❦
A NOITE VEIO JUNTO com a melancolia. Todos estavam quietos em volta da piscina. Eu os olhava de longe segurando um copo d'água, prestava atenção principalmente em Axl, agora sinto que tenho que o consolar, parece estar tão triste. Estava tão atenta a janela que não vi Slash ao meu lado. Ele respirava fundo encarando meu reflexo, agora prestando atenção seus cachos lembram os do meu pai. Eu deveria ter raiva do homem que me abandonou, mas eu só consigo pensar minha vida com ele.
── O que está pensando? ─ Perguntou.
── Nada que seja do seu interesse.
Ele riu.
── Você é difícil, né?
── Não é que eu sou difícil, Saul. Eu só não gosto de afeto.
── Talvez porque sua mãe não demonstrava? Ou seu papai te abandonou? ─ Debochou dos meus pontos fraco.
── Caralho, isso me ofende tanto. ─ Forcei uma cara triste. ── Não, Slash, é porque não estou na sua.
Ele ficou em silencio e eu me virei para colocar o copo na pia, mas Slash foi mais rápido e me puxou chocando nossos corpos. Seus lábios ficaram perto dos meus, mas não arrisquei olhar. Já o cacheado encarava descaradamente.
── Me solta. ─ Pedi calma.
Slash levou sua mão livre para meu rosto, seu carinho era bom e reconfortante, mas ele só quer me comer. Me aproximei mais de seus lábios e me joguei para trás, já que essa aproximação o deixou meio tonto. Ele deu um sorriso e eu sai para fora, não quero mais ver Saul depois disso.
── Senta aqui, loirinha! ─ Steven apontou para o seu lado.
Fui e me sentei encarando aquela escuridão, Axl não reparou em mim. Já é tarde, eu deveria dormi para procurar emprego amanha, mas eu não consigo sentir sono. Deveria procurar um calmante, mas não sei se seria certo.
── Vamos, Kourteny, já está tarde. ─ Axl disse.
Eu não sou uma criança, mas fui. Me deitei em minha cama e Willian se sentou do meu lado.
── Desculpe por não ter te consolado.
── Não se desculpe, Axl. ─Lembrei das palavras de Slash. ── Ninguem precisa ser forte o tempo todo.
O ruivo deu um sorriso. Axl apagou a luz deixando apenas o abajur, antes de sair se virou para mim.
── Antes eu queria falar que vi o que Slash fez.
── Não foi nada. ─Revirei meus olhos. ── Ele tá chato, fica insistindo.
O ruivo riu e eu me cobri com a coberta azul.
── Ele tá boiola por você.
── Tá bom, eu finjo que acredito que ele só não quer me comer.
── Menina! ─ Axl riu.
── Boa noite, tio. ─ Disse, com um sorriso.
── Boa noite, sobrinha.
Quando o ruivo fechou a porta uma lagrima escorreu pela minha bochecha, não sei porque choro, mas meu coração clama por alguma coisa feliz.
(...)
Não estou com sono, então fui em busca do calmante. Desci as escadas com minhas meias sujas e me direcionei para a cozinha, estava tudo escuro e não vi que tinha alguém ali também.
── Me desculpe! ─ Disse, tentando enxergar.
── Nada não. ─ Ah, é Slash.
Acendi a luz e ele estava tomando cerveja, parecia chapado. Tipo muito chapado. Peguei o calmante e engoli com água. Me virei para ver o cacheado e ele estava me encarando de uma forma estranha. Saul se aproximou de mim. Ah, droga.
── Você me deixa louco e quando estou olhando para seus grandes olhos ora verdes, ora azuis eu começo a flutuar no paraíso. O céu deve ter te enviado para baixo para você me dar uma emoção. Toda vez que você me toca meu coração acelera como um trem numa pista
O olhei e me sentei no balcão no meio da cozinha. Slash estava fora de si, ou não. Eu o acho bonito, legal e audacioso, mas eu não consigo querer ele.
── Pare de falar besteiras. Vamos subir, amanhã vocês tem entrevista. ── Disse, e ele revirou os olhos.
Slash me seguiu, antes de entrar no meu quarto o encarei. Seus lábios abriram e se fecharam rapidamente.
── Diga. ─ O encorajei.
── Você é bonita.
Ai meu Deus, as noites foram feitas para dizerem coisas que não temos coragem de dizer no dia seguinte.
── Boa noite, Saul.
── Boa noite.
E entrei no meu quarto, me joguei na cama e logo o calmamente fez efeito. Flutuando sobre minha vibração discreta.
