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OUTRO DIA COMEÇA E cada vez mais me sinto pior, mas não posso deixar que isso aconteça, ainda tenho que ir para casa da minha mãe pegar mais roupas e arrumar a casa, pensei em vender ou voltar a morar lá, mas eu não consigo. Tirei a coberta de cima de mim e me levantei decidida em procurar um trabalho também. Eu já sou grande, tenho que amadurecer. Como sempre vejo meu reflexo, estou sozinha.
Fui ao banheiro e fiz o que tinha que fazer. Coloquei uma calça jeans, uma regata branca, meus anéis, colares e por cima um casaco marrom, ou beje, não sei. Para terminar uma bota. Nada mal, mas meus pulsos magros me dão desânimo. Ouço o agudo de Axl e começo a rir involuntariamente, é tão bom que chega a ser engraçado. Desci as escadas sem pressa, fiz torradas e tomei café com leite em pó.
Depois de escovar meus dentes fui falar com os meninos que sairia a procura de um emprego sem currículo. Ainda ouço os agudos de Willian. Agora se eu não me engano estavam ensaiando Paradise City, minha favorita depois de Don't Cry. Deixei eles terminaram para avisar.
── É... eu vou sair para procurar trabalho e depois irei na casa da minha mãe. ─ Axl me olhou confuso.
── Oxi, pra que um trabalho? ─ O ruivo perguntou, com deboche.
── Para viver. ─ Disse, e sai dali o mais rápido para não discutir com Axl.
Abri a porta recebendo o vento gelado, olho ao redor tomando coragem. Tentarei em bibliotecas, lanchonetes e lojas de discos. Talvez também tente na farmácia.
(...)
── Te ligaremos se for aceita. ─ Era o que diziam sempre.
Sai da farmácia já desanimada, mas avistei uma loja de discos. Por favor, céus! Caminhei até lá com preguiça. Para minha sorte estava escrito na entrada "Precisa de funcionários.". Entro observando os grandes discos. Os que vi primeiramente foi do Nirvana, Elvis Presley, Queen, Amy Winehouse, AC/DC, Guns N' Roses e muito mais. Também vi que vendiam roupas e xícaras personalizadas. No fundo tocava uma música da Abba.
── Como posso ajudar? ─ Um senhor ficou em minha frente enquanto encarava os olhos de Saul no CD.
── Eu li que está procurando funcionários.
── Sim, e você veio para falar comigo? ─ Ele perguntou, e eu concordei com a cabeça.
── Você é a primeira e a ultima. - Disse indo para a entrada tirar o cartaz.
Ai meu Deus!
── Vamos conversar, querida.
O segui até a trás do balcão e me sentei em um banco não muito confortável. Eu estou feliz, foi muito rápido.
── Qual é seu nome? ─ Perguntou.
── Kourtney. ─ Respondi com um sorriso. ── E o do senhor?
── Que nome bonito e marcante! O meu é Thomas, então não me chame de "senhor" apenas de Tommy.
── Como quiser, Tommy.
── Vi que é francesa.
── Descendência, e minha mãe me ensinou para conversar com meus avos.
Tommy sorrio.
── Sabe, Kourtney, a morte está chegando e meus filhos não gostam de trabalhar, preferem ficar indo a bares.─ Deu uma risada. ── Eu apenas quero que alguém me ajude, e espero confiar em você.
Tommy tinha cabelo grisalho, seu sorriso não tinha muitos dentes, mas era fofo. Ele parecia ser uma pessoa muito legal.
── Claro, senhor. ─ Lembrei. ──Tommy.
── Bom, você começará amanhã as oito horas e sairá cinco horas da tarde. Amanhã é sábado então é bem agitado. Amanhã a gente resolve seu salário.
── Obrigado, Tommy. Até amanha. ── Dei um abraço no mais velho e sai feliz.
Para a sorte do maconheiro a loja era bem perto da casa dos meninos, então cheguei rápido. Abri a porta sentindo a nicotina no ar. O som estava alto e vi algumas garrafas no chão. Olhei para sala e la estava os meninos com um monte de vadias. Que saco! Subi as escadas com os corpos das mulheres em minha mente, como conseguem? Me deito na minha cama e respiro fundo. Serei um nova mulher a partir de agora, serei responsável, ao menos tentarei. Pensando agora esqueci de ir na casa da minha mãe, talvez eu vá mais tarde.