... um tanto quanto enjoada. Após a ânsia passar me levantei e andei até a pequena pia, lavei as mãos e encarei o meu reflexo no espelho, estava prestes a lavar o rosto para que aquela sensação estranha passasse e não voltasse por um tempo.

Foi então que assim que eu levei a mão até a torneira escutei gemidos abafados, doloridos e angustiados, seguido de um barulho baixo de algumas pequenas coisas caindo no chão. O medo de estarem machucando Lauren mais uma vez me consumiu, abri a porta do banheiro com um desespero enorme e não consigo deixar de arregalar os olhos, surpresa com o que eu via.

Lauren esticava o braço, tentando segurar no objeto que segurava o seu soro, apenas para se levantar. Ela já havia retirado tudo que antes estava injetado em sua veia, assim como tudo que monitorava seus batimentos e seu estado, fora a máscara de oxigênio que auxiliava na melhora da sua respiração.

Corro apavorada em sua direção, a encosto novamente na cama, suas mãos moles e fracas vão para os meus braços, tentando se proteger de alguma forma, porém não existia a força que ela sempre possuiu. Foi então que nossos olhares se encontraram e Lauren parou de lutar contra. Castanho no verde. Verde no castanho. O ponto de paz de ambos os lados. Foi como se tudo fizesse sentido de novo e a vida voltasse a ter cor.

- Camila? — Sussurra confusa — O que... pegaram... te tirar daqui... — Pisca lentamente.

- Não meu amor, está tudo bem! — Coloco a máscara de oxigênio no seu rosto — Estou bem, estamos no hospital... estão cuidando de você, tudo vai ficar bem... — Sorrio largo em meio a lágrimas de alegrias.

- Te proteger... — Sussurra em um fio de voz.

- Shh... não precisa se preocupar, eu estou bem... se você estiver bem eu estou ótima! Descanse, por favor! — Acaricio os seus cabelos e seu rosto, com todo o cuidado do mundo.

Seus lindos olhos verdes estavam escuros, tempestuosos e confusos, tentando entender o que acontecia. Mas aos poucos foram relaxando, deixaram de ficar tão escuros passando a brilhar daquela forma intensa de sempre. Lauren me analisava com aquelas duas lindas esmeraldas que chama de olhos, então eles começaram a ficar marejados.

- Camz? — Sua voz soa rouca e abafada, Lauren tira a máscara de oxigênio mais uma vez — Eu amo você. — As lágrimas escorrem livremente pelo o meu rosto e eu não consigo conter um sorriso emocionado.

- Eu também te amo, Lolo... — Beijo sua testa por um tempo, coloco a sua máscara novamente para que não houvessem mais problemas.

Estico o braço, pegando o controle que chamava a enfermeira... prontamente aperto o botão, respirando aliviada por chamar alguém, para finalmente dar uma boa notícia.