𝗜 𝗱𝗼𝗻'𝘁 𝘄𝗮𝗻𝗻𝗮 𝗹𝗶𝘃𝗲 𝗳𝗼𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿

1K 105 52
                                    

ACORDEI COM O SOL NA minha cara, virei meu rosto e dei de cara com uma moita preta cacheada. Fechei e abri meus olhos para saber se realmente tinha visto, mas soube que era real pois era macio e me deixava mais confortável. Minha cabeça está doendo, estou numa ressaca triste. Peraí, é Saul? Sim, o próprio. Meu senhor, será que fizemos alguma coisa? Olhei para meu corpo e estava vestida. Suspirei aliviada.

Fechei meus olhos novamente pronta para dormi e ignorar minha dor de cabeça e Saul deitado em meus peitos, mas lembrei do meu trabalho. Coloquei Saul para o lado - com muita dificuldade - e me levantei rápido me fazendo ficar tonta. Me olhei no espelho e estava com uma blusa larga que não parecia minha e a meia calça. Meus pés dói, parece que dancei a noite toda. É, eu dancei. Não lembro de muita coisa, mas lembro que Bon Jovi me chamou de princesa.

Escovei meus dentes e desci para tomar uma café. Como previsto ninguém estava lá. Eu estou acabada, não iria conseguir ir para meu trabalho, acho que não seria pecado ligar para Tommy. Disquei seu número e o esperei atender.

- Loja discos Tommy, como posso ajudar?

- Oi, Tommy, sou eu, Kourtney.

- Ah, oi, filha.

- Tommy hoje não estou bem, tem algum problema eu não ir?

- Oh, querida, sem nenhum problema, hoje é segunda.

Agradeci e voltei a fazer o café. Tento lembrar da noite anterior, mas não consigo. Quero saber como Saul foi parar no meu quarto.

- Eu pensei que você poderia ser minha em um pequeno mundo, em uma noite de terça excepcionalmente chuvosa no lugar e na hora certa. - Slash me assustou.

Me virei para o homem e o analisei, ainda estava com a roupa.

- Eu tenho a impressão de que eu posso ter acendido o fusível que você estava tentando não acender. 

Ri me virando novamente para fazer as torradas. Slash me abraçou por trás.

- Também está com dor de cabeça? - Perguntei.

- Eu estava, mas de madrugada vim tomar um remédio. Não dormimos cedo já que você estava vomitando e eu estava segurando seu cabelo.

Meu Deus, que vergonha.

- Obrigado. - Agradeci rindo.

Saul se sentou no banco e eu o servi com café e leite em pó.

- Seu café é muito bom.

- É o mesmo. - Sorri sem graça.

Enquanto a gente devorava os pães a gente se encarava. Agora eu o vejo de uma forma diferente. Minha consciência pesou, mesmo de ressaca eu vou sim trabalhar. Me levantei e lavei a louça.

- Vou me trocar. - Avisei saindo sem ouvir a resposta de Saul.

Não quero decepcionar Tommy.

[...]

Estava tirando pó dos discos e dos livros de biografia de alguns cantores quando me lembrei do número do meu pai. Olhei para o telefone de Tommy e peguei o papel rosa. Tem que ser agora.

- Tommy, posso fazer uma ligação? - Perguntei.

- Claro.

Disquei o número com minhas mãos trêmulas.

- Alô? - Aquela voz é familiar. Claro, é meu pai.

- Oi, eu falo com David? - Perguntei receosa.

- Ele mesmo, como posso ajudar.

Meu coração acelerou e lágrimas começaram a surgir.

- Pai, sou eu. - Disse quase em um susurrou.

- Filha?

Ficamos em silêncio, um silêncio confortável (?)

- Onde você está, meu bem? Te procurei tanto.

- No mesmo lugar, pai.

Sempre estive aqui. Ele nunca me procurou. Saber que estava mentindo para mim me fez ficar chateada.

- Temos que nos ver, né?

- Sim.

Encarava uma mulher que pegava uma xícara dos Beatles.

- Eu estou morando na casa do Willian. - Disse, mas não estou tão ansiosa. - Trabalho em uma loja de CDS e discos.

- Eu sei, filha.

E desligou. Encarei o telefone e tentei ligar os pontos, aquele homem era meu pai? É, eu acho que é. Me levantei e terminei o que estava fazendo. As horas passaram devagar e de vez em quando ia para o banheiro chorar, pois me sentia uma idiota por acreditar em uma mentira que eu mesma inventei.

- Kourtney, está tudo bem? - Tommy perguntou batendo na porta do banheiro.

- Sim, senhor. - Sequei minhas lágrimas e sai do banheiro.

Peguei minha bolsa e me despedi de Tommy. Eu ainda penso em meu pai. Cheguei em casa e suspirei cansada. Eu apenas queria chegar em casa e dormi, mas acabei dando de cara com Saul tirando a roupa de uma mulher. Trouxa é aquela que acredita que tudo está bem. Subi as escadas tentando não chorar, mas eu sou fraca. Eu não quero viver para sempre.

 ࣪ 𖤐˚. 𝐏𝐑𝐀𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐌𝐄, 𝗦𝗹𝗮𝘀𝗵Onde histórias criam vida. Descubra agora