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BATERAM NA PORTA DO QUARTO me assustando, me virei na cama para dar a desculpa que estava dormindo. Mesmo ignorando ainda continuava a bater, me levantei estressada. Abri a porta e era Izzy. Ele quase nunca falava comigo, então acho que é algo importante.
── Oi. ─ Me cumprimentou tímido.
── Oi, Izzy.
Ele me olhava com um olhar diferente e isso me deixou incomodada.
── Quer alguma coisa? ─ Quebrei o silencio.
── Quero conversar com você.
Mandei o homem entrar e nos sentamos na minha cama. Ele parecia nervoso, e isso me deixa nervosa também. Esperei suas palavras sair de sua boca, mas eu queria que não tivesse saido.
── Eu gosto de você, e não é no sentido de amizade.
Mordi meus lábios tentando não mostrar qualquer coisa. Eu não gosto dele no outro sentindo, vejo ele como um primo, aqueles favoritos.
── Você gosta mesmo? ─ Perguntei.
── Sim. ─ Seus olhos encarava meus pecados e meus pensamentos.
O beijei. Preciso de algo para aliviar toda minha dor. Seus lábios são macios, mas não me completam. Seu toque em meu rosto parece me arranhar, mas eu o beijava e por um momento imaginei Saul ali. O que estou fazendo comigo? Paramos o beijo e Izzy me abraçou.
── Não precisava, eu sei que você não sente o mesmo. ─ Izzy disse e saiu do meu quarto.
Eu pensei no que eu tinha feito, eu não fiz coisa certa. Me deitei na cama e abafei meu grito com o travesseiro. Fechei meus olhos e espero que isso seja apenas um sonho, um pesadelo.
[...]
── ACORDA, KOURTNEYZINHA! ── Gritaram no meu ouvido me fazendo acordar assustada.
Era Axl.
── Puta que pariu! ─ Xinguei, passando minhas mãos pelo meu rosto.
O ruivo riu de mim e sem permissão deitou no meu colo.
── Vamos jogar sinuca? Não adianta dizer que você não sabe, porque você ganhava de todos.
Revirei meus olhos.
── Tá. ─ Respondi.
Apenas tomei um banho e coloquei uma calça moletom e um moletom. Desci as escadas e ouvi os gritos de Willian, ri sozinha. Antes de eu entrar na sala de jogos alguém me puxou, era Saul.
── Eu te vi beijando o Izzy, viu? ─ Estava nervoso.
Ri.
── E eu ti vi beijando uma vadia loira. ── Respondi ficando com raiva.
── Claro, ela é minha namorada.
Eu o encarei e não sabia o que fazer. Ele tem uma namorada e mesmo assim me beijava e transava com outras?
── Eu fui idiota por gostar de você?
── Kourtney...
── Você não é mais a minha preocupação. ─ Disse antes de entrar na sala.
── A melhor chegou! ─ Axl apenas gritava.
Ria, mas chorava por dentro. Esperei minha vez e foi logo com quem eu não queria, Slash. Ele ganhou de primeira.
── Todo mundo vai respeitar o assassino, mas aquele que está na frente da arma vive para sempre. ─ E joguei três bolinhas de uma vez no cestinho.
── O LACRE! ─ Steven gritou vindo me abraçar.
── FALEI, MINHA SOBRINHA É FODA, CARALHO!
[...]
Me sentei na cadeira de Tommy, já que ele foi comprar nosso almoço. Uma moça bonita entrou na loja e logo fui ver se precisava de ajuda, ela disse que não, que só pegaria alguns discos. Voltei para meu lugar e encarei a entrada, a qualquer momento ele podia entrar ali.
── Moça? ─ A mulher estralou seus dedos na minha cara.
── Ah, oi.
Ela me entregou os Cds, tinha comprado The Beatles, Rolling Stones e Queen. Sua conta deu 28 reais.
── Ótimas escolhas. ─ Entreguei a sacola e ela saiu.
Respirei fundo de novo pensando no meu pai. Tommy entrou feliz me entregando a marmita. Comi tudo, mas nada afasta os pensamentos sobre meu pai.
── No que tanto pensa? - Tommy perguntou.
── Contas para pagar. ─ Não gosto de falar sobre meu pai.
Voltei a tirar pó dos discos e até que esqueci um pouco sobre ele. O homem entrou pela porta e meu coração acelerou. Mesmo nervosa fiquei em sua frente. O cacheado abriu os braços e eu o abracei, mas não estava esperando um abraço tão frio e vazio.
── Quero que me explique tudo. - Falei saindo de seus braços magros.
David me levou para a entrada da loja.
── Pode começar.
Aquela saudade evaporou.
── Eu arrumei outra mulher, ela me fazia mais feliz que sua mãe. Eu falei para sua mãe que não gostava mais dela, mas ela uma louca obcecada me bateu e surtou, eu fui embora.
Eu ri.
── É, agora ela está morta por sua causa. ─ Arranhei discretamente meu braço.
── Meu Deus. ─ Ele parecia triste agora.
David pegou um envelope e me entregou, abri e era dinheiro.
── Eu não quero seu dinheiro como desculpa. ─ O devolvi.
── Mas é assim que eu consigo.
── Você está me dando nos nervos. ─ Disse me aproximando mais. ─ Eu nunca pensei que era assim!
Eu perdi minha cabeça e não me importo.
── Você estragou tudo! Meus sonhos, minha infância, minha mãe, tudo. Você é ridículo, me dá nojo! Eu não tenho mais medo, o que te faz ter certeza de que você é tudo que eu preciso?!
── Esqueça isso. ─ Pediu.
── Quando você saiu pela porta me deixou despedaçada, você me ensinou a viver sem isso.
Eu o empurrei e sai correndo, mas antes disse o que eu queria.
── PEGA SEU DINHEIRO E VAI PRA PUTA QUE PARIU!
Eu estou destruída.