𝗛𝗶𝘁 𝘁𝗵𝗲 𝗿𝗼𝗮𝗱

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MINHA MÃE AINDA GRITAVA e agora minha cabeça está doendo. Viro para o outro lado da cama e mesmo assim não resolve. Me sentei na cama e encarei a lua novamente, eu realmente não tenho mais esperanças. Olhei meu reflexo no espelho e vi uma mulher magra com olheiras profundas, eu não me reconheço mais. Passei minhas mãos pelo meu rosto e me levantei para buscar um remédio.

Minha mãe nunca da descanso para si mesma, todos os dias ela se embriaga para poder tirar a dor de seu peito, mas eu sei que não resolve. Tento entender o lado dela, mas eu não consigo. Sinto meus ossos fracos e minha fé ir embora. Olhando agora para a mulher que um dia foi minha inspiração eu tenho pena.

── O que você está olhando?! ─ Perguntou, se aproximando de mim.

── Estou olhado para sua desgraça. - Respondi, tentando soar fria.

Ela me olhou e ficou vermelha. Rapidamente fui até a cozinha e peguei o remédio e como esperado ela veio atrás de mim.

── Eu sou sua mãe, então me respeite, pirralha! ─ Gritava fazendo minha cabeça latejar mais.

Respirei fundo.

── Minha mãe? ─Ri com deboche. ── Mãe é uma mulher que ama, que cuida. Você me ama? Você cuida de mim? Para mim você não é minha mãe! ─ Ela olhou para mim com lágrimas nos olhos. ── Você diz as palavras cruéis, e sim, elas partem meu coração, porque estou aqui me esforçando pra caralho. 

Minha mãe agora chorava. Talvez não seja a escolha certa, mas eu quero sair daqui o quanto antes.

── Eu, eu vou sair dessa merda, não aguento mais ver sua cara e ouvir suas palavras. - Disse decidida.

Maria Antonieta me olhou e riu.

── Caia na estrada, Kourteny, e não volte nunca mais. ─Disse séria.

Eu não me arrependo, cairei na estrada.

[...]

Ela gritou e me bateu, mas nada tirou da minha cabeça que iria sair dali. Tenho vinte e três anos, já sou uma adulta, porque me prendo ao meu passado? Passei minhas mãos pelo meu cabelo loiro. Minhas mãos estão tremendo e eu sinto aquela sensação voltar. Trouxe apenas uma mochila e meu all star.

Parei um pouco e respirei fundo. Para onde eu vou? Me sentei na calçada e julgo que agora seja cinco da manhã. Oh, céus, mande salvação. Tento pensar em algo se não virarei uma morada de rua. Peguei meu cigarro no meu bolso e agora o que me esquenta é meu cardigã preto, estou parecendo o Kurt.

Dei uma tragada longa e voltei caminhar sem rumo. Penso em qualquer coisa para manter minha ansiedade longe, mas como sempre não consigo. Willian! Willian é melhor amigo da minha mãe e ele mora por aqui, talvez me deixe ficar lá até conseguir um emprego e comprar uma casa ou um apartamento. Joguei o cigarro em qualquer lugar e dei um sorriso curto.

[...]

Bati na porta pois as luzes da mansão estão acessadas. Olhei mais e é realmente bonito. Fico feliz por Willian ter conseguido tudo isso. Ele e minha mãe é amigos, ou eram, eu não sei. Depois que meu pai foi embora ele foi bastante presente, mas se afastou porque segundo ele não conseguia ver sua amiga naquela situação. Não  demorou muito para Willian me atender.

── Kourteny! ─ O ruivo me puxou para um abraço acolhedor.

Retribui com a mesma intensidade. Ele me olhou e deu um sorriso triste.

── Willian, eu estou cansada, posso dormir em sua casa esta noite? Eu vou ficar quieta, seria apenas para dormir à noite. ─ Disse, e ele me abraçou novamente. Me abraçou como ninguém nunca me abraçou.

── Claro, Sra. Fahrenheit. ─ Willian me chama assim, porque quando pequena amava cantar "Don't stop me now" e queimava pelo céu, duzentos graus, assim como o Freddie.

── Obrigado. ─ Agradeci, com um sorriso.

── De nada e me chame de Axl, por favor.

── Oh, claro, eu ainda não me acostumei.

Axl fechou a porta e me levou até a sala onde tinha quatro homens com bebidas em suas mãos. É o famoso Guns N' Roses.

── Povo, essa é minha sobrinha, ela vai ficar aqui por algumas noites. ─ Me abraçou de lado. ── Ela se chama Kourteny, por favor, classe.

 ࣪ 𖤐˚. 𝐏𝐑𝐀𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐌𝐄, 𝗦𝗹𝗮𝘀𝗵Onde histórias criam vida. Descubra agora